Meu
Senhor, Pai de Bondade,
De
luz e de Amor sem fim,
Não
me abandones à treva
Que
trago dentro de mim.
Não
me deixes repousar
No
leito em flor da ilusão,
Dá-me
a bênção luminosa
De
tua repreensão.
De
espírito encarcerado
Nos
débitos que inventei,
Tenho
sede do equilíbrio
Que
nasce de tua lei.
Controla-me
a aspiração
De
ganhar e possuir,
Sou
teimoso e invigilante,
Ensina-me
a discernir.
Entrecruzam-se,
em meu peito,
Divergências,
dissensões...
Não
me relegues ao jugo
De
minhas imperfeições.
A
chaga alheia, Senhor,
Sei
curar, lenir ou ver,
Mas
sou tardo de visão
Na
esfera de meu dever.
Sou
ágil no bom conselho
Ao
coração sofredor;
Todavia,
surdo e cego,
Nas
dias de minha dor.
Nas
orações, quase sempre,
Sou
cópia dos fariseus,
Sentindo-me,
presunçoso,
Dileto
entre os filhos teus.
Não
escutes, Pai Bondoso,
Os
rogos e brados mil
Da
ignorância que eu trago,
Vaidosa,
bulhenta, hostil...
Não
satisfaças, no mundo,
O
orgulho atrevido e vão
Que
me faz triste e abatido
Nos
tempos de provação.
Põe
freios duros e fortes
Ao
meu serviço verbal,
Muita
boca leviana
Tem
dado guarida ao mal.
Meus
sentidos, enganados,
Perturbam-me,
muita vez.
Às
emoções desvairadas,
Por
compaixão, não me dês!
Que
a tua vontade, enfim,
Pronta
a prever e prover,
Seja
em tudo e em toda a vida
A
minha razão de ser.
Meu
Senhor, Pai de Bondade,
De
Luz e de Amor sem fim,
Não
me abandones à treva
Que
trago dentro de mim.
Casimiro
Cunha
por Chico Xavier
‘No Santuário
Interior’
in ‘Gotas
de Luz’ (6ª Ed FEB – 1994)
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