Problema conosco
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Dezembro 1961
Não os criaria Deus, à parte.
Os gênios perversos das
interpretações religiosas somos nós mesmos, quando adotamos conscientemente a
crueldade por trilha de ação.
*
Observa as lágrimas dos órfãos e das
viúvas, ao desamparo.
Há quem as faça correr.
Repara os apetrechos de guerra,
estruturados para assaltar populações indefesas.
Há quem os organize.
Anota as rebeliões que se
transfiguram, em crimes.
Há quem as prepare.
Pensa nos delitos que levantam as
penitenciárias de sofrimento.
Há quem os promova.
Medita nas indústrias do aborto.
Há quem as garanta.
Pondera quanto aos movimentos
endinheirados do lenocínio.
Há quem os resguarde.
Reflete nos mercados de entorpecentes.
Há quem os explore.
*
Enunciando, porém, semelhantes
verdades, não acusamos senão a nós mesmos.
A condição moral da Terra é o nosso
reflexo coletivo.
Todos temos acertos e desacertos.
Todos possuímos sombra e luz.
Consciências encarnadas em desvario
fazem os desvarios da esfera humana.
Consciências desencarnadas em
desequilíbrio geram os desequilíbrios da esfera espiritual.
É por isso que o Evangelho assevera:
"Ninguém entrará no reino de Deus sem
nascer de novo."
E o Espiritismo acentua: "Nascer, viver, morrer, renascer de novo e
progredir continuamente, tal é a lei."
Em suma, isso quer dizer que ninguém
conseguirá desertar da luta evolutiva.
Continuemos, pois, vigilantes no
serviço do próprio burilamento, na certeza de que o amor puro liquidará os
infernos, quando nós, que temos sido inteligências transviadas nos domínios da
ignorância, estivermos sublimados pela força da educação.
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