Missões Diferentes
Lino Teles /
(Ismael
Gomes Braga)
Reformador (FEB)
Novembro 1961
Num excelente artigo publicado em
"O Globo", de 19-8-61, pág. 9, o conhecido escritor Eugênio Gomes
interroga: "Seria Castro Alves
espírita?" e responde demonstrando o interesse do poeta pelo
Espiritismo, nos últimos anos de sua curta vida.
Fato semelhante se nota nos últimos
dias da vida de L. L. Zamenhof, quando ele esboçou a lápis uma tese espírita
que não pode escrever, porque a morte o interrompeu.
Igualmente Castro Alves, ao
interessar-se pelo Espiritismo, em plena juventude, faleceu.
Porque esses dois gênios não tiveram
tempo de se tornarem espíritas?
Parece-nos que suas missões eram
diferentes e teriam sido prejudicadas pelo Espiritismo, ainda fraco e muito
combatido. .
A missão de Castro Alves era lutar
contra a escravidão apontando-a como tremenda injustiça social que devia ser
abolida. Ora, se ele conhecesse e pregasse a Doutrina Espírita, ensinaria a lei
de carma, a existência de perfeita justiça em tudo, e consequentemente a
existência da escravidão como processo de recuperação de Espíritos endividados.
O escravo deixaria de ser a vítima inocente de uma instituição social injusta.
Mas era preciso combater a instituição mesma, porque os senhores de escravos se
tornavam culpados e por seu turno teriam de sofrer consequências. A missão do
poeta era apenas de combater, como muitos outros, a escravatura, até fazerem,
como fizeram, a abolição.
Com Zamenhof a situação era outra:
sua missão era estabelecer a língua internacional como instrumento de
confraternização universal, e tinha que pairar acima das divisões religiosas e
partidárias. O Espiritismo era e ainda é uma dessas divisões. Se ele fosse
pregar Espiritismo, conquistaria para o Esperanto a hostilidade das igrejas e
do materialismo reinante. Teve que limitar-se à obra linguística, deixando o
Espiritismo para o futuro.
De modo semelhante, muitos
reformadores sociais têm que operar sem conhecimento do Espiritismo. Trazem no
momento uma missão diferente da espírita, têm que fazer obra combativa que
repugna ao espírita. Só no futuro todas as missões se reunirão num todo em
favor da Humanidade inteira.
Nota-se isso apenas quanto aos
grandes Missionários. Os pequenos servidores, como nós, têm ação limitada; só
podem trabalhar dentro de partidos, escolas, igrejas, onde são conhecidos. Nossa
missão é muito diferente da obra dos grandes Missionários: nós agimos nas
secções, e eles no todo.
Do Blog: Existem 2 livros que falam
de Castro Alves: ‘Castro Alves e o Espiritismo’ de Altamirando Carneiro e ‘Chico
Xavier, o obreiro do Senhor e Castro Alves, o apóstolo da liberdade’ de Maria
Antônia de Moura. Este último recebe a chancela da FEB.
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