Materialização
e desmaterialização
Néio
Lúcio
por Chico Xavier
in
Reformador (FEB) Julho 1978
O
problema da materialização e da desmaterialização revela muitas dificuldades
para ser colocado em termos técnicos.
Assim
me pronuncio, com respeito ao assunto, porque em nossa esfera de ação os
enigmas científicos não são reduzidos.
Adianto-lhes,
porém, que se a vida deve ser considerada um todo ascendente, dentro de seus
característicos de aprimoramento e eternidade, o Universo, englobando o
Infinito dos Mundos, deve ser interpretado por organismo vivo, sem solução de
continuidade, isto é, sem vácuos, em suas manifestações diversas nos ângulos
mais remotos da Criação.
Matéria
e espírito constituem para nós, ainda no plano em que evolucionamos, duas
realidades, das quais até agora não conseguimos descortinar o ponto de
interação.
Em
“nosso lado", o avanço das Inteligências de minha condição não vai muito
além das linhas em que o progresso intelectual da Terra está situado. Somos
constrangidos a reconhecer, portanto, que a eletricidade e o magnetismo estão,
por enquanto, apenas levemente vislumbrados no campo em que nos exteriorizamos.
A matéria que nos serve de base ao esforço de ascensão ainda é a grande
desconhecida.
Leis
vibratórias presidem à integração e à desintegração dos átomos em todos os
ângulos da vida e, em nos reportando ao assunto, estimaria poder
transmitir-lhes certos apontamentos que vamos estudando aqui, com relação aos
poderes mentais. Tais poderes são tão grandes e de tamanha importância sobre a
organização da matéria nos mais variados reinos da natureza visível e invisível
que não nos é dado formular algumas de nossas experiências, em terminologia
terrestre, porquanto não somente nos faltam recursos analógicos para o
cometimento, como também porque as Ordenações Superiores acreditam que esse
gênero de revelação perturbaria o clima do progresso humano, por prematuro e
suscetível de favorecer a ignorância e a maldade.
Convençam-se,
contudo, de que os "fenômenos de conversão", como denominamos as
trocas entre os dois planos, se verificam constantemente. Pelo crivo da química
orgânica, milhões de existências surgem aqui, por morrerem aí, e vice-versa.
O
movimento é incessante.
Não
há paradas na ação, tanto quanto não há hiatos no Espaço.
A
vontade é vigoroso fator de prosperidade e decadência. Através do pensamento
próprio, cada espírito cria, destrói e recompõe no presente e no futuro.
Nossas
ideias são ímãs; nossos ideais, turbilhões de força atrativa.
Em
torno de cada criatura, jazem os materiais invisíveis que ela mesma deseja e
que torna visíveis e palpáveis, na esfera humana, por intermédio da assimilação
mental, perispirítica e fisiológica.
A
alma, onde quer que se encontre, permanece "querendo algo" e, em
razão disso, vive criando em processos de cooperação espontânea com o Sumo
Poder que rege a Vida Eterna.
Diariamente,
materializamos e desmaterializamos coisas diversas.
Semelhantes
faculdades são exercidas por nós, com tanta naturalidade, quanto o ato de
respirar.
Daí
nasce o impositivo de nossa renovação individual para o bem.
Nesse
sentido, o aprendiz do Evangelho nada mais realiza, quando sincero e operoso,
que o dever de adaptar-se aos padrões vivos do Divino Mestre, conduzindo a Ele
os materiais de que dispõe, dentro de si próprio, reestruturando-os,
gradativamente, até que possa sintonizar-se com o Senhor, de maneira integral.
Baste-nos,
pois, por enquanto, a confortadora certeza de que cada espírito é pai e, ao
mesmo tempo, filho das próprias obras e que, sendo livre para fazer, é
constrangido a suportar os efeitos da ação ou obrigado a recolher os frutos de
suas realizações felizes ou infelizes, compreendendo-se, assim, que todos somos
independentes na sementeira e escravos na colheita.
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