Bittencourt Sampaio em foto colorizada que foi capa recente de 'Reformador' (FEB).
O Cristo está no leme...
do livro ‘Instruções Psicofônicas’ (FEB)
A
reunião da noite de 2 de junho de 1955 reservou-nos grande surpresa. Por
ausência do companheiro encarregado do serviço de gravação, ocupamo-nos
pessoalmente desse mister. E, enquanto atendíamos a semelhante tarefa, notamos
que a organização mediúnica denotava expressiva alteração. Intuitivamente
assinalamos que o nosso Grupo estava sendo visitado por mensageiro espiritual
de elevada hierarquia.
E não nos enganávamos.
Colocando-se de pé, o
Instrutor passou à palavra.
Dicção educada. Voz
clara e bela.
Em sucinto estudo,
exalça a figura excelsa de Jesus, à frente do Espiritismo.
Na saudação final,
Identifica-se. Tínhamos conosco a presença de Bittencourt Sampaio, cuja sublime envergadura espiritual escapa à
exiguidade de nossa conceituação.
Despede-se o
orientador e encerramos a reunião.
Movimentamo-nos para
estudar a mensagem, ouvindo-a, de novo; no entanto, com o maior desapontamento,
notamos que a gravadora não funcionara.
Perdêramos
a palavra do grande instrutor.
Comentando a alocução
ouvida, a maior parte dos companheiros afasta-se do recinto.
Nós, porém, um
conjunto de seis amigos, permanecemos na sede do Grupo mais tempo, examinando a
máquina e lamentando o acontecido.
Uma hora decorrera
sobre o encerramento de nossas tarefas e preparávamos a retirada, quando o
médium anunciou estar ouvindo de nosso amigo espiritual José Xavier o seguinte
aviso: - "Não se preocupem. Meimei e eu gravamos a palavra do benfeitor
que esteve entre nós, de passagem. Reúnam-se em silêncio e o médium poderá ouvi-la
de nossa máquina, fixando-a no papel."
Sentamo-nos ao redor
da mesa, com o material de escrita indispensável.
Depois de nossa
prece, o Chico esclarece estar vendo uma pequena gravadora junto de nós,
manejada pelos amigos espirituais e, dizendo escutar a mensagem, põe-se a escrever
moderadamente, evidenciando a audição em curso.
Entretanto, o médium
escreve e faz a pontuação, ao mesmo tempo.
Ajudando-o a segurar
o papel, conjeturamos mentalmente: - "Ora, se o Chico está ouvindo a
mensagem gravada, como pode fazer a pontuação? Estamos diante de um ditado ou
de psicografia comum?"
No instante exato em
que formulamos a indagação em pensamento, sem externá-la, o médium interrompe a
grafia por momentos e explica-nos:
- "Meu amigo, o
José (1) recomenda-me informar a você que, enquanto Meimei está comandando a
gravadora, ele está ditando a pontuação para melhor segurança do nosso
serviço."
(1)
Referência ao nosso amigo espiritual José Xavier. Nota do organizador.
Extremamente
surpreendido, guardamos o esclarecimento.
Terminada
a escrita, o médium leu quanto ouvira. Notamos com admiração que o papel
apresentava a mensagem que ouvíramos de Bittencourt
Sampaio.
Relatada
a ocorrência que julgamos seja nossa obrigação consignar nos apontamentos sob a
nossa responsabilidade, para os estudiosos sinceros de nossa Doutrina, passamos
à comunicação do venerável orientador.
Confrange a quantos já descerraram os olhos
para a verdade eterna, além da morte, o culto da irresponsabilidade a que
muitos de nossos companheiros se devotam, seja na dúvida sistemática ou na
acomodação com os processos inferiores da experiência humana, quando o
Espiritismo traduz retorno ao Cristianismo puro e atuante, presidindo à
renovação da Terra.
Com todo o nosso respeito à pesquisa
enobrecedora, cremos seja agora obsoleta qualquer indagação acerca da
sobrevivência da alma por parte daqueles que já receberam o conhecimento
doutrinário, porque semelhante conhecimento é precisamente o selo sagrado de
nossos compromissos diante do Senhor.
Há mais de dez milênios, nos templos do Alto
Egito e da antiga Etiópia, os fenômenos mediúnicos eram simples e correntios;
entre assírios e caldeus de épocas remotíssimas, praticava-se a desobsessão com
alicerces no esclarecimento dos Espíritos infelizes; precedendo a antiguidade
clássica, Zoroastro, na Pérsia, recebia a visitação de mensageiros celestiais
e, também antes da era cristã, na velha China, a mediunidade era desenvolvida com a colaboração da música e da prece.
Mas, o intercâmbio com os desencarnados,
excetuando-se os elevados ensinamentos nos santuários iniciáticos, guardava a
função oracular do magismo, entremeando-se nos problemas corriqueiros da vida
material, fosse entre guerreiros e filósofos, mulheres e comerciantes, senhores
e escravos, nobres e plebeus.
É que a mente do povo em Tebas e Babilônia,
Persépolis e Nanquim, não contava com o esplendor da Estrela Magna - Nosso
Senhor Jesus-Cristo -, cujo reino de amor vem sendo levantado entre os homens.
Na atualidade, porém,
o Evangelho brilha na cultura mundial, ao alcance de todas as consciências,
cabendo-nos simplesmente o dever de anexá-lo à própria vida.
Espíritas! Com Allan
Kardec, retomastes o facho resplendente da Boa-Nova, que jazia eclipsado nas
sombras da Idade Média!
Meus amigos, que o
amparo de Nossa Mãe Santíssima nos agasalhe e ilumine os corações.
Cristo, no centro da
edificação espírita, é o tema básico para quantos esposaram em nossa Doutrina o
ideal de uma vida mais pura e mais ampla.
Compreendamos nossa
missão de obreiros da luz, cooperando com o Senhor na construção do mundo
novo!..
Não ignorais que a
civilização de hoje é um grande barco sob a tempestade... Mas, enquanto mastros
tombam oscilantes e estalam vigas mestras, aos gritos da equipagem desarvorada,
ante a metralha que incendeia a noite moral do mundo, Cristo está no leme!
Servindo-o, pois, infatigavelmente, repitamos, confortados
e felizes:
Cristo ontem, Cristo
hoje, Cristo amanhã!..
Louvado seja o Cristo
de Deus!
Bittencourt Sampaio
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