Não será detido o Espiritismo
Túlio
Tupinanbá (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Fevereiro 1959
Os espíritas devem limitar-se a sorrir em face
dos argumentos que afirmam a sua irrealidade, que contestam a existência de
Espíritos e negam a mediunidade. Os fatos espíritas não são devidos a
habilidades de ilusionistas, embora os detratores do Espiritismo usem com muita
frequência o argumento das fraudes, para valorizarem suas assertivas. Fatos são
fatos e não será com palavras que eles ficarão destruídos. Alguns
parapsicólogos, por exemplo, andam a afirmar que não há mediunidade porque não
há Espíritos. Consequentemente, o Espiritismo é uma balela. Não querem ponderar
as experiências realizadas por sábios de grande autoridade moral e científica.
O que se fez no passado não serve, porque, no entender deles, não houve
suficiente cuidado nem adequado rigor na vigilância. Nestas condições, os
médiuns são uns farsantes e os milhões de espíritas que se espalham pela Terra
não passam de simuladores, que vivem a enganar-se reciprocamente e se juntam
para iludir os que não são ainda declaradamente espíritas! Com semelhantes
antagonistas não é possível debater seriamente um assunto da magnitude do
Espiritismo. O melhor será deixá-los com as suas ideias, porque, com o tempo,
ficarão falando sozinhos.
Quando
Sigmund Freud lançou a psicanálise, houve um reboliço nos círculos médicos. Cientistas de diferentes matizes e mestres da
psicologia materialista, se assim podemos dizer, exultaram. Freud ganhou fama,
foi citado nas conferências mais importantes e nos mais modestos discursos. A
terminologia por ele criada popularizou-se. A psicanálise transformou-se numa
nova “coqueluche”. Com o tempo, porém, ela se foi reduzindo, até adquirir as
proporções atuais... Hoje, os cientistas são os primeiros a desprezá-la, pelo
muito de fantasia que contêm as teorias do velho Sigmund... Cultivemos a nossa
Doutrina e nos despreocupemos com aqueles que negam o Espiritismo porque ainda
não enxergaram a Realidade. Estão cegos por dogmas estreitos e com os
movimentos tolhidos pelas algemas dos preconceitos desenvolvidos por sistemas
religiosos obsoletos e princípios científicos materialistas. Obstinados na
negativa, perdem precioso tempo nessa atitude e não será inteligente que,
sabendo-os assim, nos decidamos a sustentar querelas inúteis por estéreis. O
cientificismo orgulhoso e fátuo, o clericalismo feroz e mentiroso, o cepticismo
enfatuado e vazio, e a ignorância mascarada pela vaidade,
procuram, cada qual a seu jeito, combater o Espiritismo e a lhe atribuir defeitos e perigos
que só existem na mente perturbada desses negadores sistemáticos. Devemos
perder tempo com eles? Evidentemente que não. Se querem permanecer assim, que
continuem. Nosso tempo é pouco e há muito trabalho a realizar. O espírito do
homem, que ora persiste no erro, há de, um dia, chegar à Verdade e, então, cada
um dos negativistas de hoje palmilhará o caminho que estamos percorrendo,
porque também formamos, um dia, na coorte dos que negavam o Espiritismo e
descriam da realidade dos Espíritos. Fugíamos da Verdade; ela, porém, um dia
foi buscar-nos no recesso do lar. O que não aprendemos através da inteligência,
fomos aprender através da provação. Questão de tempo. Perdemos muitos anos, mas
ainda tivemos a felicidade de despertar nesta encarnação e podermos retificar o
nosso rumo, ajudados pela imensa misericórdia do Alto. Negar os Espíritos é
como que negar a própria realidade da vida. Assim o entendemos hoje, mas assim
não entendem ainda aqueles que continuam como nós nos encontrávamos à época em
que sofríamos de cepticismo.
Quanto
mais nos combatem, mais coragem possuímos. Nossos livros não chegam para os
pedidos. As edições se esgotam rapidamente e tal fato assinala, de maneira
absolutamente positiva, que o Espiritismo progride, a despeito das mentiras e
calúnias dos frades, dos parapsicólogos envaidecidos com a sua pseudociência e
dos materialistas confessos, que negam o Espiritismo porque não podem ver senão
o que se encontra dentro do raio de ação da sua corrompida capacidade
intelectiva. Estudando a Doutrina e propagando-a pela palavra falada e pela
escrita, defendendo-a com argumentos simples, estaremos prestando grande
serviço ao Espiritismo, cuja marcha ascensional e progressiva está assegurada.
Não hão de ser os instrumentos servis da clerezia e do cientificismo arrogante seus vencedores. O Espiritismo já
venceu e continua vencendo, porque as suas vitórias são conquistadas, dia a
dia, sobre corações humanos feridos pela desventura e pela dor, mas salvos pela
realidade insofismável dos bons Espíritos, através da dedicação de médiuns
devotados de corpo e alma à obra do bem.
O
Espiritismo não será detido jamais. O ódio do clero, o desprezo do
cientificismo barato e o desdém do materialismo arrogante, em vez de serem
forças destruidoras, para ele constituem recursos estimulantes. Graças a esses
inimigos naturais e impiedosos, o Espiritismo permanece alerta. Valendo-se da
tolerância, da humildade e do amor, ganha terreno na luta contra a
intolerância, o orgulho e o ódio. Responde com a paz aos que o guerreiam e é na
tranquilidade, que a confiança em si mesmo lhe dá, que o Espiritismo encontra
meios de resistir aos processos de mentira e difamação de seus tenazes
opositores.
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