Fortaleçamos
a
Unificação Espírita!
Túlio
Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Novembro 1958
Esfalfam-se
os frades em dizer inverdades acerca do Espiritismo, a fim de fazerem crer que
a sua Igreja continua sendo a monopolizadora da verdade na face da Terra. Nada
nos surpreende da parte desses e de outros megafones do alto clero, porque
nunca se dispuseram a ser fiéis ao espírito evangélico, de modo que não se lhes
pode exigir seriedade nas atitudes que tomam. São pseudo cristãos empenhados em
nova “cruzada”. Indiscutivelmente, lutam hoje com maiores dificuldades, porque
não podem dispor de câmaras de torturas nem de fogueiras, como sucedia em
outros tempos, quando, vencidos pela verdade dos fatos e pela lógica dos
acontecimentos, lançavam mão daqueles expedientes terríveis, enodoando a pessoa
amada do Cristo, em nome de quem se excediam em práticas ofensivas ao espírito
de mansidão e tolerância do Mestre.
Esses
frades estão reproduzindo argumentos que já foram destruídos por homens da têmpera moral e científica de William Crookes,
Alexandre Aksakof, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne e outros. O que antes lhes
era vedado pelos mentores do clericalismo, hoje já lhes é permitido. Já estão
perdendo o medo de Satanás, depois que Papini desmanchou o andor... Então,
entregam-se a experimentos de hipnotismo e procuram demonstrar à sua moda que o
Espiritismo não existe, que os fenômenos espíritas são balelas inventadas por
indivíduos fraudulentos para embair a Humanidade... Nós, os espíritas, não
temos maior interesse em examinar os argumentos clericais, porque já os
conhecemos e os sabemos mentirosos. O povo, que já não se deixa enganar pelos
padres, sente em sua própria carne a “sinceridade” da Igreja. Quanto ao
Espiritismo, nele milhares e milhares de sofredores têm obtido alívio para os
seus infortúnios. Sabem que os espíritas têm um passado limpo e nobre, que
nunca mataram, nunca torturaram e jamais fizeram de Jesus trampolim para a
conquista de posições políticas e mundanas. O Espiritismo tem progredido pelos
fatos e não por falsidades. O papel do clero, do alto
clero, diremos melhor, sempre foi o de mentir e injuriar, intrigar e falsear,
de modo que nós seríamos muito ingênuos se acreditássemos, agora, numa sua
resolução de renunciar ao negro passado para adotar, perante a Humanidade, a
única atitude que devem ter os verdadeiros cristãos: a de respeitar as outras
religiões, tratando-as com o espírito de tolerância, como está nos Evangelhos.
Um
desses frades declarou que seriam feitas levitações de objetos. Esperemos que o
façam, mas não nos surpreenderemos com os meios que empregarão para esse fim. Se
tiverem um médium de efeitos físicos que possa ajudá-los nisso, tudo será
possível. Nesse caso, em vez de desmancharem o prestígio incontestável do
Espiritismo, acabarão por aumentá-lo. Mas se não tiverem um médium dessa
natureza, então só mesmo recorrendo a “milagres”. E todos sabem que os milagres
andam raros e bem desacreditados hoje em dia. Depois da reunião dos bispos no
Pará, os frades começaram a pôr as manguinhas de fora. E o fazem com uma
desenvoltura verdadeiramente pagã. Assim, é possível que apareça algum milagre,
se é que a suspensão não está mais de pé... Dizemo-lo porque o nosso alegre
amigo Voltaire, em seu “Dicionário Filosófico”, conta o
seguinte: “Um pequeno monge estava tão acostumado a realizar milagres que o prior
lhe proibira exercer seu
talento. O pequeno monge obedeceu; mas, tendo visto
um pobre telhador cair do alto de um telhado, ficou indeciso entre salvar-lhe a
vida e manter a santa obediência. Ordenou apenas que o telhador permanecesse
suspenso a meio caminho do solo, até nova ordem, e correu depressa a contar ao
seu prior o estado das coisas. O prior absolveu-o do pecado que cometera,
iniciando um milagre sem licença, e permitiu que o terminasse, contanto que
nunca mais o repetisse.”
Voltaire
Pode
ser que a proibição tenha sido levantada e, nesse caso, os frades cá do Brasil
já possam reiniciar o programa milagreiro que “encheu” a História, até que a
inteligência esclarecida do homem começou a desfazer as ilusões que os cérebros
pouco desenvolvidos aceitavam passivamente.
E
o mesmo Voltaire lembra que São
Crisóstomo dissera expressamente: “Os dons extraordinários do espírito eram
dados mesmo aos indignos, porque então a Igreja necessitava de milagres; hoje,
eles não são concedidos nem mesmo aos dignos, pois a Igreja já não necessita
deles.” Vê-se que São
Crisóstomo se referia a uma época em que as vacas estavam gordas. Hoje, tudo
está sendo diferente. O alto clero vê que tem de transigir com os costumes,
renunciando a certos preconceitos católicos, aceitando conquistas da Ciência e concordando
com tudo quanto seja capaz de retardar o seu desmoronamento. Neste caso, os
milagres são novamente necessários. Para isso, os frades se encontram em
atividade febril, fiéis àquele lema: “os fins justificam os meios.” Pelo menos,
Bruno, em “A Questão
Religiosa”, é positivo: “Divide, para governar”: esta é a máxima de
todos os maquiavelistas. Sejam da política. Sejam da Igreja.”
Qual
é o papel de todos os espíritas diante da Igreja? Unirem-se mais ainda, levando
o programa da Unificação, lançado pela Federação Espírita Brasileira, ao
máximo. Não nos importam os expedientes de que se vale o alto clero católico.
Eles não nos poderão fazer mal, porque não mentimos, não -hostilizamos, não
injuriamos, não traímos o Cristo, não desmentimos os Evangelhos. Portanto, nada
temos a temer. A nossa atitude só pode ser uma: a de prestigiarmos com
dedicação crescente o plano de Unificação do Espiritismo. Todo o atual trabalho
da Igreja se desenvolve no sentido de evitar essa unificação, de perturbar a
execução total do plano unificador, que tão bons resultados vem dando desde que
foi aprovado. Para consegui-lo, o clero fará tudo que lhe for possível,
dispondo como dispõe de recursos humanos ilimitados e em todos os sentidos.
Será
um esforço vão, porque o Espiritismo, tal como o Espírito, é imortal, pois não
é obra do homem, não vive amancebado com o Poder, não se mundaniza. Sua defesa
está nos Evangelhos. E basta.
Indalício Mendes
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