A Celeste Dádiva
Martins Peralva
Reformador (FEB) Maio 1963
"O Reino dos Céus é semelhante
a um tesouro oculto no campo" - assevera Jesus em Mateus,
13: 44.
Efetivamente, enquanto a mensagem
evangélica não repercute em nossa Alma, sensibilizando-nos o coração, não lhe
sabemos dar a necessária valia.
Os outros "tesouros" do
mundo - tesouros com inicial minúscula- empolgam-nos a mente, deslumbram-nos o
coração, aprisionam-nos a consciência.
Os bens materiais, exacerbando a
ambição.
Os louvores dos homens, iludindo-nos
o Espírito.
As considerações do mundo,
ameaçando-nos a estabilidade emocional.
O destaque social, a envolver-nos o
coração em malhas perigosas, porque realmente sutis.
As absorventes requisições do nosso
"eu" inferior - orgulho e vaidade, inveja e ciúme a
nos favorecerem dilatada permanência nas planícies e faixas do egoísmo.
Todas essas expressões, que formam o
conjunto das terrenas circunstâncias, são "tesouros" milenarmente
disputados pelo nosso coração em contendas infelizes, nas recentes experiências
terrestres, ou nas remotas lutas de nossa Alma Eterna.
Sobrestimando semelhantes
"tesouros" cultivando-os alucinadamente, a eles nos apegando com toda
a força de nosso Espírito, não enxergávamos o Grande Tesouro, tão perto de nós
- oculto no campo de nosso coração ...
*
Um dia - no Supremo Instante de
nossa Vida - encontramos o Tesouro Maior, que a nossa
cegueira espiritual não descobria.
Despertamos, radiosamente felizes,
para o Amor, para o Bem com Jesus, trabalhando e servindo em termos de
Eternidade.
Apressamo-nos, então, a comprar
aquele campo, a fazê-lo nosso, isto é, a amar aqueles valores novos, aquelas
moedas diferentes, que passam a constituir, daí por diante, a maior e mais
definitiva razão de ser da nossa existência.
Os "velhos tesouros", que
a nossa ignorância guardara avidamente, começam a perder aquele brilho que
tanto nos ofuscava a visão espiritual.
As antigas formas de vida passam
então a ter relativo significado para o nosso Espírito, para o nosso coração.
Não mais vivemos em função exclusiva
daqueles embaçados "tesouros", eis que um Tesouro Maior - aquele que
por tantos séculos e milênios Se ocultara nas dobras do nosso sentimento - já
se constitui a CELESTE DÁDIVA que nos cabe aceitar, desenvolver, distribuir
É que o Tesouro Maior,
conduzindo-nos o pensamento para os sublimes problemas do Infinito na
Eternidade, faz-nos lembrar, com o poeta (“imagens e Emoções", Ivan Hora
Fontes), que
“A morte igualitária,
lúgubre, infalível,
na comunhão do pó
irmanando as criaturas
vaidades e ambições
baixando ao mesmo nível",
é
a mensageira divina renovando-nos incessantemente, as experiências.
*
O Espiritismo, com Jesus-Cristo, tem
sido, também, para todos nós, que vivemos à sombra augusta e generosa de sua
bandeira de fraternidade, esse Tesouro inavaliável, que nos empolga e felicita,
que nos humaniza e nos torna realmente venturosos.
Cada um de nós se converte num seu
espontâneo e consciente guardião, a fim de que, preservando-o de intromissões
marginais e desagregadoras, possam as suas bênçãos alegrar-nos a vida e a dos
nossos semelhantes.
Deus nos guarde, para que sejamos
menos fracos na guarda e preservação dessa Celeste Dádiva.
Jesus nos abençoe, para que saibamos
fazer muito grande e valioso esse Tesouro - com inicial maiúscula - cujos
luminosos filões vão fertilizando, beneficamente, a sementeira das almas
humanas - encarnadas e desencarnadas.
Guardemos, pois, a Celeste Dádiva,
com que Jesus materializou a promessa do Consolador, como sendo a nossa
"responsabilidade mais alta, porque dia virá em que seremos naturalmente
convidados a prestar contas" do excelso Tesouro, consoante adverte a
respeitável e sempre querida palavra de Emmanuel (“Religião dos Espíritos”, mensagem "Doutrina Espírita",
pág. 191)
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