34a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
Pôncio Pilatos
Apresenta-se à
vidente um espírito muito luminoso envolto em luz branca e verde,
distinguindo-se
apenas o seu vulto no meio dessas luzes, não podendo a vidente
reconhecer o sexo a
que pertence o espírito. A luz branca
tem reflexos prateados e,
de mistura com o
verde e o branco, aparecem também raios lilases.
Afinal, a vidente
reconhece ser um homem que está na sua presença.
__________________
Antes de tudo quero agradecer a Jesus
as graças que tem concedido ao meu pobre espírito.
Quero render, aqui mesmo na Terra,
graças a Deus pelo muito que me foi concedido pelo nada que fiz.
Curvo-me, reverente e humilde, para
agradecer à Infinita Misericórdia os benefícios e favores dispensados a este
humilde e insignificante servo do Senhor, a quem nesta hora sublime recorro,
pedindo forças e alento para poder falar aos meus irmãos em nome de Jesus, que
me disse:
“Vai tu também, Pôncio, e proclama a
sublime verdade.”
“Vai, meu filho, e reparte com os
teus irmãos o que recebeste do meu Pai: dá ao mundo o exemplo da tua humildade;
oferece à humanidade a prova material da tua existência e da realidade da
Infinita Misericórdia do meu Pai, em cujo nome falarás, cujos desígnios
proclamarás, cuja sabedoria patentearás aos olhos dos homens que habitam aquele
atrasado planeta.
“Vai, meu filho, e fala também em meu
nome; anuncia a minha presença entre essa gente ingrata, que tanto se tem
esquecido dos ensinamentos do seu Mestre, das provas de amor que lhes têm sido
dispensadas pela sublime bondade do Pai.”
“Vai Pôncio, dize o que sabes, conta
o que viste aqui, anuncia às criaturas o futuro que as espera; fala-lhes em
linguagem simples, mas sugestivas, emprega frases repassadas de doçura, mas ao
mesmo tempo, enérgicas, incisivas, de modo a abalar-lhes a consciência,
despertar-lhes na alma os sentimentos que parece terem para sempre emigrado do
coração do homem”.
“Vai Pôncio, anuncia, proclama entre
os homens que - são chegados os tempos
prometidos pela Escrituras”.
Venho, portanto, no cumprimento de
uma ordem do Mestre; volto ao mundo na qualidade de enviado do Nazareno, a quem
um dia procurei defender da sanha feroz dos homens, não o conseguindo, porém,
porque era justamente este o Seu destino; morrer para salvar o gênero humano.
Deus julga as nossas intenções,
preocupando-se muito pouco ou quase nada com os atos da criatura, que nem
sempre traduzem os desejos e intuitos do espírito encarnado. Deus julga o nosso
foro íntimo, busca saber o que nos conduziu à prática de determinados atos, o
móvel das nossas ações, os atos exteriores pouca significação têm para o Eterno
Ser; a consciência é quem responde perante o supremo tribunal de Deus.
Os crimes perpetrados na Terra são,
muitas vezes, atenuados perante a Justiça Eterna, que julga levando sempre em
conta o gral de adiantamento do espírito, o seu passado e presente, as causas
remotas que concorreram para a criatura cometer estas ou aquelas ações e
executar atos muitas vezes involuntários, porquanto, neste caso, o espírito é
levado a tais crimes por circunstâncias independentes da sua vontade, sendo, em
várias ocasiões, mero instrumento de outras vontades que constantemente atuam
sobre a alma encarnada e a conduzem ao erro, levam-na ao crime e à desgraça.
Muitos dos criminosos da Terra
acham-se, no mundo dos espíritos em condições de relativa calma e felicidade,
porque Deus é justo e a balança divina é perfeita e acusa a mais insignificante
partícula de mais ou de menos, nas culpas dos espíritos julgados pela Infinita
Sabedoria.
Deus julga sem recorrer ao
testemunho humano, como fazem os juízes da Terra. O supremo não estuda
processos preparados por outros juízes; Ele é o principal e único órgão dessa
justiça infalível e sábia até o infinito; as Suas decisões são inapeláveis; as
Suas sentenças irrevogáveis, porque são absolutamente sábias e justas, quer
quando condena, quer quando absolve o culpado.
A Justiça de Deus não tem alternativas, nem
sofre contraste com outra justiça, por ser a única existente em todo o
Universo.
Deus julga as almas pela intenção,
pelo que observa no fundo da sua consciência, e não castiga nem perdoa - dá o
que cada um merece “a cada um por suas
obras”.
Deus não condena os Seus filhos a
penas eternas, isto porque, se assim procedesse, anularia, Ele mesmo, o grandioso
e principal objetivo da Sua obra colossal: - progredir até o infinito, caminhar
sempre, nascendo e renascendo para poder viver eternamente.
A condenação eterna, lançada por Deus,
importaria na revogação da mais sublime das Suas leis - o aperfeiçoamento dos
espíritos à custa dos seus próprios esforços.
O espírito que delinque está no
caminho do aperfeiçoamento e é comparável ao aprendiz que só executa maus
trabalhos ou produz obras imperfeitas, sem que, por isso, o mestre o expulse da
oficina, o que seria iniquidade, pois, se assim procedessem os mestres,
chegaria o momento de lamentarem a falta de artífices, atrofiando-se, por esse
modo, as artes e as indústrias, paralisando o seu desenvolvimento e progresso
necessários.
O Universo é a formidável oficina
onde todos nós aprendemos a trabalhar, produzir boas obras, executar com
pericia os trabalhos, as tarefas que nos são confiadas pelo nosso Mestre. Assim,
Deus não condena, nem absolve, propriamente falando; Ele dá o que o aprendiz
merece, aquilo a que fez jus pelos seus esforços e pela sua perseverança no
trabalho. Aprecia as novas obras, da mesma maneira por que procede o mestre na
oficina; não despede o aprendiz que executou mal o trabalho, mas o repreende ou
elogia pela má ou boa tarefa executada, ordenando ao que alcançou bom êxito na
confecção da obra a ele confiada, que se encarregue de outros trabalhos de
maior importância, e exigindo daquele que executou mal a obra, que recomece e
execute novo trabalho, confeccione nova obra.
-continua-
34b
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
-continuação-
Pôncio Pilatos
Aí tendes a imagem da reencarnação e
porque Deus não condena, nem absolve, o que importaria na anulação do Plano
Divino: - caminhar sempre, aperfeiçoando-se à custa dos seus próprios esforços,
nascendo e renascendo até o infinito, até o dia em que, não mais precisando
nascer e morrer para tornar a nascer e morrer, possa o espírito viver
eternamente.
Deus perdoa, mas o Seu perdão é
condicional, logo não é, como concebeis, o esquecimento eterno da culpa, não!
Deus, ou melhor, a Justiça Divina,
quer o aperfeiçoamento das almas e, se as culpas ficassem
desde logo esquecidas, o espírito permaneceria inerte, daquele momento em
diante; nenhum compromisso assumido para com o seu Criador, ficaria inativo,
interrompendo assim o seu progresso.
A Justiça de Deus suspende o
sofrimento logo que o espírito, ao reconhecer o mal praticado, se propõe a
repará-lo em existências sucessivas.
Isso não é perdoar, condenar ou absolver,
é apenas apreciar as obras da criatura, compará-las, medi-las e depois dar a
cada um o que cada um merece.
A ideia do perdão absoluto e
incondicional é, como vedes, errônea, visto que, perdoar é esquecer, nada mais
exigir daquele sobre quem recai o perdão, dispensando-o de qualquer reparação
do mal praticado.
Deus dá, dessa forma, o que cada um
merece pelos seus esforços, pelos sacrifícios feitos com intuito de caminhar
para a perfeição absoluta, por isso que é Justo, Sábio, Misericordioso e
infinitamente Bom.
Ser Bom, portanto, é ser Justo, dar
a cada um o que lhe pertenceu, e não condenar eternamente ou perdoar a falta
cometida por aquele que, não tendo ainda adquirido o aperfeiçoamento
necessário, voltará um dia, à prática de novos crimes, cercando-se das maiores
cautelas para escapar à ação da justiça que o condenou ou perdoou
anteriormente.
Deus não esquece; o Criador não
consente que se apague o que estiver escrito no infinito, com relação aos erros
e crimes praticados pela criatura. A própria alma, na ascensão que for fazendo
pelo infinito além, irá apagando, ela mesma, o que estiver escrito em letras de
fogo — a história dos seus desregramentos, das suas fraquezas e misérias.
Ao passar de um plano inferior para o
imediatamente superior, o espírito salda as suas contas até aquele dia, pois
vai, desse momento em diante, começar uma nova vida, percorrer nova etapa, e
Deus infinitamente bom, consente que a leva consigo para a nova existência as
boas obras, as virtudes que possui, os dons e os predicados de que for
portadora, ficando os erros, os defeitos, as faltas e os crimes apagados,
desfeitos, por ter o espírito, com as suas próprias mãos, os destruídos para
sempre!
Aí tendes a Justiça de Deus pintada
em rápidas e singelas palavras; aí estão, em ligeiro traços descritos, os
intuitos e desejos da Divina Providência, mandando o espírito diversas,
inúmeras vezes à superfície dos mundos de expiação, aos planetas atrasados,
como este onde habitei e habitais neste momento.
Tudo quanto tendes aprendido sobre o
modo de agir da suprema Justiça é falso, nada vale o que vos tem ensinado os
chamados diretores espirituais e os intitulados livros sagrados; a Justiça de Deus
não tem preferências, no Tribunal Divino não se distinguem os delinquentes por
outros meios senão o exame das intenções que os levaram a delinquir.
Ali nada se indaga, coisa alguma se
procura saber acerca da posição que o culpado exerceu na Terra, o cargo que
ocupou no mundo, se foi artífice, douto, magistrado, sacerdote ou mercador,
escravo ou soldado rico ou mendigo.
O que se examina nesse tribunal
sublime é o Forum intimum do espírito, a intenção, o móvel
das suas ações boas ou más.
Ninguém, ao chegar a essas paragens,
se lembra do que foi na Terra.
O espírito, ao transpor aquelas
regiões, sente que se apagam todas as reminiscências, se lhe enfraquece a
memória das honras, posições e riquezas, do poder de que dispôs entre os
homens, da força que enfeixou nas suas mãos, do que gozou e do que desfrutou.
Diante dos nossos olhos espirituais
desenham-se nítidos, lá no grandioso Tribunal, os nossos pecados, as faltas, os
erros e crimes que praticamos e também, os nossos pecados, as faltas, os erros
e crimes de que praticamos e também as boas ações, os atos dignos, as obras de
caridade e de amor que deixamos na Terra e, ah! meus queridos irmãos! ah! meus
amados companheiros! felizes os que podem, nessa hora solene, ver brilhar
diante de si a luz suave dos atos de caridade, de amor e de piedade para com o
seu semelhante!
Ah! meus irmãos! que delícia, que
felicidade desfruta todo aquele que ouve ali o eco das preces, os votos dos que
ficam na Terra orando pela alma que no mundo cumpriu o seu dever cristão, dando
com a direita sem que a esquerda o percebesse, que amou o seu semelhante como a
si mesmo, que só fez a outrem o que desejou que outrem lhe fizesse, que não
feriu, que perdoou e, por isso, encontra no mundo dos espíritos o que merece
pelas suas boas obras!
Ah! meus amigos, meus queridos
irmãos! este que vos está falando também compareceu à barra desse grandioso
tribunal e viu escritos os seus erros, todos os delitos que cometeu na Terra,
os crimes e as fraquezas da sua carne; mas, oh! meus queridos irmãos! como foi
para ele consoladora a presença, naquela hora, dos atos bons que praticara,
avultando entre eles o da defesa de Jesus, a intenção de defender o justo da
sanha feroz dos seus algozes!
Ah! meus caros companheiros! como vos
hei de contar as minhas alegrias ao ouvir ali ecoarem as minhas palavras,
proferidas quando levaram Jesus à minha presença, no tribunal de Judá!
Ah! meus irmãos! como foram doces
para mim aqueles momentos, em que ouvi também a voz de Jesus, dizendo: “Que se
cumpra a vontade do meu Pai.”
Essa recordação compensou largamente
os dissabores que então experimentei pelos erros e delitos que pratiquei na Terra,
onde tenho comparecido diversas vezes, mas sempre amparado pela Divina
Misericórdia, guiado pela luz dos ensinamentos de Jesus, que hoje venho também
proclamar, na qualidade de seu discípulo e enviado para dizer-vos tudo quanto
ficou escrito e, ainda, que reencarnei na Terra, para propagar os santos
princípios da doutrina daquele cujas palavras já abalaram o meu espírito, no
tempo em que estive entre vós e me chamei Pôncio Pilatos.
Hoje sou defensor do puro
Cristianismo, do Deus de Infinita Bondade e Amor, sou discípulo do Seu Filho -
o Divino Jesus - que proclamo daqui o Mestre dos mestres, o Rei dos Reis, o
Supremo Diretor deste planeta!
Eis ai, meus amigos e irmãos
queridos, cumprida a minha missão, o meu dever, e satisfeito o compromisso, que
assumi com a Divina Misericórdia, de vir à Terra narrar o que acabastes de
ouvir, para que tenhais melhor noção da Justiça Eterna, que em nada se parece
com a dos homens.
Agora, resta apenas dirigir-me a vós,
meus irmãos e companheiros muito amados; resta-me fazer-vos um pedido, dar-vos
um conselho que, de certo, vos servirá de muito: - Caminhai na vida com os
olhos fitos em Jesus; marche sempre guiados pelos ensinamentos do Mestre, os
quais deveis cultivar e propagar, procurando o caminho do bem, da justiça e do
amor ao próximo.
Jamais vos afasteis da caridade
cristã, da caridade pura, dando com a direita sem que a esquerda o perceba,
perdoando ao vosso semelhante, querendo e amando aos vossos irmãos como a vós
mesmos.
Defendei Jesus, livrai a sua doutrina
dos botes e assaltos dos novos fariseus, ensinai as suas máximas; divulgai as
suas parábolas; interpretai o fundo dessas sublimes palavras e tirai dali toda
a luz de que careceis para a vossa viagem nesse vale de lágrimas; procurai
praticar pelo menos um bom ato na vossa vida que, um dia, quando tiverdes de
comparecer perante o tribunal de que tantas vezes vos falei no correr desta
comunicação, possais ser consolados, como foi o vosso irmão que hoje vos visita
em nome de Deus e de Jesus e que se retira dizendo-vos:
“Amai-vos uns aos outros e a Deus
sobre todas as coisas”.
Adeus.
Pôncio Pilatos
Março de 1917
Informações complementares
Era
o procurador ou governador da Judéia no reinado do imperador Tibério. Instigado
pela perseguição que os judeus faziam contra Jesus, entregou-o para que fizessem
dele o que entendessem, porém, em face do relato dos Evangelhos, é evidente que
Pilatos se esforçou por salvá-lo. Apenas, lhe faltou ânimo para impor e fazer
prevalecer o que sua consciência sentia, ou seja: - Jesus era inocente e não
deveria ser crucificado.
No
Evangelho de S. Lucas (23:14-25) informa que, por três vezes, Pilatos advertiu
a multidão, declarando que não encontrava culpa alguma para condenar Jesus; e
insistiu para que desistissem de o matar. Porém, "eles clamavam em
contrário, dizendo: - crucifica-o, crucifica-o! E os seus gritos e os gritos
dos sacerdotes redobravam."
página 130 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959 Ed. Divino Mestre
- R RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário