“Encaro o mal, num mundo de
provas e expiações qual a Terra, como uma necessidade para o bem, necessidade
transitória, sem dúvida, porquanto o único bem que o mal pode produzir é oferecer
a quem procede mal a oportunidade da reabilitação pela prática do bem. Para Hobbes,
o bem e o mal são ideias relativas; Spinoza considerava o vício e a virtude
necessários à vida do homem... Já Leibniz entendia que "o mal não é mais
do que o detalhe das coisas e serve para realçar o fulgor do bem".
Voltaire acreditava na possibilidade de tornar bons os homens, desde que fossem
governados de modo que sua maldade se fizesse menos nociva. Se Rousseau repelia
a doutrina da "maldade inata", Lombroso admitia, a princípio, o
criminoso nato. Confúcio, do alto daquela doce filosofia que embevece a alma da
gente, opinava que "a natureza do homem é boa" e que "essa bondade natural vem a se perder durante a
vida, se ele não conquistar para si toda a felicidade". O problema é
sério, importante, complexo. Há homens tão inferiorizados espiritualmente, que
talvez tenham a alma no estômago, como pretendia aquele extravagante Van Helmont, da Renascença... Querem outros que o homem não seja bom, nem mau:
apenas homem... Ninguém foi mais profundo a respeito da posição do homem em
face do secular problema do bem e do mal do que Jesus Cristo. Ele não se
limitou a divagações metafísicas: deixou a solução ao
alcance da Humanidade, nas páginas imortais do Evangelho.”
José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Março
1948
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