A “herege”
que alcançou a “santidade.”
por Kleber Halfeld
Reformador
(FEB) Janeiro 1995
Sua
comovente história tem inspirado numerosos escritores e cineastas.
Limito-me,
neste trabalho, à citação de uns poucos, mais em evidência através dos anos.
De
início, entre os primeiros, Schiller com "A donzela de Orléans",
drama que inspirou a ópera do conhecido compositor russo Tchaikovski; George
Bernard Shaw, que escreveu "Santa Joana", trabalho composto de seis
cenas e um epílogo; Christine de Pisan, com "Balada de Joana d' Arc''; Chapelain,
autor de "A PuceIa" e CIaudel, com a obra "Joana na
fogueira", um oratório, com música de Honegger.
Entre
os segundos, destaco Victor Fleming - "Joana d'Arc"; Otto Preminger -
"Santa Joana"; Roberto Bresson - "O processo de Joana d' Arc"
- e Carl Dreyer - "A paixão de Joana d' Arc".
Com
referência à literatura espírita, quem desconhece a extraordinária obra de Léon
Denis, "Joana d' Arc"?
*
Aqueles
que tiveram ensejo de ler o volume nº 12, referente ao ano de 1869, da Revista Espírita, na parte índice
Biobibliográfico, encontram estes dados bem sintéticos:
"Joana
d'Arc - Heroína francesa, nascida em 1412 em Domrémy, filha de modestos
operários, levou vida humilde na infância, permanecendo analfabeta. Diz o seu
confessor que era ignorante a ponto de apenas saber o Pai Nosso. Guardava o
rebanho do pai e ajudava a mãe nos trabalhos domésticos. Piedosa, sensível,
alma ardente; era patriota. (...) Ouvia vozes, que dizia serem de São Miguel,
de Santa Catarina e Santa Margarida, que se manifestavam quando tinha ela 13
anos, mandando-a marchar em auxílio do Delfim. Foi nomeada "chefe de
guerra".
Então intimou os
ingleses a entregar as chaves dos lugares ocupados, em nome do rei do céu.
Atacou-os, entrou em Orléans a 29 de abril e em pouco tempo os derrotou
completamente.
Lutou contra os
inimigos internos. Processada, foi queimada na praça do Vieux-Marché, em Ruão,
a 30 de maio de 1431." (...)
(Nota - A entrada de
Joana d' Arc com seu exército em Orléans, deu-se a 29 de abril de 1429.)
A
missão da donzela (fr. pucelle) de Orléans foi tão marcante que chegou a
inspirar Gabrielle Jeffery, em 25 de março de 1911, a fundar a Sociedade
Sufragante de Mulheres Católicas, a qual em 1923 mudaria o
nome para Santa Aliança Internacional.
De
acordo com dados colhidos, urna organização sem qualquer filiação política, de
mulheres, a atribuir à situação geral de inferioridade reservada à mulher os
grandes males do mundo.
Seu
objetivo: o princípio cristão da equivalência dos sexos, pretendendo, assim,
valorizar o trabalho e a eficácia da mulher católica, tornando-a útil à
comunidade. No caso específico de Joana d' Arc, cujos feitos chegaram ao
conhecimento de todos os países, sabemos que somente em 1894, por decreto do
Papa Leão XIII, seria considerada venerável; em 1909 proclamada beata por Pio X
e, finalmente, em 1920, inscrito seu nome no álbum dos santos.
Como
se percebe, longos anos escoariam na ampulheta do tempo para que a heroína francesa tivesse o reconhecimento do trabalho
realizado à frente de um exército, objetivando a libertação de sua pátria.
A
par de inúmeras obras descritivas desse vulto que continua a ter um número cada
vez maior de admiradores, duas merecem atenção mais particularizada em nos
referindo à literatura espírita. Faço menção aos trabalhos "A história de
Joana d' Arc ditada por ela mesma", recebida pela mediunidade de Ermance
Dufaux, urna menina de 14 anos que também recebera obras referentes a Luís XI e
Carlos VIII, e "Joana d' Arc", de autoria de Léon Denis, um dos mais
completos trabalhos sobre a donzela de Orléans que a estante espírita possui.
Segundo
podemos ler na obra de Canuto de Abreu, "O Livro dos Espíritos e sua
Tradição Histórica e Lendária" (pág. 88), Ermance de Ia Jonchére Dufaux
"colaborou,
como médium, com Kardec, na elaboração da segunda edição de
'O Livro dos Espíritos', de 1860, que se popularizou. O seu guia
espiritual deu grande incentivo a Kardec para publicar a 'Revue Spirite' e
Ermance, com seu pai, o Senhor Dufaux, se tornou sócia fundadora da 'Societé
Parisienne des Études Spirites', Podemos, também, considerá-Ia uma heroína
espírita, pois, o seu livro - 'Histoire de Jeanne D'Arc, dictée par elle-même'
(edição original de Meluu, Paris, 1855) - foi consumido na mesma fogueira em
que arderam as obras de Kardec e de outros, acesa pelo auto-de-fé em Barcelona,
Espanha, no dia 9 de outubro de 1861. 'Revue Spirite', dos meses de março, maio
e junho de 1858, reproduz o seu manuscrito de 1857 'Confections de Louis XI.
Histoire de sa vie dictée par lui meme'. 'Passou-se com ela (Ermance) um curioso fenômeno. A
princípio era bom médium psicógrafo e escrevia com grande facilidade; pouco a
pouco tornou-se médium falante (de incorporação ou psicofônico) e, à medida que
esta nova faculdade se desenvolve, a primeira se atenua...' (registra Kardec,
in 'Revue Spirite', janeiro de 1858)".
Conforme
esclareci em Reformador de março de 1990, Kardec, que teve a oportunidade de
conhecer pessoalmente a senhorita Ermance Dufaux, fez questão de frisar que
"os
incrédulos farão sempre mil e uma objeções; mas para nós, que vimos o médium, a
origem do livro não poderia ser posta em dúvida.
(...) sua instrução
era a das meninas de família decente, educadas com cuidado, mas, ainda quando
tivesse uma memória fenomenal, não seria nos livros clássicos que iria
encontrar documentos íntimos, dificilmente encontradiços nos arquivos da
época".
Infelizmente
o livro não chegou até nós.
O
que é de lamentar, porquanto seria interessante fonte de estudo.
Por
outro lado, a obra de Léon Denis teve merecida divulgação por parte da
Federação Espírita Brasileira. Trata-se de excelente biografia sobre a jovem
que projetou Domrémy - sua cidade natal -, a todos os quadrantes. Além de
apresentar dados biográficos, contém as opiniões favoráveis ou antagônicas
àquela que fez coroar Carlos VII, em Reims, em 1429, e que, depois de repelir o
exército inglês, teve sua condenação à fogueira por um tribunal camuflado de
eclesiástico. Ainda na mesma obra fala o autor a respeito das vozes que a
despertaram para sua missão. Vozes que a mantiveram firme durante longo tempo à
frente das tropas francesas e que finalmente a sustentaram no momento do
suplício das chamas.
Já
na Introdução de seu livro cita Denis
os que foram acordes em exaltá-la, considerando-a uma heroína de gênio, uma
espécie de messias nacional: Michelet, Wallon, Quicherat, Henri Martin, Siméon
Luce, Joseph Fabre, Vallet de Viriville, Lanéry d'Arc.
Mas
não deixa passar a oportunidade para dizer:
"Enquanto
de um lado, exaltando-a sobremaneira, procuram monopolizá-la e
encerrar-lhe a personalidade no paraíso católico, de outro, por uma
tática, ora brutal com Thalamas e Henri Bérenger, ora hábil e erudita, servida
por um talento sem par, com Anatole France, esforçam-se por lhe amesquinhar o
prestígio e reduzir-lhe a missão às proporções de um simples fato episódico.'
A
par de todas as opiniões catalogadas por Léon Denis à figura de Joana d' Arc,
dos comentários sobre as vozes que a assistiam e da missão cumprida à frente
dos homens de armas, uma das páginas que muito nos elucida e conforta do ponto
de vista espiritual é aquela expressa pela própria comunicação que ela deu por
via mediúnica.
Confessa
Denis que ele mesmo se esforçara no sentido de conseguir essa mensagem.
Escreveu
ele: (Cap. XVIII)
"Cedendo
aos nossos rogos, consentiu (Joana d'Arc) em resumir todo o seu pensamento numa
mensagem, que nos consideramos no dever de reproduzir com escrupulosa
fidelidade," (...)
Adianta
ele que a mensagem possuía todas as garantias desejáveis de autenticidade:
"O
Espírito que a ditou escolheu para intérprete um médium que vivera no décimo
quinto século e conservava, no seu "eu" profundo, lembranças,
reminiscências daquela época. Por esta circunstância, possível lhe foi imprimir
à linguagem, dentro de certos limites, o cunho do tempo."
Nesse
sentido, o autor, ou seja, Léon Denis, teve o cuidado de colocar uma nota no
rodapé da página para alertar os leitores:
"Objetar-me-ão, talvez, que Joana não
sabia ler, nem escrever. Responderei que depois de sua morte trágica, ao
regressar para o espaço, ela recobrou todos os seus conhecimentos
anteriores."
A
mensagem foi recebida no dia 15 de julho de 1909. Não a transcreverei toda, limitando-me,
apenas, a alguns tópicos.
Bastará,
porém, para que percebamos a inteligência do Espírito comunicante.
A
respeito da responsabilidade das encarnações, escreveu:
"(...)
as vidas que o Senhor nos dá devem ser utilizadas santamente, a fim de estarmos
em sua graça.(...)
Sobre
a curiosa outorga de forças aos fracos, assim se expressou "Ele
(ou seja Deus) sempre escolheu os fracos para realizar seus desígnios,
porquanto sabe dar força ao cordeiro, conforme o prometeu;" (...)
Confessando
com humildade a fraqueza e o medo que a assaltaram no dia-a-dia de sua vida,
sobretudo, depois de estar consciente de sua missão, considerou:
"Ele
me ocultou, por seus enviados, o fim doloroso que tive, compadecido da minha
fraqueza e do medo que o sofrimento me causava; porém, chegada a hora, recebi,
por intermédio daqueles enviados, toda a força e toda a coragem."
Com
referência à alegria que experimentava ao ouvir as vozes que sempre a
sustentaram no decorrer de seu trabalho missionário, de forma clara e objetiva
escreveu:
"Dizer-vos
o que se passava então em mim não é possível, porque eu não vos poderia
descrever a minha alegria calma e intensa;" (...)
Finalmente,
abrindo seu coração para manifestar o amor que dedicava à Igreja - à sombra da
qual se criara -, mas ao mesmo tempo deixando perceber sua desilusão quanto a
essa mesma Igreja, através da conduta dos adeptos que haviam plantado o ódio em
suas fileiras no decurso dos anos, desabafou de forma muito incisiva:
-
"Choro o ódio que plantaram entre seus irmãos, o mau grão que semearam no
campo da Igreja e que levou esta mãe que tanto amei a procurar mais a fé do que
o amor do perdão. É-me grato, entretanto, vê-los emendar-se a confessar um
pouco o erro que cometeram; porém, não o fizeram como eu desejara e a minha
afeição à Igreja se desligará cada vez mais desta antiga reitora de almas, para
se dar tão-somente ao nosso doce e gracioso Senhor."
A
comovente quão instrutiva mensagem, assinada com o nome Jehanne, é, assim, o espelho a refletir, ao mesmo tempo, a
humildade e a superioridade moral da camponesa que um dia, acolhendo o chamado
do Alto, partiu de sua quase desconhecida aldeia para libertar a França do jugo
da Inglaterra!
*
No
volume referente ao ano de 1869, da Revista Espírita, na mesma parte que trata
dos dados biográficos de Joana d' Are lemos esta curiosa informação:
"(...)
Dizia uma lenda que a realeza, perdida por uma mulher, seria salva por uma
virgem. A mulher nefasta era Isabel da Baviera; a virgem libertadora - Joana D'
Arc." (...)
Uma
lenda que na verdade passou a constituir uma realidade, consoante os próprios
dados fornecidos pela História.
Isabel
da Baviera, rainha de França, nasceu em 1371, tendo desencamado em 1435.
Era
filha de Estêvão Il, Duque da Baviera.
Possuidora
de grande beleza, casou-se aos 15 anos com Carlos VI, sendo coroada em 1389.
Amava,
de início, o marido, contudo, a corte corrupta que a cercava acabou por
modificar sua vida: tomou-se frívola e imediatista.
Quando
o marido enlouqueceu, separou-se dele, dedicando-se a Luís de Orléans. Após a
célebre carnificina dos Armagnacs, tomou Isabel partido contra o próprio filho,
o Delfim Carlos. Por sua vez, o assassinato de João sem Medo, que já a
libertara anteriormente quando fora ela para o desterro, lançou-a nas mãos dos
ingleses. Por conselho então de Filipe de Borgonha, entregou o reino ao então
rei da Inglaterra: Henrique V!
Essa
a França encontrada por Joana d' Are.
Esse
o país do qual condoeram-se as "vozes".
Essa
a terra que a menina nascida em Dornrémy haveria de libertar do jugo dos ingleses,
afrontando a descrença e o escárnio de seus contemporâneos!
Que
jamais poderiam acreditar em sua forças.
Que
jamais poderiam julgá-la habilitada a vencer o exército inglês!
A
história de Joana d' Arc é parte, afinal, da história que durou um século,
entre a França e a Inglaterra, a partir do ano de 1337.
Não
se tratava exatamente de um conflito entre dois povos constituídos em nações
nitidamente diferenciadas.
Senão,
vejamos.
Muitos
"ingleses" eram normandos, isto é, franceses que chegaram à
Inglaterra com Guilherme, o Conquistador, no ano de 1066. Por outro lado,
muitos "franceses" eram bretões, ou seja, ingleses habitando há
muitas décadas o norte da França!..
De
qualquer forma, os ingleses obtiveram em 1415 uma vitória decisiva e, por um
tratado assinado em Troyes, metade da França passou para o domínio de Henrique
V, rei da Inglaterra, ficando a outra metade sob o governo de Carlos VI.
Morrendo
Carlos VI, foi coroado rei da França o filho de Henrique V, um inglês,
portanto! Para os franceses, todavia, rei mesmo era Carlos VII, filho do
falecido monarca.
Entre
os franceses que não aceitavam o domínio inglês estava a camponesa Joana.
A
moça que haveria de enfrentar a Inglaterra!
Bastaria
o ter ganho ela - distanciada de todo e qualquer conhecimento militar - uma
simples batalha para já merecer o elogio de seu país. Entretanto, o que a
História haveria de registrar em suas páginas, para espanto de todos, é que a
Pucela venceria muitas batalhas, libertando o seu povo dos grilhões do domínio
inglês. Tudo isso, lançando mão de incríveis táticas de guerra!
Esses
feitos extraordinários, aliás, inspiraram na época inúmeras representações
teatrais.
Por
exemplo, numa teatralização ocorrida em 1456, em Orléans, um dos atores
exclamava em determinado ponto da peça:
-
Um só de nós vale por cem sob o estandarte da Pucela!
Afirmava
Joana d'Arc possuir muito medo da traição. E foi justamente a traição que a
levou à fogueira, após ter passado por um julgamento que a História registraria
como inteiramente irregular, onde os gestos de traição surgiam a cada
instante!
Entre
parênteses, devemos considerar que uma série de triunfos coroou esse martírio.
Em
1435, pelo Tratado de Arras, a região da Borgonha voltaria às mãos da França
Um
ano mais tarde Paris foi reconquistada, seguindo-se a Guiena e a Normandia.
A
tomada de Bordéus em 1453, na batalha de Castillon, pôs termo à guerra e dos
outrora extensos domínios ingleses na França, só restaria o porto de Calais!
Mas,
a respeito do julgamento irregular de Joana d' Are, da traição que a envolveu,
um espírita da cidade de Antuérpia, ao tempo de Kardec, correspondente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
teve a lembrança de enviar ao Codificador um artigo escrito por Natalis de
Wailly. A esse mesmo artigo o correspondente teve igualmente o cuidado de
juntar uma nota que segundo Kardec era fruto das pesquisas pessoais do remetente.
Dizia
a nota (Revista Espirita, dezembro/1867):
"(...)
Pierre Cauchon, bispo de Beauvais, e um inquisidor chamado Lemaire, assistidos
por sessenta assessores, foram os juízes de Jeanne. Seu processo foi instruído
segundo as formas misteriosas e bárbaras da Inquisição, que havia jurado a sua
perda. Ela quis louvar-se no julgamento do Papa e do Concílio de Bâle, mas o
bispo se opôs. Um sacerdote, L'Oyseleur, a enganou, abusando da confissão, e
lhe deu funestos conselhos. Por força de intrigas de toda sorte, ela foi
condenada em 1431, a ser queimada viva como mentirosa, perniciosa, enganadora
do povo, adivinha, blasfemadora de Deus, descrente na fé de Jesus-Cristo,
gabola, idólatra, cruel, dissoluta, invocadora dos diabos, sistemática e
herética."
A
verdade sobre sua pessoa haveria, entretanto, de aparecer.
No
ano de 1456, um quarto de século portanto depois de seu julgamento e
condenação, o Papa Calixto Il, através de uma comissão eclesiástica, fez
pronunciar a
reabilitação de Joana d' Are, e por intermédio
de solene sentença foi declarado que ela morrera mártir em defesa de seu rei,
de sua pátria e de sua religião.
As
condições de venerável, beata e santa só seriam admitidas pela Igreja a partir de quatro séculos
mais tarde, conforme vimos anteriormente. Mais precisamente, nos anos de 1894,
1909 e 1920.
Quanto
às reações à morte de Joana na fogueira, houve muitas que ficaram nas páginas
da História.
Na
Alemanha, em 1800, Schiller, através de trágico poema vingava Joana d' Are das
insânias de Voltaire.
Goethe,
reconhecendo o valor da obra de Schiller, escrevia a ele:
"Sua
obra é tão boa, tão boa, e tão bela, que não vejo o que se lhe possa
comparar."
Por
sua vez A. W. Schlegel, um crítico eminente e amigo de Madame de Staël,
consagrava uma peça em verso ao suplício da heroína, enquanto a própria Madame
de Staël escrevia em seu livro "Da Alemanha":
"Só
os franceses permitiram que se insultasse a memória de Joana."
A
Itália também se incorporou, nessa época, ao grupo dos países que fizeram
referências a Joana d' Arc. Destaca-se nesse particular a figura de Antônio
Morosini, nobre veneziano e negociante armador. Com o título "A Crônica
Geral de Veneza" ou "Diário", publicou um jornal mantido sem
interrupção desde 1404 até 1434, a respeito do qual a Revue Hebdomadaire fez um comentário:
"Observador
perspicaz e judicioso, Morosini intercalou no texto vinte e cinco cartas ou
grupos de cartas, em que se relatavam as ações da PuceIa, à medida que iam
sendo praticadas." (...)
Na
Inglaterra, Sir Edward CIarke escrevia:
"(...)
Consideramos Joana a maior heroína que o mundo já conheceu; lamentamos quanto
com ela fizeram, o que tudo foi muito malfeito." (...)
Nesse
mesmo país, James Darmester, em sua obra "Nouvelles Études
Anglaises", deixaria uma curiosa observação:
"(...)
Na Inglaterra, a vida de Joana d'Arc, a partir de sua morte até nossos dias, se
divide em três períodos: feiticeira, heroína, santa; primeiramente, dois
séculos de insultos e ódio; depois, um século de justiça humana; finalmente, em
1793, uma era de adoração e de apoteose!"
De
minha parte, acrescento que à acusação de feiticeira, soube Joana d' Arc
demonstrar ao mundo a confiança irrestrita que depositava nas vozes do céu que
a
assistiam, isto é, nos Espíritos que se
postaram a seu lado, sustentando-a em todos os momentos; muitos anos depois, já
na Espiritualidade, à expressão heroína,
buscaria o cultivo da humildade de coração; e à designação de santa, manteria o raciocínio de que tanto
ela quanto todos nós, não passamos, em verdade, de simples viajores na eterna
caminhada em busca de novos estágios evoluiivos ...
Em
consequência, nenhuma criatura de bom senso poderá reclamar para si qualquer
expressão de santidade, uma vez que "puro", na real acepção do termo,
o Planeta somente conheceu um Espírito: - Jesus!
*
Difícil
a alusão a todas as circunstâncias que cercaram a donzela de Orléans.
Difícil
a consideração - em simples artigo -, a todos os segmentos correlacionados com
as teses espíritas.
Desta
forma é de grande proveito para o estudioso do Espiritismo a leitura da obra de
Léon Denis, insistentemente mencionada neste trabalho.
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