terça-feira, 13 de agosto de 2013

42a. e 42b. Revelação dos Papas Gregório VIII

42a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo –


                               Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Gregório VIII, papa

O médium vê um homem alto, cheio de corpo, corado,
de rosto redondo e cabelos brancos, em cachos,
vestindo um manto roxo e tendo na cabeça a tiara
e nos ombros uma pequena pelerine de pelúcia branca.
Está circundado de lua azulada, mesclada de raios luminosos,
brancos, prateados e verdes.


            Aqui está, na vossa presença, o espírito do papa Gregório VIII, ,que vem ao mundo para desobrigar-se do compromisso, que assumiu para com Deus, de confessar perante a cristandade todas as fraquezas e desvios que teve durante o tempo em que cingiu a fronte com a tiara.

            O espírito presente baixa ao mundo radiante de alegria, feliz e ditoso, sentindo indescritível prazer ao pousar sobre a Terra para depor em favor da grande Verdade Espírita, confirmando as revelações dos papas que o precederam aqui, desses seus irmãos e companheiros de infortúnio no mundo dos espíritos, onde padeceram as maiores dores e sofreram os mais justos e merecidos castigos.

            Sou do número dos que se deixaram dominar pelas ambições e interesses materiais; por isso, sinto ainda a consciência abalada pelos remorsos que nela habitara, durante longo tempo; experimento ainda cruéis sensações que tive no terrível momento em que o meu espírito libertou do corpo material, por meio do qual praticou tão graves erros, cometeu tantas injustiças e semeou tantas desordens, contribuindo para o atraso da humanidade, cujo progresso retardou.

            Ser papa é a maior de todas as infelicidades; ser pontífice romano é a mais inútil e criminosa posição que um espirito pode ocupar na superfície do planeta Terra; ser papa é contrariar a verdade, negar o que é insofismável, apagar o que existe de mais claro e luminoso - a justiça de Deus, a sabedoria e perfeição das Suas leis. Ser pai da cristandade; no planeta que habitais, meus filhos, é a mais dura provação a que um espírito pode submeter-se. Não ha nada mais falso, mais absurdo, mais incoerente e que mais atente contra a razão e a lógica, que a proclamada infalibilidade dos papas.

            É preciso que eu vos fale aqui com a mais absoluta franqueza, que vos mostre, com a maior clareza e precisão, os erros e as falsidades de que está eivada a doutrina religiosa que julgais ser a mais perfeita e consentânea com a justiça de Deus.

            A infalibilidade é a maior das heresias até hoje proclamada do alto da cadeira de S. Pedro, a mais escandalosa das mentiras apregoadas em nome de Deus e de Jesus Cristo; é a mais despudorada afirmação lançada do alto do trono pontifício, de onde devia partir somente a palavra da verdade cristalina, pura e imaculada, como é a doutrina santa ele Jesus: esses homens, os papas, nada mais tem feito senão cavar um abismo profundo em torno da cristandade terrena, semeando na superfície do planeta as desordens e os abalos, as convulsões e os atritos que tanto têm concorrido para o descrédito do Cristianismo.

            Infalível, podeis ficar certos, só existe um - Deus; santo, também só um existe - Jesus. Ninguém, portanto, por mais puro e sábio que seja, poderá arrogar-se o direito de usar títulos e prerrogativas que só à divindade pertencem.

            Deus é a única fonte de sabedoria existente no Universo, a única inteligência que jamais se perturba, cujo brilho jamais se empana, cuja lucidez jamais se ofusca. Deus é a única vontade incontrariável, a única justiça inconfundível, a única sabedoria que não encontra símile, o único amor que não tem limites.

            Fala-se, entretanto, na sabedoria e no amor do Santo Padre, na infalibilidade da sua justiça, na absoluta justeza das suas sentenças! Irrisão! Emprestar-se aquele que vive ainda sujeito, escravizado, prisioneiro dos vícios e impurezas da matéria, os predicados que podem somente ornar a divindade, pertencer a Deus que é o infinito de todas as perfeições!..

            Fui também proclamador dessas inverdades, arauto dessas mentiras, divulgador desses absurdos - monstruosas teorias, nocivas afirmações perfidamente feitas em nome de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fui também mentiroso, falso, mistificador e impenitente desfrutador das honras e prerrogativas usurpadas à divindade. Fui dos mais levianos apregoadores dos falsos ensinos que a Igreja tem disseminado por todo o mundo cristão, das fábulas e anedotas contadas às criaturas ingênuas, sinceras e crentes, cheias de boa fé e boa vontade para aceitar as criminosas doutrinas emanadas do alto da cadeira de S. Pedro.

            Tive também a mesma falta de escrúpulo e de consciência, difundindo ensinamentos perniciosos aos meus irmãos dia Terra, ofendendo a justiça e a sabedoria eternas, proclamando-me infalível, sábio, justo, pai cheio de amor e de bondade, consciência pura, razão esclarecida, alma inocente, angelica, imaculada e santa, quando, entretanto, praticava os maiores absurdos, as mais comprometedoras e reprovadas ações, indignas de quem se proclamava, pela sua própria boca, infalível e santo.

            Concorri para esse descalabro em que se debate o mundo cristão: fomentei a desordem moral que ora se observa por toda parte; rasguei o Evangelho, violei os ensinamentos de Jesus, profanei a lei de Deus, menti perante Deus e a minha própria consciência, sacrifiquei a verdade a interesses egoísticos, grosseiros, corrompi consciências, implantei a cizânia entre os prelados, dividi para governar, humilhei para triunfar, persegui para dominar, tiranizei para reinar absoluta e despoticamente.

            Fui, talvez, o mais falível dos pontífices romanos, o mais impuro dos papas, o menos santo dos padres que se sentaram no trono de rei da cristandade. Não houve, todavia, quem mais falasse em pureza, sabedoria, infalibilidade, justiça e amor.

            Mas isso tinha um fim único - enganar, iludir, ludibriar, mentir, mascarar os sentimentos abjetos e intuitos perversos que se aninhavam no meu coração e encontravam agasalho na minha consciência, abrigo no fundo da alma, ainda dominada pelos instintos inferiores, grosseiros que só a custa de ingentes e sobre humanos sacrifícios, consegui expulsar das entranhas do meu espirito.

            Seria praticar mais um ato de fraqueza e indignidade moral perante Deus e a minha consciência, se não vos falasse assim, nesta linguagem singela, franca e sincera pois que, venho da eternidade, onde habito após as 5 existências que tive depois de haver pontificado na Terra, para dizer-vos somente a verdade, sem atender a considerações de qualquer ordem.

            De acordo com a ordem que recebi ao partir para junto de vós, tenho o dever de proclamar a verdade absoluta, pura e incontrastável, muito embora não agrade aos interessados em manter abusos, conservar erros, perpetuar na Terra o reinado do crime e das baixezas e misérias - em conservar o homem afastado do caminho da luz, apartado de Deus, que me enviou para auxiliar a salvação das suas criaturas, concorrendo para que sejam dissipadas as dúvidas e confusões reinantes no vosso planeta que dentro em breve entrará na ordem dos mundos de provação superior. Deus me enviou para dizer-vos a verdade e não para oculta-la ou apaga-la; não vos admireis, portanto, da minha franqueza; - Jesus jamais pregou essas doutrinas nefastas, subversivas, criminosas, contrarias à razão, à logica, à verdade, à ciência, à verdadeira e sã filosofia, e ofensivas à misericórdia e às infinitas bondade e sabedoria de Deus.

-continua-



            42b
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo –


                               Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918
-continuação-

Gregório VIII, papa

            Jesus pregou a verdade, semeou os ensinos que recebeu de seu Pai, implantou na Terra a doutrina do amor, da liberdade e da fraternidade.

            Jesus Cristo jamais se proclamou infalível ou se declarou santo. Ele dizia “tudo quanto faço é porque o meu Pai consente e quer que seja feito.”  "Aprendei de mim que sou manso e brando." Jamais ouviram dizer ao Grande Mestre - "sou sábio", "o que digo são verdades infalíveis, nascidas de mim mesmo"; não, não! Ele dizia - a sabedoria do meu Pai ". "a bondade do Senhor ", "a sua infinita misericórdia" e também "o seu amor infinito." 

            Jesus foi humilde na atitude, no gesto, nas palavras, nos atos e nas ações. O Filho de Deus nunca se referiu à sua pessoa, que não fosse para aponta-la como a mais humilde entre todas; nunca anunciou grande e poderoso, rico e opulento; jamais falou de outra grandeza que não fosse a da virtude e da humildade, de outra riqueza que não fosse os bens do Céu. Jesus jamais disse que Deus era vingativo e colérico, impiedoso e cruel, e se, algumas vezes se referiu ao inferno e ao demônio foi unicamente para impressionar os que escutavam as Suas palavras, para abrandar alguns corações empedernidos, abalar as consciências ingênuas dos judeus, que nada podiam compreender além dos fatos positivos, materiais, o que choca a vista, fere o corpo e não a alma.

            Jesus disse sempre a verdade: - "A bondade do meu Pai é infinita". Isso destruía por completo a ideia da existência das penas eternas, do diabo e do inferno.

            Jesus falou sempre em nome de Deus. Não lançou a dúvida no espírito dos homens.

            Aqui tendes mais uma afirmação da infinita bondade de Deus, saída dos lábios do espírito de um papa desencarnado, mais uma prova da imortalidade da alma e da sua evolução através do tempo.

            O espírito que vos fala, agora difere, imensamente daquele que habitou outrora o corpo do papa Gregório VIII. Conquanto seja o mesmo na essência, está, entretanto, modificado, expurgado, esclarecido, iluminado pela luz da graça divina e comparece na vossa presença para dizer que, apesar de saber hoje muito mais que outrora, quando papa, continua ainda falível, fraco, pequeno, humilde, ignorante, possuindo virtude e pureza apenas relativas. Nada é em comparação a outros espíritos elevados, sábios, justos, grandes, luminosos e santos.

            Aqui tendes o que é hoje o espírito de Gregório VIII, após os grandes sacrifícios que vem fazendo através dos séculos.

            Meus amigos e irmãos. Jesus está conosco – os espíritos dos papas que neste instante se comunicam com a Terra; ordenou estas "Revelações", e aqui nos apresentamos, cumprindo a sua ordem - "Vai e edifica de novo o meu reinado".

            Aqui estamos, pois, trabalhando pela causa da verdade, do bem, da justiça e do amor.

            Ouvi as palavras de Jesus, que neste momento vos fala pela boca dos papas desencarnados; procurai viver de acordo com os seus ensinamentos, - praticando sempre o amor e a caridade, proclamando a verdade, embora contra vós mesmos, contribuindo para a vitória definitiva do verdadeiro Espiritismo, que é o Evangelho de Jesus em espírito e verdade, e aguardai, sem receio, a hora em que fordes chamados a comparecer na presença do Juiz Supremo.

            Que Deus vos ampare.

Gregório VIII, papa

Setembro 1916


Informações Complementares


Papado de 21 de outubro a 17 de dezembro de 1187 (apenas 56 dias). Nome: Alberto di Morra (italiano). Faleceu na cidade de Pisa, onde se preparava a 3ª Cruzada que buscaria a reconquista de Jerusalém então sob controle de Saladino.

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