Livre Arbítrio e Pecado
Autor não informado
Reformador
(FEB) Fevereiro 1961
Jesus
ensinou uma verdade inabalável quando disse: "Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." (João,
8:34)
O
pecado escraviza o Espírito à reparação pela lei inexorável do carma. O livre arbítrio do escravo do pecado está limitado, porque
ele não faz o que quer, faz o que pode, e, tal seja o volume dos pecados e sua
gravidade, ele não pode fazer quase nada ou mesmo absolutamente nada; por
exemplo, quem nasce num corpo anormal, demente, débil mental, não tem livre
arbítrio.
Em
grau maior ou menor, todos somos escravos do pecado e temos nosso livre
arbítrio limitado, desde o berço até o túmulo, e não raramente desde antes do
nascimento até depois da morte, porque podemos estar em encarnação expiatória e
a expiação continuar depois da desencarnação.
O
filósofo que ensina a existência do livre arbítrio e nega a reencarnação, a
preexistência da alma com seus pecados e virtudes, méritos e deméritos, hábitos
arraigados de outras encarnações, tal filósofo põe-se em situação insustentável
diante das limitações inatas.
Só
poderíamos conceber o livre arbítrio perfeito no homem sem as cadeias do pecado
e da ignorância; porém tal homem seria um deus, possuiria atributos divinos,
seria isento de todas as paixões humanas, não seria da Terra. Raríssimas vezes
desce à Terra um Grande Missionário com essas qualidades que
vencem o meio.
A
reencarnação é a chave para compreendermos essas desigualdades de livre
arbítrio condicionado que pode existir em nosso mundo atual, mas sem o qual não
poderia haver responsabilidade, e toda a nossa legislação penal seria
inaplicável, todos os regulamentos seriam inúteis.
A
existência da sociedade humana pressupõe a existência de um livre arbítrio,
mediante o qual os homens assumem compromissos e os solvem mais ou menos bem.
Obedecem a leis morais, militares, civis, escritas ou não, ou incorrem em
sanções por violarem tais leis.
Quanto
mais atrasada é uma sociedade, tanto menos livre arbítrio concede ela aos seus
membros.
As
leis de guerra - as mais bárbaras que sobrevivem em nosso mundo - anulam quase
totalmente o livre arbítrio dos combatentes, privando-os de toda a liberdade de
pensar, decidir e agir conforme a sua vontade e sua consciência. O combatente
obedece a uma disciplina férrea que lhe é imposta pelas leis mesmas da guerra.
O
Espírito que encarna numa sociedade em que existe o serviço militar obrigatório,
deve ser muito inferior, muito culpado, porque é um condenado a obedecer
cegamente, mesmo contra sua consciência e suas convicções mais caras; por
exemplo, na guerra civil, em que ele pode achar-se, por uma fatalidade
geográfica, no exército que combate seus próprios ideais políticos, sociais ou
religiosos, e tem de matar seus amigos em benefício de seus inimigos.
A
Humanidade entrou em 1917 na era das guerras ideológicas. Hoje os povos se
batem por ideias sociais e econômicas e se acham profundamente minados pela
propaganda de ambas as facções. A guerra internacional cedeu lugar à guerra
ideológica, que é guerra civil em grande escala, por vezes até mundial.
Em
cada belonave em operações, uma parte dos marujos tem convicção oposta ao seu
próprio regime nacional em política e é partidária do regime do inimigo, mas
não se pode fazer ouvir, pelo terror que lhe causam as leis de guerra. O mesmo
ocorre em todos os exércitos, em todas as aviações militares.
Onde
o livre arbítrio dos homens que combatem seus próprios amigos e companheiros de
ideal político ou social? São escravos do pecado que os lançou num campo oposto
às suas aspirações íntimas. Se vier a terceira guerra mundial, que as grandes potências estão hoje preparando, ela será uma
guerra civil em escala mundial e sacrificará o livre arbítrio de uma multidão
de criaturas humanas. Esperemos que o carma da Humanidade não seja tão
horroroso e que as Grandes Inteligências, que dirigem os destinos de nossa
pobre Humanidade, evitem a terceira guerra mundial de nosso século. As
discussões sobre desarmamento, em curso na ONU, parecem inspiradas por Deus
através dessas Grandes Inteligências que dirigem nossa evolução. Que nós, os
escravos do pecado, paguemos individualmente nossas culpas, sem envolver a
todos.
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