O Escândalo
18,7 Ai
do mundo por causa dos escândalos, porque é necessário que venham escândalos,
mas ai daquele por quem o escândalo vier.
18,8 Portanto, se a tua mão ou o teu pé te
escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti: Melhor te é entrar na vida coxo
ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado ao fogo eterno.
18,9 Se teu olho te leva ao mal, arranca-o e
lança-o longe de ti; é melhor para ti entrares na vida eterna cego de um olho
que, seres jogado, com teus dois olhos, ao fogo eterno.
Para Mt (18,7-9),
-O Escândalo - encontramos a palavra de Kardec,
no Cap. VIII de “O Evangelho...”:
“No sentido evangélico, a acepção da
palavra escândalo, tão frequentemente
empregada, é sempre mais geral e, por isso, não se lhe compreende a acepção em
certos casos. Não é mais, somente, o que ofende a consciência de outrem, é tudo
o que resulta dos vícios e das imperfeições dos homens, toda reação má de
indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussão. O escândalo, nesse caso, é o resultado efetivo do mal moral.”
“É preciso que haja escândalo no
mundo, disse Jesus, porque os homens,
sendo imperfeitos sobre a Terra, são
inclinados a fazer o mal, e as más árvores dão maus frutos. É preciso, pois,
entender por essas palavras que o mal é uma conseqüência da imperfeição dos
homens, e não que haja para eles a obrigação de praticá-lo.”
Para MT (18,8),
-Escândalos - trouxemos a palavra de Emmanuel por Chico Xavier, conforme
encontrado em “Caminho, Verdade e Vida”:
“Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do
sofrimento e do destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus de seus belos e
sábios princípios.
Esta passagem de Mateus é sumamente
expressiva.
É indispensável considerar que o
Mestre se dirigia a uma sociedade estagnada, quase morta.
No concerto das lições divinas que
recebe, o cristão, a rigor, apenas conhece, de fato, um gênero de morte, a que
sobrevêm à consciência culpada pelo desvio da lei; e os contemporâneos do
Cristo, na maioria, eram criaturas sem atividade espiritual edificante, de alma
endurecida e coração
paralítico.
A
expressão
“melhor te é entrar na vida” representa
solução fundamental. Acaso, não eram os ouvintes pessoas humanas? Referia-se, porém, o Senhor à existência
contínua, à vida de sempre, dentro da qual todo espírito despertará para a sua
gloriosa destinação de eternidade.
Na elevada simbologia de suas
palavras, apresenta-nos Jesus o motivo
determinante dos renascimentos dolorosos, em que observamos aleijados, cegos e
paralíticos de berço, que pedem semelhantes provas como períodos de refazimento
e regeneração indispensáveis à felicidade porvindoura.
Quanto à imagem do “fogo eterno”,
inserta nas letras evangélicas, é recurso muito adequado à lição, porque,
enquanto não se dispuser a criatura a viver com o Cristo, será impelida a
fazê-lo, através de mil meios diferentes; se a rebeldia perdurar por infinidade
de séculos, os processos purificadores permanecerão igualmente como o fogo
material, que existirá na Terra enquanto seu concurso perdurar no tempo, como
utilidade indispensável à vida física.”
Ainda para Mt (18,7) -É
necessário que venham escândalos...- leiamos “Livro da Esperança” de Emmanuel por Chico Xavier:
“Imaginemos um
pai que, a pretexto de amor, decidisse furtar um filho querido de toda relação
com os revezes do mundo.
Semelhante
rebento de tal devoção afetiva seria mantido em sistema de exceção.
Para evitar acidentes climáticos
inevitáveis, descansaria exclusivamente na estufa, durante a fase do berço e,
posto a cavaleiro de perigos e vicissitudes, mal terminada a infância,
encerrar-se-ia numa cidadela inexpugnável, onde somente prevalecesse a ternura
paterna, a empolgá-lo de mimos.
Não frequentaria qualquer
educandário, a fim de não aturar professores austeros ou sofrer a influência de
colegas que não lhe respirassem o mesmo nível; alfabetizado, assim, no reduto
doméstico, apreciaria unicamente os assuntos e heróis de ficção que o genitor
lhe escolhesse. Isolar-se-ia de todo o contato humano para não arrostar
problemas e desconheceria todo o noticiário ambiente para não recolher
informações que lhe desfigurassem a suavidade interior.
Candura inviolável e ignorância
completa. Santa inocência e inaptidão absoluta.
Chega, porém, o dia em que o
genitor, naturalmente vinculado a interesses outros, se ausenta
compulsoriamente do lar e, tangido pela necessidade, o moço é obrigado a entrar
na corrente da vida comum.
Homem feito, sofre o conflito da
readaptação, que lhe rasga a carne e a lama, para que se lhe recupere o tempo
perdido e o filho acaba enxergando insânia e crueldade onde o pai supunha
cultivar preservação e carinho.
A imagem ilustra claramente a
necessidade da encarnação e da reencarnação do espírito nos mundos inumeráveis
da imensidade cósmica, de maneira a que se lhe apurem as qualidades e se lhe
institua a responsabilidade na consciência. Dificuldades e lutas semelham
materiais didáticos na escola ou andaimes na construção; amealhada a cultura ou
levantado o edifício, desaparecem uns e outros.
Abençoemos, pois, as disciplinas e
as provas com que a Infinita Sabedoria nos acrisolam as forças, enrijando-nos o
caráter.
Ingenuidade
é predicado encantador na personalidade, mas se o trabalho não a transfigura em
tesouro de experiência, laboriosamente adquirido, não passará de flor preciosa
a confundir-se no pó da terra, ao primeiro golpe de vento. ”
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