domingo, 28 de setembro de 2014

O homem, o bem e o mal.


               “Encaro o mal, num mundo de provas e expiações qual a Terra, como uma necessidade para o bem, necessidade transitória, sem dúvida, porquanto o único bem que o mal pode produzir é oferecer a quem procede mal a oportunidade da reabilitação pela prática do bem. Para Hobbes, o bem e o mal são ideias relativas; Spinoza considerava o vício e a virtude necessários à vida do homem... Já Leibniz entendia que "o mal não é mais do que o detalhe das coisas e serve para realçar o fulgor do bem". Voltaire acreditava na possibilidade de tornar bons os homens, desde que fossem governados de modo que sua maldade se fizesse menos nociva. Se Rousseau repelia a doutrina da "maldade inata", Lombroso admitia, a princípio, o criminoso nato. Confúcio, do alto daquela doce filosofia que embevece a alma da gente, opinava que "a natureza do homem é boa" e que "essa bondade natural vem a se perder durante a vida, se ele não conquistar para si toda a felicidade". O problema é sério, importante, complexo. Há homens tão inferiorizados espiritualmente, que talvez tenham a alma no estômago, como pretendia aquele extravagante Van Helmont, da Renascença... Querem outros que o homem não seja bom, nem mau: apenas homem... Ninguém foi mais profundo a respeito da posição do homem em face do secular problema do bem e do mal do que Jesus Cristo. Ele não se limitou a divagações metafísicas: deixou a solução ao alcance da Humanidade, nas páginas imortais do Evangelho.”

 José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Março 1948

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