Bilhetes
por G. Mirim (A.
Wantuil)
Reformador
(FEB) Novembro 1945
Queixam-se
os espíritas de que a ciência oficial repila os fatos e os ensinamentos que nos
são conhecidos, sem os estudar e examinar como seria lógico e natural. Querem
os nossos confrades que os senhores "sábios" venham até nós
oferecendo-nos a oportunidade de lhes demonstrarmos à saciedade que os fatos
são reais.
Também
me queixo eu, não dos "sábios" que estão bem onde se encastelaram,
mas dos nossos confrades "acadêmicos", companheiros que procedem da
mesma forma, nada admitindo além do que já conseguiram assimilar. Se se lhes
fala num ponto novo da Doutrina, esses companheiros dão de costas ou refutam
com a sua pretensa autoridade, quando não vão mais longe, com sofismas e até
mesmo com violências, apesar de não ignorarem que a Revelação é progressiva.
Os
espiritistas "acadêmicos" fingem ignorar que estamos no abc. Sabem
tudo, tudo explicam e ai daquele que ousar contrariá-los. Os demais confrades
são, para eles, criaturas de má fé ou ignorantões, senão confusionistas e
deturpadores.
São
esses nossos confrades como os médicos da chamada medicina oficial, essa mesma
escola que pedia cadeia para os roceiros que curavam enfermos com garrafadas de
cascas de quina, com esponjas torradas e com outros remédios semelhantes.
Cadeia, porque curavam moléstias oficialmente consideradas incuráveis.
Com
o tempo, porém, a medicina oficial aprendeu a usar das cascas de quina sob a
forma de cápsulas de quinina, e do iodo que verificaram existir nas esponjas
torradas.
Estes
fatos de a medicina oficial aprender com o curandeiro, além de se contarem aos
milhares, representam o progresso real da arte de curar, pois esses meios
terapêuticas, uma vez observados, passaram para as Farmacopeias de todos os
países e delas jamais saíram, o que não acontece com quase todas as descobertas
puramente científicas, que entram e saem de moda, após alguns anos de
experiências nas cobaias humanas.
Hoje,
com os passes recomendados pelo Espiritismo, os fatos se processam de igual
maneira; e a nova terapêutica vem sendo reconhecida, com a conquista de médicos
que já recomendam a aplicação de passes em certos casos
complicados que se lhes apresentam.
Com
os nossos confrades "acadêmicos", também lentamente assim se dará.
Não se pode exigir desses companheiros que pensem conosco; todavia, é
lamentável a predisposição que têm para combater. Combatem tudo, e tudo sabem.
Quando sentem que seus argumentos são frágeis, irritam-se e atacam: são os
"doutores" em borla e capelo do Espiritismo. Alguns desprezam Kardec,
outros nada aceitam além do que foi revelado ao Codificador, vários só recebem
parte da Codificação e a subordinam às suas
interpretações exclusivistas e restritivas. São os "doutores" em
Espiritismo...
Se
o chamado meio oficial, ligado aos interesses das academias, tem retardado o
progresso dos meios curativos que o Espiritismo oferece, os meios
"acadêmicos" dessa Doutrina têm ocasionado maior mal, porque não só
retardam a aceitação de uma das faces, mas de todas as faces apresentadas pelo
Espiritismo, para o estudo e elucidação do homem.
Tudo,
porém, parece obedecer a uma lei uniforme e imutável. Assim foi ao tempo do Cristo, assim é nos tempos atuais, mesmo porque,
hoje como ontem, a revelação está acima do poder de assimilação da geração que
passa.
Com
o tempo, porém, os homens se renderão ao que já nos é conhecido, enquanto nós
outros, em encarnações futuras, iremos recebendo novas doses de esclarecimentos
que, repelidos sempre por uma geração, serão aceitos pelas gerações seguintes.
Contentemo-nos
com o que nos for possível realizar e deixemos ao Alto a execução do plano
traçado, sempre o mesmo, desde o aparecimento do primeiro terrícola.
Que
não nos impressione a lentidão. Trabalhemos!
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