42a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo –
Publicada sob os
auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
Gregório VIII, papa
O médium vê um homem alto, cheio de corpo, corado,
de rosto redondo e cabelos brancos, em cachos,
vestindo um manto roxo e tendo na cabeça a tiara
e nos ombros uma pequena pelerine de pelúcia branca.
Está circundado de lua azulada, mesclada de raios luminosos,
brancos, prateados e verdes.
Aqui
está, na vossa presença, o espírito do papa Gregório VIII, ,que vem ao mundo
para desobrigar-se do compromisso, que assumiu para com Deus, de confessar
perante a cristandade todas as fraquezas e desvios que teve durante o tempo em
que cingiu a fronte com a tiara.
O
espírito presente baixa ao mundo radiante de alegria, feliz e ditoso, sentindo
indescritível prazer ao pousar sobre a Terra para depor em favor da grande
Verdade Espírita, confirmando as revelações dos papas que o precederam aqui,
desses seus irmãos e companheiros de infortúnio no mundo dos espíritos, onde padeceram
as maiores dores e sofreram os mais justos e merecidos castigos.
Sou
do número dos que se deixaram dominar pelas ambições e interesses materiais;
por isso, sinto ainda a consciência abalada pelos remorsos que nela habitara,
durante longo tempo; experimento ainda cruéis sensações que tive no terrível momento
em que o meu espírito libertou do corpo material, por meio do qual praticou tão
graves erros, cometeu tantas injustiças e semeou tantas desordens, contribuindo
para o atraso da humanidade, cujo progresso retardou.
Ser
papa é a maior de todas as infelicidades; ser pontífice romano é a mais inútil
e criminosa posição que um espirito pode ocupar na superfície do planeta Terra;
ser papa é contrariar a verdade, negar o que é insofismável, apagar o que
existe de mais claro e luminoso - a justiça de Deus, a sabedoria e perfeição
das Suas leis. Ser pai da cristandade; no planeta que habitais, meus filhos, é
a mais dura provação a que um espírito pode submeter-se. Não ha nada mais falso, mais absurdo, mais incoerente
e que mais atente contra a razão e a lógica, que a proclamada infalibilidade dos
papas.
É
preciso que eu vos fale aqui com a mais absoluta franqueza, que vos mostre, com
a maior clareza e precisão, os erros e as falsidades de que está eivada a
doutrina religiosa que julgais ser a mais perfeita e consentânea com a justiça
de Deus.
A
infalibilidade é a maior das heresias até hoje proclamada do alto da cadeira de
S. Pedro, a mais escandalosa das mentiras apregoadas em nome de Deus e de Jesus
Cristo; é a mais despudorada afirmação lançada do alto do trono pontifício, de
onde devia partir somente a palavra da verdade cristalina, pura
e imaculada, como é a doutrina santa ele Jesus: esses homens, os papas, nada
mais tem feito senão cavar um abismo profundo em torno da cristandade terrena,
semeando na superfície do planeta as desordens e os abalos, as convulsões e os
atritos que tanto têm concorrido para o descrédito do Cristianismo.
Infalível,
podeis ficar certos, só existe um - Deus; santo, também só um existe - Jesus.
Ninguém, portanto, por mais puro e sábio que seja, poderá arrogar-se o direito
de usar títulos e prerrogativas que só à divindade pertencem.
Deus
é a única fonte de sabedoria existente no Universo, a única inteligência que
jamais se perturba, cujo brilho jamais se empana, cuja lucidez jamais se ofusca.
Deus é a única vontade incontrariável, a única justiça inconfundível, a única
sabedoria que não encontra símile, o único
amor que não tem limites.
Fala-se,
entretanto, na sabedoria e no amor do Santo Padre, na infalibilidade da sua
justiça, na absoluta justeza das suas sentenças! Irrisão! Emprestar-se aquele
que vive ainda sujeito, escravizado, prisioneiro dos vícios e impurezas da matéria,
os predicados que podem somente ornar a divindade, pertencer a Deus
que é o infinito de todas as perfeições!..
Fui
também proclamador dessas inverdades, arauto dessas mentiras, divulgador desses
absurdos - monstruosas teorias, nocivas afirmações perfidamente feitas em nome
de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fui também mentiroso, falso, mistificador
e impenitente desfrutador das honras e prerrogativas usurpadas à divindade. Fui
dos mais levianos apregoadores dos falsos ensinos que a Igreja tem disseminado
por todo o mundo cristão, das fábulas e anedotas contadas às criaturas ingênuas,
sinceras e crentes, cheias de boa fé e boa vontade para aceitar as criminosas
doutrinas emanadas do alto da cadeira de S. Pedro.
Tive
também a mesma falta de escrúpulo e de consciência, difundindo ensinamentos
perniciosos aos meus irmãos dia Terra, ofendendo a justiça e a sabedoria
eternas, proclamando-me infalível, sábio, justo, pai cheio de amor e de
bondade, consciência pura, razão esclarecida, alma inocente, angelica, imaculada
e santa, quando, entretanto, praticava os maiores absurdos, as mais
comprometedoras e reprovadas ações, indignas de quem se proclamava, pela sua própria
boca, infalível e santo.
Concorri
para esse descalabro em que se debate o mundo cristão: fomentei a desordem
moral que ora se observa por toda parte; rasguei o Evangelho, violei os
ensinamentos de Jesus, profanei a lei de Deus, menti perante Deus e a minha própria
consciência, sacrifiquei a verdade a interesses egoísticos, grosseiros,
corrompi consciências, implantei a cizânia entre os prelados, dividi para
governar, humilhei para triunfar, persegui para dominar, tiranizei para reinar
absoluta e despoticamente.
Fui,
talvez, o mais falível dos pontífices romanos, o mais impuro dos papas, o menos
santo dos padres que se sentaram no trono de rei da cristandade. Não houve,
todavia, quem mais falasse em pureza, sabedoria, infalibilidade, justiça e
amor.
Mas
isso tinha um fim único - enganar, iludir, ludibriar, mentir, mascarar os
sentimentos abjetos e intuitos perversos que se aninhavam no meu coração e
encontravam agasalho na minha consciência, abrigo no fundo da alma, ainda
dominada pelos instintos inferiores, grosseiros que só a custa de ingentes e sobre humanos
sacrifícios, consegui expulsar das entranhas do meu espirito.
Seria
praticar mais um ato de fraqueza e indignidade moral perante Deus e a minha
consciência, se não vos falasse assim, nesta linguagem singela, franca e
sincera pois que, venho da eternidade, onde habito após as 5 existências que
tive depois de haver pontificado na Terra, para dizer-vos somente a verdade,
sem atender a considerações de qualquer ordem.
De
acordo com a ordem que recebi ao partir para junto de vós, tenho o dever de
proclamar a verdade absoluta, pura e incontrastável, muito embora não agrade
aos interessados em manter abusos, conservar erros, perpetuar na Terra o
reinado do crime e das baixezas e misérias - em conservar o homem afastado do
caminho da luz, apartado de Deus, que me enviou para auxiliar a salvação das
suas criaturas, concorrendo para que sejam dissipadas as dúvidas e confusões
reinantes no vosso planeta que dentro em breve entrará na ordem dos mundos de
provação superior. Deus me enviou para dizer-vos a verdade e não para oculta-la
ou apaga-la; não vos admireis, portanto, da minha franqueza; - Jesus jamais pregou
essas doutrinas nefastas, subversivas, criminosas, contrarias à razão, à
logica, à verdade, à ciência, à verdadeira e sã filosofia, e ofensivas à
misericórdia e às infinitas bondade e sabedoria de Deus.
-continua-
42b
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo –
Publicada
sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
-continuação-
Gregório VIII, papa
Jesus
pregou a verdade, semeou os ensinos que recebeu de seu Pai, implantou na Terra
a doutrina do amor, da liberdade e da fraternidade.
Jesus
Cristo jamais se proclamou infalível ou se declarou santo. Ele dizia “tudo quanto
faço é porque o meu Pai consente e quer que seja feito.” "Aprendei de mim que sou manso e brando."
Jamais ouviram dizer ao Grande Mestre - "sou sábio", "o que digo
são verdades infalíveis, nascidas de mim mesmo"; não, não! Ele dizia - a
sabedoria do meu Pai ". "a bondade do Senhor ", "a sua
infinita misericórdia" e também "o seu amor infinito."
Jesus
foi humilde na atitude, no gesto, nas palavras, nos atos e nas ações. O Filho
de Deus nunca se referiu à sua pessoa, que não fosse para aponta-la como a mais
humilde entre todas; nunca anunciou grande e poderoso, rico e opulento; jamais
falou de outra grandeza que não fosse a da virtude e da humildade, de outra
riqueza que não fosse os bens do Céu. Jesus jamais disse que Deus era vingativo
e colérico, impiedoso e cruel, e se, algumas vezes se referiu ao inferno e ao
demônio foi unicamente para impressionar os que escutavam as Suas palavras, para abrandar alguns corações empedernidos,
abalar as consciências ingênuas dos judeus, que nada podiam compreender além
dos fatos positivos, materiais, o que choca a vista, fere o corpo e não a alma.
Jesus
disse sempre a verdade: - "A bondade do meu Pai é infinita". Isso
destruía por completo a ideia da existência das penas eternas, do diabo e do
inferno.
Jesus
falou sempre em nome de Deus. Não lançou a dúvida no espírito dos homens.
Aqui
tendes mais uma afirmação da infinita bondade de Deus, saída dos lábios do espírito
de um papa desencarnado, mais uma prova da imortalidade da alma e da sua
evolução através do tempo.
O
espírito que vos fala, agora difere, imensamente daquele que habitou outrora o
corpo do papa Gregório VIII. Conquanto seja o mesmo na essência, está,
entretanto, modificado, expurgado, esclarecido, iluminado pela luz da graça
divina e comparece na vossa presença para dizer que, apesar de saber hoje muito
mais que outrora, quando papa, continua ainda falível, fraco, pequeno, humilde,
ignorante, possuindo virtude e pureza apenas relativas. Nada é em comparação a
outros espíritos elevados, sábios, justos, grandes, luminosos e santos.
Aqui tendes o que é hoje o espírito
de Gregório VIII, após os grandes sacrifícios que vem fazendo através dos séculos.
Meus
amigos e irmãos. Jesus está conosco – os espíritos dos papas que neste instante
se comunicam com a Terra; ordenou estas "Revelações", e aqui nos
apresentamos, cumprindo a sua ordem - "Vai e edifica de novo o meu
reinado".
Aqui
estamos, pois, trabalhando pela causa da verdade, do bem, da justiça e do amor.
Ouvi
as palavras de Jesus, que neste momento vos fala pela boca dos papas desencarnados;
procurai viver de acordo com os seus ensinamentos, - praticando sempre o amor e
a caridade, proclamando a verdade, embora contra vós mesmos, contribuindo para
a vitória definitiva do verdadeiro Espiritismo, que é o Evangelho de Jesus em
espírito e verdade, e aguardai, sem receio, a hora em que fordes chamados a
comparecer na presença do Juiz Supremo.
Que
Deus vos ampare.
Gregório VIII, papa
Setembro 1916
Informações Complementares
Papado de
21 de outubro a 17 de dezembro de 1187 (apenas 56 dias). Nome: Alberto di Morra
(italiano). Faleceu na cidade de Pisa, onde se preparava a 3ª Cruzada que
buscaria a reconquista de Jerusalém então sob controle de Saladino.
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