segunda-feira, 24 de junho de 2013

17a e 17b - Revelação dos Papas - Abraão

17a

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Abraão, o patriarca

O médium vê apenas a silhueta do espírito que se destaca no meio dos esplendores celestes,
circundado de belíssima luz branca e verde, brilhante, ofuscando a vista da vidente.
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          Venho, meus filhos e companheiros amados, por ordem superior, afirmar aqui as verdades eternas que Deus está mandando proclamar entre os homens pelos espíritos. Venho aqui trazer-vos um consolo, uma esperança, dando-vos, assim, uma lição, um ensinamento para confortar-vos, fortalecer a vossa fé e robustecer a vossa crença. Venho dizer-vos muitas verdades, espargir muita luz a humanidade terrena.

        Deus, meus amigos e filhos muito queridos, não vos podia abandonar no meio das grandes provações por que passais neste momento, pois, se a Divina e Infinita Sabedoria se mostrasse indiferente à vossa dor, surda ao vosso apelo, negaria, ela mesma, a infinita bondade e a infinita misericórdia de Deus, que vos não podia esquecer nesta hora tormentosa, difícil e angustiosa que atravessa a humanidade terrena. Jesus - o filho amado, o cordeiro imaculado, o salvador do mundo - não vos podia também deixar a sós no meio de tantas aflições e tantos desesperos. Jesus não podia abandonar os homens, muito embora se tenham eles esquecido dos seus deveres para com o Mestre. Jesus não podia desamparar a humanidade no momento mais grave, no transe mais doloroso da sua vida.

          É porque nem Deus nem Jesus se esqueceram de vós que me apresento na Terra, onde vivi há milhares de anos, no início da vida humana deste planeta, para tomar parte no grande acontecimento da transformação regeneradora que se vai operar dentro em breve.

          Do lugar onde vivo hoje descortino os movimentos da humanidade que habita este mundo: de muito longe, tenho acompanhado com vivo interesse o caminhar desordenado e incerto dos homens; de lá, dessas paragens longínquas, tenho saído algumas vezes para vir auxiliar o aperfeiçoamento do mundo para o qual estou escrevendo neste momento. Da eternidade, onde habito, tenho partilhado das dores e dos martírios que têm afligido a humanidade terrena, tenho me regozijado com as suas alegrias e os seus triunfos, alegrando-me com as suas conquistas, rejubilando-me com as suas vitórias. Tenho sempre chorado as desgraças, lamentado o atraso e padecido por ver a desorientação, o atropelo, os desvario, os erros e os crimes em que tem caído os homens deste mundo, que fora criado por Deus para ser o berço de uma civilização mais de acordo com as Suas leis, mais de conformidade com os ensinos que Ele deu aos homens pela boca do Seu Filho, quando o enviou à Terra para salvar o mundo e implantar o reinado da paz, da justiça, da fraternidade, da igualdade e do amor.

          No sistema a que pertenceis, quero dizer, na cadeia dos planetas que giram em torno desse sol que vos alumia, devia ser a Terra um dos primeiros mundos a evoluir, era esta humanidade a que estava destinada a ser chefe do movimento evolucionista planetário, seguindo-se a ela outro planeta mais afastado, tendo, porém, como a Terra, as condições físicas capazes de comportar uma ordem moral e um progresso espiritual mais elevado e uma humanidade mais consciente de sua existência no concerto harmônico do Universo. Esse planeta de que vos falo caminhou, adiantou-se, quer na ordem material, quer na ordem moral e espiritual, evoluiu e, hoje, a sua humanidade conseguiu já libertar-se das agruras da vida material a que esteve condenada até há pouco. A Terra, que é irmã gêmea desse mundo de que venho tratando, pois são idênticas as condições de ambos os planetas, estacionou, retardou a sua marcha, atrasou o seu advento espiritual, deixando arrastar-se para o abismo do materialismo, entregando-se apaixonadamente ao ceticismo anarquizador da ordem moral, atrofiador do progresso espiritual, ficando na retaguarda do legítimo progresso, já empreendido com vantagem por outros mundos que a cercam.

          A Terra foi destinada a ser o berço de uma sociedade florescente, generosa, humilde e crente, cumprindo fervorosamente a lei de Deus, seguindo a risca os ensinamentos do Seu Messias, e, assim, caminhar progressivamente até sair do estado material, grosseiro, em que até hoje, viveu, para entrar, como vai acontecer, na ordem dos mundos superiores, de provações e missões elevadas, cujos filhos são chamados a cada instante para ir ativar o progresso de outros mundos inferiores. O homem terreno conservou-se inativo, indiferente perante as grandes e infinitas belezas morais, apaixonou-se pela beleza e encanto da vida material a que se dedicou, esquecendo-se de que só a beleza moral é eterna, que só o belo espiritual é imperecível, que só o progresso da alma é legitimo, porque o espírito, por ser eterno, jamais retrocede no caminho do aperfeiçoamento.

          Esqueceu-se a criatura terrena de que a vida imoral, a verdadeira vida, portanto, é a espiritual. Olvidou-se o homem de que a matéria tem vida efêmera, pois está sujeita a transformações sucessivas até o infinito, não podendo por isso ser consciente de si mesma, à vista dos múltiplos estados que atravessa, do número infinito de formas que reveste, sem fixar eternamente uma forma definitiva, e, assim, conservar recordações da sua trajetória desde o estado de simples elemento - matéria inicial etérea, imperecível até mesmo para os espíritos elevados, para os quais ela se conserva inapreciável - até os delicados agregados que são só os formosos corpos dos espíritos eleitos e bem-aventurados. Esqueceu-se a criatura de que a Terra não é o único centro de vida, o único foco de onde irradia o pensamento humano, a única humanidade que pensa, vive, sofre, goza e ama!

         Não compreendeu o homem que Deus lhe deu a inteligência e a liberdade para investigar, buscar a verdade, entrar no conhecimento do seu eu e de tudo o que o cerca, unicamente para que, ao chegar às culminâncias espirituais, fosse ele produto de si mesmo, resultante dos seus esforços. Não percebeu também que essa liberdade e esse livre arbítrio lhe foram dados para torná-lo responsável pelos erros e faltas que porventura cometesse durante a vida terrena. Interpretou mal o pensamento da Divina Sabedoria concedendo lhe essas liberdade, cujo fim era deixá-lo entregue a si próprio para agir livremente, podendo preferir o bem ou o mal, possuindo em si todos os elementos para realizar o progresso moral e material, o que constituiria a verdadeira perfeição.

          Não compreendeu o homem que a liberdade a ele concedida na Terra tinha como principal escopo aumentar o seu mérito e a sua capacidade moral. Dar-lhe consciência perfeita dos seus atos e das ações boas ou más que praticasse. Para que não ficasse perdido no caminho da vida, preferindo sempre o mal ao bem, enviou Deus à Terra os Seus missionários - espíritos esclarecidos - para mostrarem à criatura que, por ser livre e autônoma na vida terrena, deveria, por isso mesmo, preferir o bem ao mal, visto que só aquele nos conduz à felicidade eterna, aproximando o homem do seu Criador.

          Deus avisou sempre aos que tem habitado esse planeta que lhes dava a liberdade de ação, de pensamento e de exame, mas também os preveniu que - se fizessem mau uso dessa liberdade, se exorbitassem e ultrapassassem os limites demarcados pelas leis naturais, se violassem essas mesmas leis, desrespeitando os ensinamentos enviados à Terra pelos grandes vultos que ilustraram e instruíram o homem com as suas virtudes e o seu saber - teriam que responder pelos abusos e violações cometidas.

          Fez saber ao homem, pela boca dos espíritos superiores que em todos os tempos apareceram na Terra, que a vida terrena era apenas transitória e passageira, ligeira estadia onde a alma vinha suportar os revezes impostos por Deus como provações pelos erros cometidos em existências anteriores, no mesmo mundo ou em outro onde o espírito já tivesse vivido e praticado as faltas pelas quais respondia então.

          Não quis o homem terreno atender aos constantes e reiterados apelos feitos pela Divina Sabedoria, chamando-o ao arrependimento, para o caminho da razão, da lógica, da verdade e de Deus. Foi surdo à voz dos espíritos que tantas vezes tem baixado à Terra para orientá-lo, livrá-lo do mal, pondo-o no caminho da ordem da justiça, da moral e da luz. Jamais quis a humanidade terrena escutar as palavras sinceras e sábias dos grandes reveladores que vieram à Terra, em nome do Pai, para acordá-la do sono criminoso em que se engolfara.

          Aboliu o homem tudo quanto o passado legara ao presente, rasgou os códigos, violou as leis, destruiu as tradições religiosas dos primeiros povos, dilacerou as sagradas letras, desrespeitou os sublimes ensinamentos dos profetas inspirados por Deus, que os enviou à Terra para falar lhe em Seu nome, repeliu todos os princípios sacrossantos - base de toda a organização humana, esteio da ordem social, apoio de todas as aspirações que se aninhavam no coração da criatura. Demoliu tudo quanto fora construído no passado, tudo quanto fora argamassado com o sangue das primeiras gerações que habitaram a Terra e nela lançaram a semente, os germes de uma organização social mais perfeita e consentânea com a lei de Deus.

          Transviou-se a humanidade do caminho que devia ter seguido, enveredou no erro, deixou-se dominar pela vaidade, pelo orgulho, pela ambição, repelindo o próprio Deus, esquecendo-se de Jesus, para inaugurar uma ordem social apoiada nos interesses egoísticos, que, tendo como principal alicerce o materialismo brutal, a ambição sórdida e criminosa, transformou a lei em instrumento de vingança dos grandes contra os pequenos, desorganizou a família, enfraqueceu a moral, subordinou o amor conjugal aos interesses grosseiros de ocasião, violou os sagrados e incontestados direitos dos povos, escravizando-se, enfim, aos preconceitos e prejuízos da sociedade falsa, hipócrita, sem honra e sem Deus. Fez do poder, da arte de governar os povos, privilégios de indivíduos pertencentes a certas e determinadas castas, fazendo prevalecer, como principal virtude para merecer a honra de dirigir os homens, as qualidades especiais do sangue, os característicos de certas raças chamadas privilegiadas e seletas. Transformou a justiça em balcão onde, a troco de vil moeda, se absolvem criminosos e perversos e se condenam inocentes.

          Esqueceu-se o homem de tudo quanto foi ensinado pelo Mestre, de tudo quanto foi recomendado por Jesus, do seu sacrifício por amor dos homens, do seu martírio por amor do bem e da verdade que ele veio pregar e pela qual se deixou imolar, morrendo pregado a uma cruz!

          O homem terreno fugiu, divorciou-se da fé, proclamando seu Deus a matéria vil e destrutível e a inutilidade da existência desse Deus; mandou ensinar nas suas escolas as doutrinas inventadas pelos ímpios e incréus, lançando no coração da juventude a descrença, o ódio a tudo que é santo e honesto! Decretou que somente na ciência devem acreditar as criaturas e só no visível e no palpável devem confiar; combateu Jesus, guerreou contra Deus, perseguiu os crentes, massacrou os ingênuos, os fieis à sua crença e ao seu Criador. Matou, enforcou, trucidou, fuzilou, estrangulou, incendiou, erigiu cadafalso, acendeu fogueiras, encarcerou, fuzilou, carbonizou os abnegados defensores da fé, os batalhadores do Cristianismo; esmagou as legiões abrasadas de fé, despedaçou os corpos dos grandes arautos das verdades eternas!

          Sacrificou tudo à sua cobiça e à sua pretensiosa ignorância, ao terrível e descomedido orgulho. Teve a pretensão de eliminar o próprio Deus, de estrangular a divindade, sufocando todos os impulsos generosos dos corações dos crentes!

-continua-
        

17b

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918

-continuação-
Abraão, o patriarca


            Hoje a situação da Terra é dolorosa, aflitiva, insuportável; soou para ela a hora tremenda do julgamento das suas culpas, chegou o momento em que a humanidade terrena perante o Tribunal Supremo curva a fronte para ouvir a sentença fatal, proferida pela sua própria consciência, que vai acusá-la na presença de Deus e de Jesus. Começou já o ajuste final de contas, soou a hora bendita do arrependimento de tantas culpas, de tantos erros, de tantos crimes praticados friamente aos olhos de Deus, de tantas crueldades cometidas em nome das leis, dos costumes e da civilização que tanto infelicitou o planeta e tanto contribui para o retardamento do progresso deste mundo, que, a estas horas, devia já ter entrado na ordem espiritual, à qual passará, entretanto, à custas de dores, lágrimas, sacrifícios e martírios comoventes, à custa de milhões de vidas, jorros e catadupas de sangue, desse sangue que o homem tanto amou e cultivou, de que se orgulhavam os poderosos, os nobres e os senhores que em todos os tempos venderam por alto preço esse líquido, na sua opinião precioso e raro.

          Deus, nessa hora, compadece-se da miséria humana e permite a vinda até à Terra dos espíritos lúcidos para esclarecerem e orientarem os homens, consolando-os no meio das aflições em que se debatem neste grandioso momento da vida da humanidade. DEUS, apesar dos erros praticados pelos homens, da sua impiedade e desamor ao seu Criador, não se esquece da Terra, e a ela envia esses espíritos para os ajudarem no transe aflitivo por que está passando o planeta que os viu nascer.

          Terra! eu me despeço de ti! Digo-te daqui o meu adeus, saúdo-te como um filho dileto saúda aquela que um dia lhe deu o ser! Eu te saúdo e proclamo no teu seio o advento da verdade, do Espiritismo, dos puros ensinamentos de Jesus, que nesta hora dirige os espíritos incumbidos de realizar a transformação que, dentro em breve, se vai operar aí na tua superfície, Terra amada!

          Deus te ajude, Jesus te proteja e inspire os teus filhos para que, arrependidos dos desvios, fraquezas e crimes que cometeram, se orientem no caminho da vida, buscando no Evangelho de Jesus, no puro Espiritismo, o consolo e o balsamo para as enormes chagas que os vícios, os desregramentos, as disposições e os abusos produziram na alma da humanidade eterna.

          Que Deus te dê a paz e a luz do Espiritismo, Terra querida! Adeus!

 Abraão, o patriarca
Março de 1916




Informações complementares

                Abrahão foi o fundador da nação judaica.  Um dos fatos culminantes da sua vida foi a prova de fé absoluta demonstrada na sua disposição de sacrificar seu filho Isaac, a fim de cumprir a ordem que houvera recebido de um enviado de Deus.
               No momento justo em que ele ia matar Isaac, já amarrado para o holocausto, eis que um anjo do Senhor lhe deu aviso para suspender tal sacrifício, que lhe fora sugerido como prova que ele teria de dar, a respeito da sua fé absoluta e incondicional, ao seu Deus.
            Abrahão é tido como o símbolo supremo da fé. Jesus mesmo refere-se a ele, dizendo:- "o vosso pai Abrahão exultou por ver o meu dia." (João 8-56).

página 45 do livro ‘Emissários da Luz e da Verdade’
1ª Edição 1959    Ed. Divino Mestre - R  RJ


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