quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O Duplo dos Vivos


O Duplo dos Vivos
Reformador (FEB) Julho 1955

(Artigo extraido do Boletim trimestral da
"Fédération Spirite Internationale" de Julho de 1954;
foi escrito por Mr. Horace Leaf,
espírita distinto e editor do Boletim acima citado.)

            Há alguns anos, o Strand Magazine publicou uma fotografia, tomada por um sábio alemão, da aparição de um homem de pé, atrás de um grupo de iogues mergulhados em silenciosa meditação. Era a fotografia de um homem vivo, iogue também, mas residente a alguns quilômetros dali.

            Os espíritas ou psiquistas iniciados não foram surpreendidos por essa imagem, pois uma de suas crenças mais comuns é a de que o homem, a mulher ou, mesmo, uma criança possuem um corpo etéreo, duplo de seu corpo físico. Nada há de novo nesta crença. Reportando-nos, pois, às práticas religiosas das raças primitivas, deduz-se que esta ideia é, ao certo, tão antiga quanto a Humanidade.

            Existem numerosos testemunhos deste fenômeno da separação do duplo, na religião cristã, e a Igreja aceitou esta crença sob o nome de “bilocação”. Conta-se que numerosos santos experimentaram e praticaram esta faculdade, dentre os quais podem citar S. Severo de Ravena, Santo Ambrósio e Santo Antônio de Pádua. Conta-se que este último deixou realmente o púlpito de S. Pedro de Queyroix, onde estava a pregar, e seu corpo etéreo apareceu e falou perante uma assembleia de monges em um convento do outro extremo da cidade.

            Conta-se, também, que, lembrando-se de que devia assistir a um serviço divino neste mosteiro, justamente no momento em que se encontrava no púlpito da igreja, ajoelhou-se deliberadamente perante os fiéis, puxou o capuz para a fronte, e assim ficou durante alguns minutos, no decurso dos quais os fiéis esperaram com todo o respeito. Comparecendo perante os monges e tendo assim cumprido sua promessa, tomou novamente seu corpo físico e reencetou sua pregação na igreja.

            Não é necessário multiplicar as citações, visto que possuímos numerosos exemplos contemporâneos, autenticados por testemunhos certos. Talvez não seja fora de propósito citar um caso pessoal sobre este assunto tão raramente tratado. Pessoalmente, estou consciente de ter deixado meu corpo físico e, assim fazendo, ele se pôs a falar-me. Aquele esforço fez que eu tornasse a tomar meu corpo; mas ouvi-o claramente pronunciar as palavras por ele formuladas. Em minhas viagens pelo mundo, tenho ficado admirado do grande número de pessoas, algumas das quais sem nenhum conhecimento do Espiritismo e nem das pesquisas psíquicas, que me têm declarado haverem feito tal experiência.

            A prova experimental completa desta forma de Psiquismo é rara; mas, há mais ou menos 70 anos, certo número de homens altamente qualificados chegaram a ponto de dar um testemunho positivo deste fenômeno supranormal.

            O primeiro que o testemunhou foi o Coronel Eugênio de Rochas. Seu método consistiu em magnetizar a pessoa, obtendo, por meio da sugestão e de ordens, a separação do "duplo". Revelam algumas das suas fotografias uma separação completa. A forma etérea era, na maior parte do tempo, vaporosa, mas completamente idêntica à forma humana. Descobriu De Rochas, além de tudo, certo número de traços interessantes concernentes a esta forma vaporosa, demonstrando que ela corresponde ao controle mental do indivíduo a que ela pertence. Ela pode, por exemplo, diluir-se ao atravessar corpos sólidos e, o que é igualmente característico, torna-se a sede das sensações, fato muito significativo, dado que toda sensação parte do domínio mental.

            O Dr. Durville, que vem, em seguida, como experimentador, utilizou-se também de diversos indivíduos; ele conseguiu, com êxito, obter a separação do duplo por meio de passes magnéticos. "O "duplo", disse ele, tem o aspecto do médium, torna-se mais ou menos luminoso e acha-se ligado ao corpo do médium por um tênue fio que parte do umbigo."

            Nestas experiências, igualmente os órgãos das sensações se situam no "duplo" separado do corpo físico. Assim, uma das características mais notáveis do fantasma é que, por vezes, ele se torna meio sólido e húmido, quando o tocamos.

            As experimentações ulteriores demonstraram que o corpo etéreo tem peso e que ele se pode dilatar e contrair à vontade. Seu peso seria aproximadamente de duas onças e meia (mais ou menos, 70 gramas).

            A confirmação disso foi obtida pelo Dr. Duncan Mac Dougall, de Haverfield (Massachusets, USA), que pesou agonizantes e observou, em seis casos, que o defunto havia perdido entre 2 onças e 2 onças e meia.

            A fotografia psíquica tem oferecido grande número de provas da separação do "duplo" psíquico.  Assim, a primeira fotografia obtida por Mumber, o primeiro fotógrafo deste gênero, era a de uma pessoa viva. Posteriormente, no momento em que Mumber fotografava um de seus clientes, este cai em transe e a placa respectiva revela uma representação perfeita dele próprio, de pé, atrás de seu corpo! É desnecessário acrescentar que estes fatos deram origem à teoria de que todos os Espíritos, vistos pelos videntes, não seriam nada mais do que os "duplos" psíquicos de pessoas vivas! Esta teoria, como é fácil deduzir, de forma alguma seria contrária à hipótese da sobrevivência da alma, pois, se se pode afirmar que o espírito humano pode existir fora de seu organismo físico durante a vida, não haveria razão para que o não pudesse após a morte. Só um prejulgamento- estúpido poderia diminuir a força desta argumentação.

            Outros psiquistas realizaram experiências análogas e, dentre eles, Frederico Hudson, o primeiro fotógrafo espírita inglês. Certa vez, ele obteve a fotografia do "duplo" de Frank Herne, então famoso médium de efeitos físicos, em estado de transe.

            Eis uma prova evidente de que o desenvolvimento da mediunidade se acha intimamente ligado ao desdobramento etérico, na maior parte das vezes parcial, mas, em certos casos, total. Em razão da sutileza do "duplo" etéreo, é ele raramente visível, e não se devem tirar conclusões senão depois dos testemunhos daqueles que por experiência podem falar da separação do "duplo". A maior parte dos testemunhos se refere a separações parciais, mesmo porque a separação completa divide de forma tão radical os dois corpos que, em geral, o cérebro se torna incapaz de registar as reações mentais que se produzem quando o espírito funciona no "duplo" psíquico. Todavia, é possível, para um indivíduo experimentado, registrar, por seu cérebro, quando houve uma separação completa. Em tais casos, somos autorizados a concluir que existe uma conexão muito ativa entre os dois corpos. Porque isto se dá em determinados casos e não em outros, ignoramos.

            O exemplo seguinte demonstra quão real pode ser um desdobramento para o organizador, mas não para o sujet: Uma de minhas amigas, que sofria de insônia crônica, havia perdido uma joia de valor. Veio procurar-me com o desejo de poder reencontrar o objeto, e eu pude informá-la de que a joia se achava em sua própria casa, além de lhe indicar o local a que deveria dirigir as suas buscas. Dando-lhe essas informações, eu me aventurei a lhe afirmar que, depois de se ter deitado essa noite, ela pegaria no sono dentro de um quarto de hora e acordaria na manhã seguinte, completamente refeita.

            No dia seguinte ela me veio ver, tomada de viva emoção, e me comunicou que havia recuperado a joia como eu lhe havia dito, após o que, tinha ido deitar-se. De repente, ela me viu passeando no quarto. Logo exclamou: "Oh, Sr. Leaf, encontrei o anel!" E eu lhe respondi: "Agora, durma!"

            Alguns minutos depois, ela caiu em profundo sono, que durou oito horas. Mas eu não possuía a menor ideia deste acontecimento! Também não posso duvidar dele. Foi o primeiro, e, que eu saiba, o único exemplo de haver eu realizado tal experiência.

            Este fato se parece muito, em princípio, com aquele que foi relatado pelo Rev. Stainton Moses e publicado em Phantasms of the Living ("Fantasmas dos Vivos"). Ele resolveu aparecer, durante o sono, a um amigo que residia a alguns quilômetros de sua casa, sem informá-lo previamente de sua intenção. Em seguida, deitou-se, e acordou no outro dia, sem possuir a menor ideia de que alguma coisa tivesse acontecido. Entretanto, seu amigo o viu sentado em uma cadeira que ele próprio acabava de deixar. Para se certificar de que não estava dormindo, ele abriu um jornal e colocou-o diante de sua face; ao baixá-lo, viu a aparição sempre na cadeira. Nenhuma palavra foi pronunciada pela visão, que logo desapareceu.

            Muldom tem provavelmente toda a razão quando diz que a projeção inconsciente do "duplo" se produz, quase sempre, no estado de sonho. Há entretanto numerosas provas de que ela se faz também no momento em que os indivíduos estão em vigília e em estado consciente. A melhor forma de explicar o aspecto de sonho da questão, é analisar os sonhos imediatamente após o despertar. Concluir-se-á, então, que há grande percentagem de formas simbólicas nas experiências de desprendimento do corpo físico. Por uma razão inexplicável, o cérebro etéreo não registra a experiência da mesma maneira como o faz o cérebro físico. Este último recorre ao simbolismo, no esforço de simplificar o fenômeno.

            A questão do desdobramento é bastante complicada para a nossa condição. Por experiência pessoal eu sei que ele se pode produzir de diferentes maneiras, e que mais de um corpo superfísico se poderá formar. O verdadeiro corpo etéreo pertence, de certa forma, ao nosso mundo físico, mas não é certamente constituído da mesma matéria, ou de matéria semelhante à de nosso organismo físico comum. Neste ponto de vista, os teósofos tem mais ou menos razão quando afirmam com insistência que, enquanto o corpo físico comporta quatro graus de matéria densa, o corpo etéreo consiste em três, porém mais sutis.

            Pode-se adotar esta teoria de graduação apenas como ilustração; entretanto, ela representa mais do que simples conjectura. Segundo os teósofos, o corpo etéreo desaparece, desde que morre o corpo físico. É esta a indicação que deve existir na íntima relação entre os dois corpos, e pode-se, por isso, esperar que sejam encontradas ainda outras relações fisiológicas com referência ao assunto.

            O que se chama "cordão umbilical" é caso provado. Dele se encontram testemunhos na Bíblia. Pretende-se que os dois corpos sejam ligados por um cordão vital, da existência do qual depende a continuidade da aliança deles. Se ele se rompe, a volta do corpo etéreo ao corpo físico não é mais possível, e o resultado é a morte deste último. Não possuímos provas evidentes deste cordão e não se conhece muita coisa a seu respeito. Entretanto, deve existir uma relação vital entre os dois corpos, e ela existe provavelmente graças àquela espécie de cordão umbilical.

            Experimentei, por muitas vezes e de diferentes maneiras, o desdobramento, mas não tenho o menor conhecimento da existência de tal cordão. Pode ser que a causa disto resida no fato de minha atenção estar sempre dirigida para outros elementos. Sou fervoroso partidário da introspecção e, invariavelmente, nessas experiências, minha atenção prende-se às reações mentais e emocionais. Elas foram tão atraentes, que eu poderia, perfeitamente omitir certos fatos salientes, dentre os quais, o cordão psíquico.

            "Este cordão ou cabo", declara o Dr. Nad Fodor, que estudou atentamente este assunto, "semelhança impressionante com o corpo físico de um recém-nascido e seu cordão umbilical, está ligado à medula cervical em certas partes do crânio e, segundo alguns pesquisadores, ao plexo solar. Esta contradição na localização corresponde perfeitamente às diversas maneiras pelas quais se procede às experiências do desdobramento. Parece haver leis que regulem esta matéria, mas apenas uma regra geral. Por exemplo, certos indivíduos desdobram-se imediatamente e por completo; outros, escapam-se pela cabeça; outros, pelos pés, enquanto que alguns pretendem que se dissolvem e tornam a formar-se acima do organismo físico. E é por diversas formas que se efetua o retorno ao corpo físico.

            De minha parte, sei que volto sempre pela cabeça, quando retomo gradativamente o controle de meu corpo físico, o que se processa lentamente para baixo, como se o corpo etéreo se fixasse, com lentidão, no corpo físico. Certa vez, mesmo, foram-me necessárias duas horas para realizar o retorno completo, e eu me encontrava inteiramente consciente do fenômeno durante toda a sua duração.

            O Dr. Fodor declara que o cordão umbilical não é um simples tecido de teia de aranha, mas que se distende mais longe, sendo, como se supõe, mais denso, desde que não se alongue muito. "É de cor branco-acinzentada (prateada) e elástico até uma extensão incrível", como se pode imaginar, desde que se considere a enorme distância que o corpo etéreo pode percorrer para aparecer fora de sua outra parte, física. É ele o condutor da corrente vital que permite ao Espírito ou à alma fazer a coordenação com o corpo físico, o que parece impossível sem o seu concurso. Sua separação completa significa a morte imediata.

            A primeira experiência de desdobramento pode ser bastante perturbadora. Em mim, aconteceu que me acordei antes de ter obtido pleno controle de meu corpo físico. Imaginai uma pessoa completamente despertada, mas incapaz de mover seu corpo da maneira mais insignificante! Sentimo-nos como um prisioneiro dentro da mais ínfima das células, sem auxílio e fazendo esforços para se tornar senhor de seu próprio corpo! Depois eu me certifiquei, depressa, de que, mantendo-me em estado perfeitamente calmo e deitado, a volta se efetuaria normal e agradavelmente. A utilização da vontade não somente retarda o controle, mas também nos conduz ao temor.

            No momento atual, a questão do duplo etéreo e suas possibilidades representa ainda um mistério em vários pontos, e ninguém possui competência bastante para poder falar com autoridade absoluta. Da mesma forma que outros fatores naturais, concernentes à vida, é assunto totalmente particular e pode-se dizer que, talvez no futuro, se descobrirá que o assunto encerra faces multiformes. Jamais chegaremos, nesta matéria, a estabelecer uma ciência exata, da mesma maneira como não poderemos, jamais, formar uma ciência exata no campo da Psicologia.

            O que poderá ser ainda mais embaraçoso,  é o caso de vermos o nosso próprio "duplo"! Entretanto, isto parece ser um fato averiguado. Por outro lado o "duplo" psíquico pode agir a distância, desde que o paciente o ignore por completo e viva, por esse tempo, sua vida normal.

            Certo número de pessoas têm feito experiências com este fenômeno e, dentre elas, Maupassant, Alfred de Vigny, Musset, Shelley, e o poeta alemão Goethe.
           
            Goethe descreveu fielmente o fenômeno. Assim, conta que, viajando a cavalo, ficou surpreso em ver a si próprio vindo a seu encontro e vestido roupas que jamais havia usado! Oito anos depois encontrava-se na mesma estrada e com os mesmos trajes da visão anterior. Foram essas as próprias palavras: "Isto não aconteceu por minha vontade, mas por acaso."

            O exame minucioso de todos estes casos conduz-nos à conclusão de que existem exemplos de previsão do futuro. Entretanto, a dificuldade repousa na incrível realidade do "duplo". Um dos exemplos mais significativos deste fenômeno foi-me dado por um senhor que se encontrava em Exeter, no Devonshire, na Inglaterra, e que o aterrou. Ele teve ordem da casa que representava de procurar certo cliente em determinado lugar, às onze horas da manhã seguinte. Com grande surpresa o cliente apresentou-se uma hora mais cedo, trazendo pequena valise. Apertaram as mãos, discutiram em pormenores o assunto comercial e se separaram. Urna hora após, o mesmo fato se repetiu: todos os gestos e palavras foram renovados e, contudo, tem-se a prova de que o cliente não se encontrava em Exeter na ocasião do primeiro encontro!
           
            Certas pessoas, em diferentes épocas, têm-me declarado que elas próprias me haviam visto e ouvido falar. Entretanto, na maioria dos casos, eu pude provar que me encontrava muito longe da cena, cuidando normalmente do meu trabalho ou atividade de sempre.             

            Assim, foi-me possível provar a um eminente membro da Sociedade Americana de Pesquisa Psíquicas que o Espírito ou alma é capaz de viver independentemente, mesmo a grandes distâncias, do organismo físico. A prova mais convincente da existência do "duplo" etéreo se revela no fato de poder ser visto simultaneamente por diversas pessoas. O professor Charles Richet cita vários exemplos no seu livro - Trinta Anos de Pesquisas Psíquicas. Existem além disso outros testemunhos.

            Um dos argumentos preferidos pelos negativistas da hipótese espírita, no que concerne às materializações, é este: não é outra coisa senão o “duplo" etéreo do médium, modificado para ser semelhante a alguma outra pessoa. Entretanto, os moldes de parafina apresentam a prova objetiva de que são formados por Espíritos materializados. O próprio físico inglês, Sir William Crookes, confirma que realizou tais experiências.

            Posso testemunhar, sem hesitação, a possibilidade de urna pessoa, residente a mais de 500 quilômetros, manifestar-se sob uma forma sólida e  sustentar comigo uma palestra prolongada e inteligente, enquanto eu segurava sua mão, parcialmente materializada. E, para confirmar que realmente se achava presente, antes de se desmaterializar, ela confiou um segredo, cuja veracidade, mais tarde, pude verificar. Isto a convenceu de que foi a manifestação do seu "eu" etéreo, se bem que ela não tivesse a menor lembrança do que aconteceu.

            Pouco se conhece sobre a melhor forma de efetuar-se conscientemente um desdobramento etéreo. A maior parte daqueles com os quais tenho discutido o assunto, sentiram espontaneamente o fenômeno, e isto com grande admiração. Entretanto, encontrei diversas pessoas que me declararam ser capazes de se desdobrar à vontade. Uma delas é um engenheiro que prestava serviços técnicos a uma usina elétrica do sul da Inglaterra. Ele, no fim, suspendeu estas experiências por temer que, algum dia, não pudesse mais retomar seu corpo físico. Era chefe de pequena família e acreditava em que o risco seria muito grande. Ele não era espírita.

            O estudo aprofundado das circunstâncias referentes ao desdobramento, mesmo o espontâneo, revela um esforço bem organizado e um objetivo bem definido. Isto poderia produzir-se abaixo dos limites da consciência. Não há razão alguma para se fazer esta sugestão, pelo motivo de que a pessoa normalmente ignorava o fim visado. Sabe-se perfeitamente que a consciência normal não é mais do que uma parte especializada do Espírito e que ela se acha bastante limitada quanto ao conhecimento das demais possibilidades do Espírito. Os recalques e a hipnose o provam.

            Nas regiões inferiores do Espírito há muitos comportamentos dos quais nada conhecemos; certamente aí que vivemos a maior parte de nossa vida mental.

            Se os recalques podem causar - corno nós sabemos - uma forma de histeria, e reagir inesperadamente sobre o corpo físico, há poucas razões para negar que, existindo outros elementos estranhos ao corpo físico, possam produzir-se muitas coisas no domínio do etéreo, a respeito das quais ainda devemos permanecer na ignorância. Isto naturalmente deve ser considerado como especulação, mas não uma especulação sem finalidade justificada.

            Devem existir explicações de aparições fora do corpo físico, e não há, desse assunto, melhor explicação a não ser aquela que se oferece com a saída do corpo etéreo.

*

            Se um dia a ciência oficial puder explicar este fenômeno, ter-se-á realizado grande progresso concernente à natureza do homem, e poder-se-ão, também, descobrir novas condições de existência. Isto implica em novas concepções do tempo e do espaço, pois o mundo etéreo não será, talvez, inteiramente físico. Então, nós nos convenceremos de que o homem poderá encontrar-se ao mesmo tempo em dois lugares diferentes e duas vezes no mesmo lugar, como no caso de Goethe. (*)

(Ext. de "Survie" nº 238)

(Traduzido por Max Kohleisen)

(*) Ver "Reformador" de 1954, pág. 125_


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