segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Base do Edifício

A Base do Edifício
Antônio Túlio / (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB)  Abril 1956

            Todo o edifício do Espiritismo e das religiões é assentado sobre uma base única, sem a qual tudo se esboroa: é a demonstração da sobrevivência da alma humana.
           
            A imensa maioria da Humanidade não aceita essa base e por isto mesmo vive em pleno materialismo. Essa multidão de descrentes, por vezes com um rótulo religioso tradicional, não se dá ao trabalho de estudar o assunto, porque supõe saber de antemão que nada existe depois da morte e que toda crença religiosa é mera superstição.

            A Codificação demonstra que essa suposição é completamente falsa, mas não é lida nem estudada por essa grande maioria da Humanidade.

            Faz-nos recordar a conclusão de uma comissão de “sábios” nomeada, há alguns séculos, para emitir parecer sobre a queda de um aerólito.

            Não se deram ao trabalho de estudar a pedra que se dizia caída do céu, porque aqueles "sábios" sabiam com ciência plena que não era possível a coisa, e que, portanto, tais boatos eram pura mentira. Emitiram o seguinte parecer: "Não é possível haver caído uma pedra do céu, porque no céu não há pedras". Nada tinham de sábios aqueles senhores da Sorbonne, porque eram governados pelos seus preconceitos.

            É grande o número de "sábios" de hoje que não descem de sua dignidade para estudar o Espiritismo, porque já sabem, de antemão, que tudo é mentira, fraude, observação imperfeita, superstição.

            Apesar de toda essa pirâmide imensa de preconceitos, a Codificação vai crescendo sempre e tornando-se outra pirâmide invencível. Depois de Kardec vieram Léon Denis, Gabriel Delanne, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano e mil outros e continuaram os estudos nas mesmas linhas traçadas pelo Codificador. Observaram a repetição dos mesmos fenômenos, reuniram e catalogaram os fatos, e confirmaram a obra kardequiana. Essa literatura vai crescendo a despeito da indiferença dos "sábios"; vai reunindo novos documentos aos velhos e não se importa com a indiferença dos rotineiros, sejam eles populares analfabetos ou tragam nomes aureolados pelas Academias.

 Gabriel Delanne
            
Não nos preocupemos com a opinião dos ignorantes. Ignorantes são todos que não estudaram um assunto e sobre ele se pronunciam.

            Que importa sejam sábios em outros domínios se nesse são analfabetos?

            Um homem pode saber muito umas coisas e ignorar totalmente outras.

Ismael Gomes Braga

          
Léon Denis
  
                 
Conhecemos gramáticos eruditíssimos em português, linguistas notáveis, que nada sabem de Esperanto. Qualquer aluno de Esperanto que haja vencido um curso elementar, mesmo que seja um operário inculto, poderia ensinar a tais sábios os elementos de Esperanto. Igualmente em Espiritismo qualquer espírita, ainda que muito modesto, pode saber mais do que tantos professores de universidade que nunca estudaram a Codificação Kardequiana.

            Até quando permanecerá essa indiferença pelo assunto mais importante da vida? Impossível prever o tempo, mas é fora de dúvida que os fatos terão de vencer porque eles se repetirão sempre por toda a eternidade.

            Os Espíritos prepostos à obra de espiritualização da Humanidade agem com prudência e paciência, respeitando religiosamente o livre arbítrio dos humanos; limitam-se a fazer encarnar médiuns em meios e momentos oportunos, para despertar certo número de pessoas; aproveitam a dor como elemento de indagação para encaminhar o homem a pensar no mistério da vida e da morte.

            Nós, os pregadores de Espiritismo, pouco podemos fazer para essas massas que não nos ouvem. Temos igualmente que esperar quando quiserem elas nos dar ouvidos; mas não esperamos na ociosidade, de braços cruzados, não; temos duas tarefas a realizar: por um lado vamos esforçando-nos por melhorar o indivíduo e o meio social; por outro lado vamos colecionando e divulgando a documentação básica do Espiritismo.

            Quanto mais livros publicarmos tanto melhor. Nos livros vão ficando registrados os documentos que, partindo de diversos pontos, conduzem sempre à base única - sobrevivência para daí irradiar luz e obras. Toda uma imensa biblioteca vai-se preparando para aguardar os estudiosos do porvir e para ir servindo desde já aos poucos do presente. A indiferença é chocante: preciosas coleções de documentos permanecem paralisadas em nossas editoras; mas não podemos parar. Continuaremos sempre até que se processe a grande transformação na mentalidade humana.

            Presentemente os problemas econômicos e sociais absorvem todas as inteligências e energias, reclamando de cada um solução urgente de interesse vital, e as cogitações maiores sobre a vida e a morte se acham ao abandono; mas esta situação é passageira porque a solução dos problemas econômicos, puramente materiais, traz em si mesma o desencantamento, o anseio por algo maior que nos livre do medo do porvir, da perda de todos os bens que nos parecem constituir a felicidade. Uma vez satisfeita a fome do corpo, surge a sede do espírito.

            A Codificação está crescendo dia a dia:  Kardec traçou as linhas do edifício e deixou aos fatos futuros  confirmarem sempre sua obra. Seria um funesto engano pensarmos que Codificação é apenas a obra terminada em 31 de Março de 1869. Não;  tudo que vem surgindo depois, são outras tantas pedras que vão levantando a pirâmide infinita da Codificação, são novas pedras angulares do edifício kardequiano: não tiram nada e acrescentam muito ao edifício.


            Dessa base única é que surgem a Compreensão da vida e o Código moral. 



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