‘A posição do
verdadeiro Espírita’
Boanerges da Rocha (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Maio 1959
Em
todos os tempos a Humanidade tem tido criaturas que gostam mais de criticar e
buscar faltas no esforço alheio, do que de cooperar e estimular os semelhantes
nas tarefas que realizam ou tentam realizar com sacrifício. Por isto, nunca
a Federação Espírita Brasileira se surpreendeu com os críticos que procuram
perturbar o seu trabalho em prol da reeducação humana nos moldes espíritas,
difundindo a Doutrina codificada por Allan Kardec e levando o livro
esclarecedor das consciências a todos os recantos do Brasil e a várias partes
do mundo. Em vez de perder tempo precioso em contraditas, que seriam inúteis, a
Federação Espírita Brasileira redobra de atenção no trato de seus deveres,
orando pelos impertinentes e incontentáveis,
assim como pelos que, nada fazendo, sempre a acusam de realizar pouco e de
permanecer estacionária. Aos que não põem em suas críticas a intenção
maldosa, cedo a luz do Evangelho segundo o Espiritismo os iluminará; aqueles,
porém que agem de modo contrário, e continuam impermeáveis à tolerância e à
compreensão, ficarão por mais tempo errando por atalhos perigosos, tornando-se
perante o Alto responsáveis pelas pedras que deitam no caminho.
Está
em "O Evangelho segundo o Espiritismo": "Por esta sentença:
"Se fôsseis cegos, não teríeis pecados", quis Jesus significar que a
culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os Fariseus,
que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua
nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus, do que o povo ignorante. O
mesmo se dá hoje. Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão
recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado."
Temos
encontrado confrades que, embora há muitos anos dentro do movimento, ainda não
se tornaram verdadeiramente espíritas, porque não conseguiram assimilar os
ensinamentos da Doutrina e aplicá-los cotidianamente. Por sabermos que o
Espiritismo não recusa agasalho aos que erram e persistem no erro, esperando
que algum dia eles serão tocados pelo entendimento, não temos palavras de
reprovação para eles, porque as pedras que lançam hoje, sobre os que trabalham
com devotamento e tenacidade, infelizmente voltarão contra suas cabeças, por
efeito de uma lei invariável e fatal: a "lei do retorno". Já houve quem pretendesse modernizar a
Federação Espírita Brasileira, mundanizando-a. Houve também quem a quisesse ver
divorciada da tradição evangélica, para se tornar exclusivamente festiva,
organizando caravanas, convescotes, etc. A própria natureza da Casa de Ismael
contraria propósitos tão levianos, como também esse de um contato com a
política, para alcançar em seu nome representantes diretos nas Casas do
Congresso. Isto seria "constantinizar" o Espiritismo e jamais a
Federação Espírita Brasileira trairia seu passado e a sua finalidade,
procedendo dessa maneira. Podem os espíritas, individualmente, tomar a
posição política que desejarem, sempre em nome deles próprios; nunca, porém,
devem as organizações espíritas acompanhá-los, porque, se o fizerem, estarão
fugindo da orientação traçada pela Doutrina.
Todo
aquele que abandona a posição de calma e tolerância esclarecida, para adotar a
de combatente agressivo e sectário, pode ser tudo quando queira, menos
espírita. De nada adiantará que se intitule adepto de Kardec há muitos anos,
porque não são as aparências que fixam a sua condição perante o Alto, mas a sua
consciência.
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