Trecho
de um artigo de Roberto
Macedo
publicado em
Reformador (FEB) Novembro 1946 sob o título ‘A Nossa Política’.
" ....A Política é essencialmente
mundana e visa o governo transitório dos homens; a Religião é essencialmente
divina e visa a regeneração eterna dos espíritos. Se puderem nossos confrades,
sem violentar a linha de suas provas, afastar-se do braseiro das paixões, tanto
melhor para eles. Voluntariamente, coletivamente, é que nos parece menos
aconselhável irmos ao encontro do perigo, possibilitando assim o escândalo, tão
natural nos homens em épocas de fermentação ideológica, mas tão impróprio nos
discípulos d'Aquele que ensinou a mansidão e mandou dar a César o que é de
César. Dando a
Deus o que é de Deus, estaremos cumprindo o nosso dever moral unanimemente
aceito e proclamado;
procurando alistar-nos nas hostes de César, estaremos suscitando divergências
até mesmo entre nós. Se neutralidade de opinião não existe entre cristãos
conscientes do seu direito de pensar, a neutralidade de ação talvez constitua...
o mais saudável dever para o confrade propenso à política. Pode ele concorrer
para a vitória de sua parcialidade - pelo voto, como arma cívica, - pela prece,
como arma divina. A intervenção espontânea no campo da luta, fora dos muros da
Doutrina, convém evitar sempre que possível. Lembremo-nos de que o triunfo
irresistível dos ideais cristãos depende menos da nossa cooperação individual
que da orientação dos Guias e do gradual amadurecimento da Humanidade. Houve, é
certo, entre os fundadores da Federação, alguns participantes da Política.
Eram, porém, homens cheios de amor, como todos os pioneiros, e atuavam num
ambiente menos impregnado de cóleras... Demais. abandonaram a Política, renunciando ao
mundo, quando lhes pareceu oportuno; a última palavra ficou, pois, com a
Espiritualidade. Não insinuamos que eles errassem, nem que
errem os crentes cujo livre arbítrio os conduza aos campos de batalha da
Política. É um direito.
Será um dever'? Nosso dever, cremo-la firmemente, é o de nos esforçarmos para
sermos os eleitos de Deus."
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