Rainha do Céu
Lincóia Araucano /(Ismael Gomes
Braga)
Reformador
(FEB) Março 1962
Todas
as mitologias e religiões nasceram pelo mesmo processo do nascimento do
Espiritismo: aparições e outras manifestações de Espíritos desencarnados; e
como os Espíritos comunicantes diziam-se homens e mulheres, as mitologias e
religiões politeístas adoravam deuses e deusas.
O
monoteísmo nasceu entre os judeus e condenou severamente o politeísmo.
Poder-se-ia dizer que a Bíblia é o primeiro livro que aboliu a pluralidade dos
deuses antigos, mas não se pense que entre os antigos israelitas não houvesse, como
em todos os povos, igualmente a crença em deuses e deusas, oriunda das
comunicações de Espíritos. Essa uniformidade é absoluta.
No
livro de Jeremias, 44:17 a 19, lemos:
"Mas certamente cumpriremos toda a palavra
que saiu da nossa boca, de queimarmos incenso à rainha do céu e de lhe
derramarmos libações, como temos feito, nós e nossos pais, os nossos reis e os
nossos príncipes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; então tínhamos
fartura de pão, e nos ia bem, e não vimos mal algum. Mas desde que cessámos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe derramarmos
libações, temos tido falta de tudo e temos sido consumidos pela espada e pela
fome. Quando queimávamos incenso à rainha do céu, e lhe derramávamos libações,
acaso era sem o conhecimento de nossos maridos que nós lhe fazíamos tortas para
a retratar, e lhe derramávamos libações?"
Por
esta passagem da Bíblia, vemos que entre os antigos judeus se rendia culto a
uma deusa, a quem davam o nome de "Rainha do Céu", apesar da rigorosa
luta mantida pela igreja oficial judaica contra o politeísmo.
Em
nosso artigo, "Como nascem, crescem, vivem e morrem as religiões",
publicado em “Reformador" de Dezembro de 1961, páginas 286/7, não nos
referimos às deusas das religiões politeístas, mas à existência de divindades
femininas, como as atuais comunicações de Espíritos superiores com nomes
femininos e as materializações de Espíritos de mulheres são a demonstração da
tese daquele modesto trabalho, de que todas as mitologias e religiões nascem do
mesmo modo, pelas manifestações mediúnicas de Espíritos.
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