trechos de...
O Fim do Mundo
(La Fin du Monde)
(pgs. 222 / 223 da 7ª Ed. FEB 1995)
Senhores do mundo, de todos os seus
valores e mobiliários, tudo possuindo, ei-los ambos mais pobres que os mais
pobres mendigos do passado!
De que serviu tudo isso? - dizia ela
passeando os olhos por todas aquelas conquistas da humanidade extinta. Sim! -
para que todo esse esforço, conquistas, descobertas, e crimes, e virtudes? Sucessivamente,
cada povo havia crescido e desaparecido. Alternativamente, cada cidade brilhara
na glória e no prazer, para acabar em pó. Ei-las, ali, patentes
naquelas ruínas que cobriam o solo, amontoadas, superpostas, ruínas de ruínas,
sobre ruínas. E as últimas teriam a mesma sorte. Dos bilhões de homens que aqui
viveram, que resta? Nada!
- Dize-me pois, meu bem-amado, tu
que tudo sabes, porque, e para que teria Deus criado a Terra? E, porque a
Humanidade? Não achas, meu querido, que esse Deus é um tanto louco? Todos esses
bilhões de criaturas que vieram pulular e disputar sobre esta pequenina bola
girante, de que e para que serviram, uma vez que nada resta? Dar-se-á não
estejam agora, precisamente, como se nada houvera existido?
.................................
Diverte-se o Criador com os seus
bonecos, ou apraz-lhe fazê-los sofrer? É idiota? Que me dizes, meu amor?
-
Para que indagar, oh! minha Eva? Que teus olhos não se turvem assim...
Assenta-te aqui, nos meus joelhos, vem repousar a bela cabecinha junto do meu
coração. Deus, crê, só fez o mundo para o amor. Esquece, pois, tudo o mais.
- Mas, como esquecer, fechar os
olhos, abafar a razão e o coração nestas horas tão solenes? Sim, nosso amor é
tudo, absolutamente tudo. Mas, meu querido, como não pensar ainda que todos os
casais que nos precederam, desde o princípio do mundo, desapareceram,
também eles, e que todos esses amores que aureolaram de esperanças os votos humanos;
todos esses ósculos divinais, de lábios nos quais dir-se-ia rescender um gozo
eterno; todos esses arroubos se perderam, se diluíram em fumo; - sim, em fumo -
e que de tudo não resta mais que nada, nada...
.......a verdade é que a Humanidade
viveu dez milhões de anos para acabar nada sabendo! A Ciência entre todas maravilhosa,
a ciência do universo, a Astronomia, tudo nos ensinou,
deu-nos a verdadeira religião, mas, não nos demonstrou a lógica de Deus!
- Queres muito saber, Eva. Contudo,
não ignoras que a humanidade terrestre flutuou no incognoscível e nós não
podemos conhecer o incognoscível....
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