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‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
-continuação-
Tomás de Aquino (S.)
Se
me fosse permitido arrebatar-vos da superfície da Terra e conduzir-vos por alguns
instantes pelo espaço infinito, havíeis, tenho certeza, ao baixar de novo ao
mundo onde viveis, de vos sentir profundamente desolados por ver como sois
iludidos na vossa ingênua sinceridade.
Ficaríeis tão revoltados contra todas
as coisas da Terra, que um desejo único se abrigaria no vosso coração: deixar
esta vida, morrer, desaparecer da superfície da Terra para virdes viver a vida
que, momentos antes, haveis tido a ventura de contemplar de relance.
Quisera ter força e poder para rasgar
a densa cortina que separa o mundo onde vivo daquele onde me ouvis neste
momento feliz da minha vida de espírito. Se tal coisa se desse, havíeis de
ficar perplexos diante das verdades que se desenhariam aos vossos olhos, das
certezas que adquiriríeis num momento, tendo ocasião de ver quanto vos achais
afastados da verdade, como seguis rumo diametralmente oposto ao que devíeis
seguir, se outra fora a vossa orientação, se outros fossem os conhecimentos que
possuis acerca da vossa situação no Universo, do papel que representa o vosso
planeta no meio do turbilhão dos mundos, gravitando no espaço infinito que vos
cerca.
Lamento não poder mostra-vos tudo
quanto vejo em torno de mim!
Ah! Quem me dera a ventura de poder
aproximar-vos dessas sublimes e inconfundíveis verdades que me rodeiam! Quem me
dera meus irmãos, poder lograr a ventura de colocar aqui na vossa presença
todas as provas palpáveis da grandeza e bondade infinitas de Deus, da Sua
infinita misericórdia e também do Seu infinito amor!
Quão feliz e ditoso seria Tomás de
Aquino se Deus lhe permitisse a graça de dar-vos aqui todas as provas materiais
da existência do Criador e também da do Seu Filho, o bendito e amado Jesus!
Que abençoada hora seria essa em que
o espírito que está na vossa presença merecesse de Jesus o imenso favor de
poder materializar-se aos vossos olhos, tão vivo e real como outrora, e
consentir que, com as vossas próprias mãos o tocasse, a fim de vos convencerdes
da realidade absoluta da vida extra-corpórea! Como seria para Tomás de Aquino
venturoso esse momento!
Mas é cedo ainda para que mereçamos
tão grande e extraordinário favor! Consolemo-nos com a doce ventura que a
Providência hoje concede a Tomás de Aquino, permitindo-lhe escrever, falar ao
mundo por intermédio de um espírito ainda preso à matéria. Já não é pouco o que
recebemos neste momento delicioso para mim e também para vós!
Rendamos, pois, graças a Deus e entoemos
louvores a Jesus, pedindo-lhes nos permitam sempre ocasião de podermos
confabular com os homens da Terra, a fim de repartimos com eles o pouco que já
aprendemos, para que os nossos irmãos se adiantem no caminho do bem e da luz.
Sejamos, portanto, reconhecidos a Deus,
que nos enviou à Terra para com a nossa palavra destruirmos os erros que
cometemos quando, sem as luzes que hoje possuímos, procuramos definir as coisas
sagradas e eternas. Somos felizes em poder neste instante corrigir as falas
afirmações que outrora fizemos sobre a misericórdia infinita do Criador.
Deus, meus irmãos, não é o que pensei
outrora. O Pai Celestial, em cuja presença falo neste momento, é muito diverso
do que imaginei em outros tempos. Deus é a sabedoria, o espírito que anima e
vivifica toda a natureza. Deus não tem limites, nem está circunscrito numa
determinada forma. O Criador é a alma de tudo que existe, a vida do Universo, a
força que organiza tudo que palpita aos vossos olhos. É o equilíbrio da
natureza. Tudo quanto existe criado é alimentado por esse espírito que enche,
com as suas sublimes irradiações, todo o Universo. O que vedes são os reflexos
da Sua vontade, as manifestações da Sua sabedoria, os efeitos dessa
inteligência, cujo brilho não vos posso descrever por não encontrar na vossa linguagem
termos em que o faça!
Tudo quanto vedes, meus amigos, é Deus
falando aos homens, o que tendes diante dos olhos é a Infinita Sabedoria vos
ensinando, guiando os vossos passos, conduzindo as vossas almas. O que vos
cerca são as provas da existência dessa causa extraordinária, cujos efeitos
tocam a vossa vista, falam à vossa razão. O que existe, pois é a linguagem de
Deus, as Suas idéias, os Seus desejos, a Sua vontade, a Sua sabedoria, a Sua
justiça e o Seu amor.
Deus, meus irmãos, não está em ponto
algum do Universo, não acrediteis nisto; não amesquinheis o vosso Pai: não há
lugar que possa conter, abranger essa fonte de energia, vida, luz, justiça e
amor - o vosso Deus.
O Senhor do Universo não é matéria
como vós outros; a Sua natureza, é imutável, o Seu estado biológico não sofre
alteração, na Sua vida não há solução de continuidade. Ele é eterno, por isso
que a Sua vida não teve começo, nem terá fim.
Ele é o princípio de tudo assim como
todas as coisas tem fim no seio de Deus.
Não acrediteis que seja Deus a
resultante dos fenômenos da natureza, que é efeito Seu e não causa. Deus é mais
ainda: é a misericórdia infinita amando e perdoando até o infinito; Deus é a
justiça e a razão na sua mais pura essência, o bem na sua mais vasta expressão,
a caridade elevada a supremo e infinito grau.
Deus é a verdade absoluta, a
consciência na sua mais elevada síntese, a Inteligência na sua mais fulgurante
e sublime irradiação!
Deus é o amor na sua infinita e
incomensurável manifestação!
A vida terrena não é senão ligeira
transição, estado passageiro, efêmera situação em que, em dado momento, se
encontra o espírito caminhando na estrada das reencarnações. A morte não é mais
do que o adormecer na superfície de um planeta, para despertar na eternidade.
A consciência existe completa no
espírito; a matéria nada conserva devido às suas transformações sucessivas. É,
pois, no espírito que reside tudo: o pensamento, a Inteligência, a vontade, a
consciência, a vida enfim. Fora do espírito nada se pode conceber, somente na
alma, portanto, deveis procurar as causas das vossas felicidades ou dos vossos
tormentos.
O espírito atravessa o infinito,
purificando-se em existências sucessivas, passando por diversos estados
materiais, revestindo formas que são as variantes de um tipo único e eterno - a
forma humana.
A justiça de Deus é perfeita, por
isso tudo que se passa na Terra e em todo o Universo tem a sua causa, razão
lógica de ser. O que parece absurdo aos olhos do homem é, às vistas de Deus,
coisa natural, consequência imediata de uma causa justa e sabia, nascida da
Fonte Suprema. Nada do que se faz na Terra é por vontade do homem, pois os
pensamentos deste são os reflexos do pensar daquele, modificado segundo o grau
de perfeição ou imperfeição da criatura. Tudo está preso, ligado a Deus: o
efeito jamais se separa da causa que o produz.
Deus tem o poder de tudo saber, de
tudo ver e de tudo ocultar aos seus próprios olhos.
A sabedoria de Deus conduz o Universo,
onde tudo se move, impulsiona pela Sublime Vontade.
O bem é a vontade de Deus não
desvirtuada pelo homem, o mal é o querer do Criador adulterado pela criatura. A
verdade é a Sabedoria Infinita palpitando, brilhando em todo o seu esplendor; o
perdão é a Misericórdia Divina se exercitando entre os homens, transfigurada
nos atos bondosos da criatura.
O amor é a harmonia partida do seio
do Criador, a doçura infinita vazada através das almas que povoam o Universo, a
síntese dos puros sentimentos emanados de Deus, que os derrama sobre as
criaturas. Toda justiça promana de Deus e não é mais do que o equilíbrio das
coisas, pois a ordem e o equilíbrio resultam da justeza e precisão de todos os
movimentos, quer no campo da dinâmica, quer no domínio da psicologia e da
espiritualidade.
A justiça é, pois, o símbolo da ordem
que Deus estabelece e mantém no Universo.
Nada há fora do campo destas
cogitações que possa ser tomado na devida consideração. Nenhuma verdade existe
que possa sobrepujar a verdade espírita, que hoje venho afirmar com a minha
presença e com este documento que deixo na Terra, para que os homens de boa
vontade vejam mais uma vez que a morte não existe; é palavra vã, cuja
significação é falsa, pois o que chamais - morte, e que na vossa linguagem quer
dizer aniquilamento, é a vida eterna, a única e verdadeira vida, esta que vive
hoje Tomás de Aquino, presente para dizer-vos que a verdade está aqui nesta
revelação e que Deus é justo, como vos demonstrou, e por isso, não o deveis
temer.
Deus é Pai de amor e bondade infinitos,
por isso deveis sempre contar com o perdão, cedo ou tarde, conforme o
arrependimento penetrar na vossa alma.
Ficai tranquilos, porque se cumprirdes o
vosso dever, isto é, se praticardes o
bem, a caridade e o amor; se fordes humilde e observardes os ensinamentos de
Jesus; se vos preocupardes com a verdade pura e a colocardes acima de todas as
coisas, ainda mesmo do vosso interesse material; se perdoardes as ofensas
recebidas; se não fizerdes a outrem o que não desejardes que vos façam; se
tolerardes as faltas alheias; se não caluniardes; se não ofenderdes, nem
magoardes o vosso semelhante, em suma, se amardes a Deus sobre todas as coisas
e ao vosso semelhante como a vós mesmos - ao deixardes o corpo material, a
vossa alma desfrutará uma felicidade que não vos posso descrever e entrareis na
vida eterna, onde tudo vos será doce comtemplar, gozando a felicidade que Jesus
prometeu aos humildes e aos justos.
Se, porém, praticardes o mal, se
ferirdes o vosso semelhante, se matardes o vosso irmão, se vos orgulhardes da
vossa posição, se a cobiça habitar no vosso coração, se o crime for a vossa
paixão dominante no mundo, se não tiverdes compaixão dos infelizes, se não vos
humilhardes perante Deus e Jesus - a hora da transição será horrível, a vossa
morte horrenda, os vossos dias, na eternidade, cheios de dores, lágrimas e
trevas.
Deus, entretanto, vos perdoará ainda
assim, desde que vos arrependais sinceramente, com o firme propósito de vos
depurardes em existências sucessivas na Terra ou em qualquer mundo onde tenhas
que cumprir as vossas provações.
Sinto não poder prosseguir
mostrando-vos as belezas infinitas e as doçuras da infinita misericórdia, a
grandeza e sublimidade da justiça de Deus. Mas não importa, outro vos dará o
que não vos pode dar Tomás de Aquino neste momento.
Deus me dará, entretanto outras
ocasiões para falar-vos ainda no Seu nome e em nome de Jesus, Seu Filho amado.
Agradeçamos a Deus o favor que Ele
nos concedeu hoje, permitindo a Tomás de Aquino a graça de falar-vos no Seu
nome, repartir com os homens o pouco que hoje sabe e, ao mesmo tempo,
dizer-lhes que Jesus voltará à Terra e que esta se transformará com a presença
do Mestre.
Aviso, pois, aos meus irmãos que se
preparem, orando, praticando boas obras, sendo humildes, justos e crentes, para
poderem merecer a benção que Jesus lançará sobre os que estiverem preparados
para recebê-lo condignamente.
Que todos vós logreis esse bendito e
santo intento são os desejos de
Tomás de Aquino (S.)
Outubro de 1916
Informações complementares
É considerado o maior teólogo da
Igreja do Ocidente. Nasceu em 1225, em Lecca, no reino de Nápoles. Morreu em
1274. É cognominado o Doutor angélico. Deixou obras de relevo, que são
consideradas a mais alta expressão da ortodoxia católica. Entre a suas obras
destaca-se a Suma Teológica.
página 189 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959 Ed. Divino Mestre
- R RJ
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