Videntes
– Profetas
– Médiuns
Lino Teles (Ismael Gomes Braga)
Há
na Bíblia muitos episódios de alto interesse para o estudo do Espiritismo e que
nos passam despercebidos.
Vamos
lembrar aqui um tópico que nos revela muita coisa sobre a mediunidade e o mau uso
que faziam dela como ainda fazem (ou pelo menos tentam fazer) as pessoas
ignorantes de hoje.
Trata-se
do 9º capítulo do Primeiro Livro de Samuel, livro que entre os católicos se
denomina (erradamente) Primeiro Livro de Reis.
Havia
um fazendeiro chamado Kish, que tinha um filho jovem, belo, de alta estatura,
de nome Saul. Das pastagens do fazendeiro desapareceram umas jumentas e o pai
determinou a seu filho Saul que tomasse consigo um servo para acompanhá-lo e fossem
procurar pelas vizinhanças as jumentas sumidas. Em vão procuraram por toda a
parte, sem obterem notícias. Já desanimados de tanto vagar inutilmente pelas
serras, pensaram em regressar à fazenda, para não causarem preocupações ao
fazendeiro com a sua longa ausência; mas o servo de Saul sabia que perto dali, na cidade de Suph, havia
um famoso vidente chamado Samuel, que talvez lhes pudesse dar informes sobre o
paradeiro dos animais. Era a tentativa de empregar a mediunidade para
finalidades materiais egoísticas, como certas pessoas ainda tentam fazer hoje.
Combinaram
de ir ter com Samuel, mas não tinham nada a levar ao vidente. Era costume
gratificar com alguma coisa os médiuns, como ainda tentam fazer hoje, embora
isto seja severamente proibido. Mas o criado tinha uma moeda de prata e se
prontificou a doá-la a Samuel.
No
versículo 9º vem esta definição muito interessante: “...aquele que hoje se chama profeta se chamava outrora vidente".
(*)
Foram
visitar a Samuel, que os recebeu muito bem, deu-lhes hospedagem em sua casa,
tranquilizou-os quanto ao reaparecimento das jumentas, que àquelas horas já
tinham sido reencontradas na fazenda, e lhes revelou que Saul teria que ser o
primeiro rei de Israel.
No
dia anterior, Samuel havia recebido do Alto uma comunicação sobre a vinda de
Saul e a missão que lhe estava destinada de ser o primeiro rei de Israel, que
por esse tempo ainda não era reino.
O
reinado de Saul está todo repleto de fatos espíritas: ele se desviou de sua
missão, caiu em poder de um violento Espírito obsessor, fez a célebre sessão
espírita na cidade de Endor, que se acha relatada no mesmo livro, capítulo 28,
versículos 8 a 19. Mas tudo isto já é outra história. Por agora só nos
interessa lembrar que
1º
- A mediunidade era muito conhecida entre os antigos judeus.
2º
- Chamavam os médiuns de videntes.
3º
- Consultavam os médiuns sobre os mais diferentes assuntos.
4º
- Davam presentes aos médiuns.
5º
- Recebiam dos médiuns instruções religiosas e informações materiais.
6º
- Tentavam rebaixar a mediunidade à categoria de agências de informações sobre
seus interesses pessoais imediatos.
7º
- Os médiuns superiores tratavam de assuntos elevados e da alta administração
do Estado.
8º
- O Mundo Espiritual deferia missões especiais e nem sempre o missionário
cumpria fielmente sua tarefa.
9º
- Os desvios da missão ocasionavam a perda do missionário, que era substituído
por outrem (Saul foi substituído por David).
10º
- O povo acreditava nas mensagens dos videntes, para o bem e para o mal.
Pouco
progredimos em 3.500 anos, porque ainda hoje muita gente procede como os
antigos judeus do tempo de Samuel, ou seja, deturpando o verdadeiro objetivo da
mediunidade.
(*)
Mesmo quando soubessem muito bem que as comunicações não vinham de um deus, mas
simplesmente da alma de um homem morto, esses videntes não poderiam dizê-lo,
porque a Lei proibia sob pena de morte (Deuteronômio, 18:11-16) as comunicações
com os Espíritos dos mortos. Eram forçados a mentir e dizer que era um deus
quem se comunicava.
Reformador
(FEB) Jan 1961
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