segunda-feira, 15 de julho de 2013

A posição do verdadeiro espírita



‘A posição do
 verdadeiro Espírita’
Boanerges da Rocha (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Maio 1959

            Em todos os tempos a Humanidade tem tido criaturas que gostam mais de criticar e buscar faltas no esforço alheio, do que de cooperar e estimular os semelhantes nas tarefas que realizam ou tentam realizar com sacrifício. Por isto, nunca a Federação Espírita Brasileira se surpreendeu com os críticos que procuram perturbar o seu trabalho em prol da reeducação humana nos moldes espíritas, difundindo a Doutrina codificada por Allan Kardec e levando o livro esclarecedor das consciências a todos os recantos do Brasil e a várias partes do mundo. Em vez de perder tempo precioso em contraditas, que seriam inúteis, a Federação Espírita Brasileira redobra de atenção no trato de seus deveres,
orando pelos impertinentes e incontentáveis, assim como pelos que, nada fazendo, sempre a acusam de realizar pouco e de permanecer estacionária. Aos que não põem em suas críticas a intenção maldosa, cedo a luz do Evangelho segundo o Espiritismo os iluminará; aqueles, porém que agem de modo contrário, e continuam impermeáveis à tolerância e à compreensão, ficarão por mais tempo errando por atalhos perigosos, tornando-se perante o Alto responsáveis pelas pedras que deitam no caminho.

            Está em "O Evangelho segundo o Espiritismo": "Por esta sentença: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecados", quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os Fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus, do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje. Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado."

            Temos encontrado confrades que, embora há muitos anos dentro do movimento, ainda não se tornaram verdadeiramente espíritas, porque não conseguiram assimilar os ensinamentos da Doutrina e aplicá-los cotidianamente. Por sabermos que o Espiritismo não recusa agasalho aos que erram e persistem no erro, esperando que algum dia eles serão tocados pelo entendimento, não temos palavras de reprovação para eles, porque as pedras que lançam hoje, sobre os que trabalham com devotamento e tenacidade, infelizmente voltarão contra suas cabeças, por efeito de uma lei invariável e fatal: a "lei do retorno". Já houve quem pretendesse modernizar a Federação Espírita Brasileira, mundanizando-a. Houve também quem a quisesse ver divorciada da tradição evangélica, para se tornar exclusivamente festiva, organizando caravanas, convescotes, etc. A própria natureza da Casa de Ismael contraria propósitos tão levianos, como também esse de um contato com a política, para alcançar em seu nome representantes diretos nas Casas do Congresso. Isto seria "constantinizar" o Espiritismo e jamais a Federação Espírita Brasileira trairia seu passado e a sua finalidade, procedendo dessa maneira. Podem os espíritas, individualmente, tomar a posição política que desejarem, sempre em nome deles próprios; nunca, porém, devem as organizações espíritas acompanhá-los, porque, se o fizerem, estarão fugindo da orientação traçada pela Doutrina.

            Todo aquele que abandona a posição de calma e tolerância esclarecida, para adotar a de combatente agressivo e sectário, pode ser tudo quando queira, menos espírita. De nada adiantará que se intitule adepto de Kardec há muitos anos, porque não são as aparências que fixam a sua condição perante o Alto, mas a sua consciência.

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