quinta-feira, 19 de junho de 2014

3 x Ruy Barbosa



3 x Ruy Barbosa

pgs 239-240 de
‘Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo’
3ª Edição FEB - 1992
por Sylvio Brito Soares

1.3.  A súmula de sua religião

            Extraído de uma conferência no Asilo N.S. de Lourdes em Feira de Santana (Bahia)

“... religião, não sepultada no mistério de uma língua morta; não a desses pseudo apóstolos do paganismo infantilista, caluniadores do Evangelho, pregadores hipócritas e mentirosos da opressão sacerdotal, com a boca cheia de Deus e a consciência cauterizada de interesses mundanos; não a das diatribes no púlpito, na imprensa, nas pastorais, nas letras apostólicas; não a do ódio, da cisão entre os homens, da desconfiança no lar doméstico, da separação entre os mortos, do privilégio, do amordaçamento das almas, da tortura, da ignorância, da indigência no espírito e no corpo, do cativeiro moral e social; mas a do "homem novo", nascido sob a cruz; do espírito que vivifica, e não da letra que mata; da comunicação interior entre o coração e Deus; da caridade brandura para com todos os homens; religião de luz, que se alimenta de luz, e que na luz se desenvolve; religião cujo pontífice é o Cristo, religião de igualdade, fraternidade, justiça e paz; religião em cujas entranhas se formou a Civilização moderna, em cujos seios sugou o leite de suas liberdades e de suas instituições, e a cuja sombra amadurecerá e frutificará a sua virilidade; religião de tudo quanto o ultramontanismo nega, amaldiçoa e inferna. Por ela o altar algum dia, e não longe, não será mais uma especulação; por ela as consciências não terão mais contas que dar de si senão ao Onipotente; por ela todas as crenças serão iguais perante a lei, todas as convicções igualmente respeitáveis perante os homens. Em que pese ao Vaticano, aos partidos reatores, às transações políticas e às realezas impopulares!"
                                                                                             2.3.  Ruy Barbosa e a ‘Sessão’


pgs 239-240 de
‘Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo’
3ª Edição FEB - 1992
por Sylvio Brito Soares

            "Reformador", em seu número de abril de 1951, transcreve um artigo intitulado "Ruy, um Universo", publicado na "Revista Brasileira de Panificação", e que, data vênia, reproduziremos aqui:

            2.3. "Na imensa comemoração de Ruy Barbosa, toda a sua vida pública e particular foi examinada, e aclamada a sua figura apostolar do Direito. Nenhum detalhe do seu talento deixou de ser examinado. Ruy estudante, sabendo aos cinco anos de idade conjugar todos os verbos regulares; Ruy sem idade para matricular-se na Faculdade, dedicando-se, durante um ano, ao estudo do alemão; Ruy, orador desde moço; escritor primoroso, enriquecendo a língua portuguesa; advogado de todos os perseguidos, jornalista insigne, parlamentar, diplomata, internacionalista; Ruy, poeta, religioso e crente no Espiritismo, e Ruy com conhecimentos de Medicina. Espanta realmente caber numa cabeça tanta inteligência e num coração tanta bondade!

            Falaram do seu amor às rezas, mas nada disseram do seu interesse pela pintura e pela música. Na "Oração aos Moços", Ruy falou nas relações humanas com os nossos amigos de "além-vida".

            O Deputado Ataliba Nogueira, na conferência feita sobre "Ruy Barbosa em Campinas", publicada no "Jornal do Comércio" de 8 de novembro p. p., contou o seguinte:

            Ainda na aprazível estância hidromineral, ocorreu fato curioso, recordado pelos íntimos com certo acento de graça. Estava em voga, àquele tempo, uma espécie de distração à noite, de modo algum consoante com as leis religiosas, porém que as senhoras praticavam como se fosse inocente jogo de damas. Consistia em colocar sobre uma mesinha de três pés um grande circulo de papelão com as letras do alfabeto escritas, uma a uma, em recorte dentado. Lalá, Úrsula, Carlota, Baby Ruy Barbosa e a filha dum redator do "Jornal do Comércio", do Rio, sentavam-se em redor da mesa e colocavam a ponta dos dedos sobre um cálice que, por ação misteriosa - segundo diziam - parava ante esta e aquela letra. Alguém ia anotando as letras num papel. Formavam-se, assim, palavras e frases, avidamente lidas pelos circunstantes. Resta lembrar que tudo correspondia às perguntas formuladas por alguma das moças presentes, quase todas versando sobre qual delas se casaria primeiro, as iniciais do noivo, seus traços fisionômicos, se era louro ou moreno, se era solteiro ou viúvo, fazendeiro ou não. No geral as respostas não provocavam mais que risos, gargalhadas e comentários alegres.

            Certa noite, porém, Batista Pereira, que assistia à "sessão", de pé, disse que o cálice estava denotando alguma inquietação, manifestando com isto ter que revelar algum segredo. Sentou-se à mesa e também colocou a ponta do dedo sobre o cálice de cristal, o qual, de maneira rápida, começou a percorrer o alfabeto, com algo de nervosismo por parte das moças e senhoras que participavam da operação. Ao lado, outra moça apontava letra por letra, dizendo nada entender, porém várias vezes havia o nome de Ruy, no apanhado gráfico.

            O Conselheiro já se havia recolhido muito cedo, feito a leitura dos jornais de São Paulo, que chegavam após o jantar.

            Terminado o escrito, verificou-se que era uma mensagem em inglês, dirigida por algum "Espirito" ao ilustre hóspede. Ficaram todos estarrecidos e, diante da indecisão geral, Batista Pereira opinou que deviam levá-la incontinenti a Ruy. Batem à porta, o Conselheiro de pijama recebe o papel e fica emocionado:

            - É o estilo dele, o estilo perfeito. E o assunto! O mesmo que conversamos em nossa despedida em Haia. Mas, é possível... Trata-se de William Stead - explica Ruy -, o meu amigo e grande jornalista inglês, cuja morte os periódicos noticiam, hoje, no afundamento do "Titanic". E ele acreditava nestas histórias de Espiritismo!”

 


3.3.  Ruy Barbosa ora a Deus

pgs 242-243 de
‘Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo’
3ª Edição FEB - 1992
por Sylvio Brito Soares


            E, para finalizarmos, oferecemos aos nossos leitores a peroração de um discurso proferido, em 1903, por esse gigante da inteligência, pelo trabalho e pelo ideal que acalentou em Espírito:

            "Deus, que me infundistes o amor da beleza, da verdade e da justiça; que povoais da vossa presença as minhas horas de arrependimento, de perdão e de segurança na vossa misericórdia; que há dezenas de anos me descobris os meus erros, me reergueis dos meus desalentos, me conduzis pelo vosso caminho: dai-me, agora mais do que nunca, o ânimo de não mentir aos meus semelhantes, de me não corromper nos meus interesses, de não temer ameaças, não me irritar de injúrias, não fugir a responsabilidades. Se a mercê da salvação da nossa honra, posta nas vossas mãos onipotentes, exigir o sacrifício de um em satisfação das culpas de todos, não vos detenha, Senhor, a miséria do resto dos meus dias, cansados e inúteis. Mas não permitais que as maquinações do egoísmo de alguns prevaleçam ao bem de um povo inteiro, que a barbária senhoreie de novo a nossa Pátria, que os semeadores de violências e desunião vejam prosperar outra vez a sua funesta sementeira nas regiões benditas, sobre cujos céus acendestes a constelação da Vossa Cruz."




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