11a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
Bernardo (S.)
O
espírito apresentava-se sob o aspecto de um homem moço, rosto liso,
tendo
na cabeça um barrete escuro. O médium não pode distinguir o vestuário do
espírito,
devido
à grande irradiação luminosa que o circunda.
A luz
é prateada e guarnecida de focos azuis e verde.
O azul
é desmaiado e o verde muito vivo, brilhante.
___________________
Meus amigos, o espírito que está aqui na vossa presença
foi, quando esteve no mundo, considerado sábio e eloquente, filósofo e
pensador. Hoje, porém, aparece na superfície da Terra - para se confessar
perante Deus e os homens que o vão ouvir - ignorante e cego ante a sublimidades
da verdadeira e pura doutrina de Jesus, que ora vem proclamar aqui diante de
vós.
Bernardo, meus irmãos, está ainda
perplexo, maravilhado em presença das sublimes verdades que se tem revelado aos
seus olhos, ainda empenhados pelos falsos conhecimentos de outrora. O seu
espírito se conturba ao completar as belezas incomparáveis dos ensinamentos de
Jesus, contidos nas páginas do seu Evangelho explicado em espírito e verdade
pelo Espiritismo. Bernardo tem, ainda hoje, grande ansiedade de aprender a
interpretar esse sublime código que Jesus ditou aos seus discípulos e por eles
vazado nas páginas do assombroso livro que é, neste momento, fonte de luz
jorrando sobre a humanidade, guiando-a no caminho da salvação.
Deus, meus amigos, enviou Bernardo à
superfície da Terra para que vos conte as suas dúvidas e as suas incertezas ao
deixar a matéria, após ter sido no mundo pregador das verdades que no seu tempo
eram consideradas absolutas e eternas.
O espírito do vosso irmão Bernardo
vai contar-vos como se encontrou embaraçado naquela hora, como foram para ele
dolorosos e cruéis os primeiros momentos na eternidade, onde entrou convicto de
que iria encontrar tudo quanto ensinara na Terra, tudo quanto acreditara ser
verdade incontestável e infalível. Vem o espírito do vosso irmão narrar vos a
suas dolorosas visões, os seus terríveis sonhos, os seus tétricos e lúgubres
pensamentos, quando viu o erro e a falsidade dos seus conhecimentos com relação
à infinita misericórdia de Deus.
Bernardo quer vos fazer sentir o
horror que se apoderou do seu espírito, no momento em que reconheceu a
inutilidade da doutrina que pregara no mundo, dos ensinamentos que dera aos
seus irmãos na Terra, e, bem assim a aflição que invadiu a sua alma, ao
contemplar a verdadeira luz, aquela que lhe iluminou a consciência quando,
abatido, humilhado perante Deus e Jesus, exclamou:
Senhor! Porque me deixaste tanto
tempo nas trevas da ignorância; porque, meu amado Jesus, só agora tocaste os
meus olhos com os raios dessa inconfundível verdade?
Aqui estou, Senhor; lança-me nas
trevas eternas, para que sofra eternamente pelo mal que fiz aos meus irmãos,
ensinando-lhes o que era falso, pregando na Terra o que hoje repudio aqui, na
tua presença e diante do teu Pai! Lança, Senhor, sobre o teu filho Bernardo as
tuas maldições e os teus anátemas, fulmina-o com as chamas do inferno,
condenando-o à morte eterna! Ah! Meu Deus! Ah! meu querido e amado Jesus, bem
sabes como sofro, como padeço neste momento, quanto me pesa a consciência,
quanto o meu espírito se sente abalado na tua presença, aos olhos do teu Pai!
Eu chorava copiosamente quando ouvi
uma voz meiga, muito doce, pronunciar estas consoladoras palavras: “Não te
condenarei, não te lançarei no inferno - que só existe na tua imaginação, no
teu espírito, ainda fraco e atormentado pelas recordações da vida material”.
“Eu te perdoarei, dar-te-ei a paz e a
felicidade que concedo aqueles que, embora trilhando falso caminho, praticam
atos de humildade, proclamando o que reputam verdade absoluta, aos que amam ao
próximo, aos que mentem apenas por falta de uma luz que lhes mostre a verdade
pura, como a contemplas agora. És meus filho, sou teu pai, aproxima-te, pois,
de quem te ama e que, se te deixou sofrer até agora, foi porque deseja muito e
muito o teu progresso e adiantamento espiritual”.
“És meu filho, Bernardo, e eu te perdoarei;
deixarei cair sobre a tua cabeça a luz da minha misericórdia, para que possas
prosseguir nos teus estudos pelo infinito além, a fim de te preparares para um
dia voltar à Terra e lá, tu mesmo, com as tuas próprias mãos, apagares o que
escreveste sem a luz que ora te concedo.
“Ergue-te, meu filho, e caminha.
Estarei sempre contigo. O fogo não te queimará, porque não há fogo onde a água
cristalina da fé jorra em abundância”
“Não temas a minha justiça, pois não
exijo de meus filhos senão o que me podem dar; não tremas de horror ao
completar o mal que fizeste, apontando-me cruel, vingativo, desumano e injusto,
semeando falsas noções acerca da misericórdia do teu Pai”.
“Não morrerás eternamente, porque não
quero que filho meu algum pereça para sempre; a todos perdoarei, a todos darei
a paz, concederei a mesma luz que deixo cair sobre a tua cabeça neste momento.”
“Eu sou a justiça, a verdade, a luz e
o amor; sou o Pai, sou a doçura, o bem, a razão, o princípio e o fim de tudo
que te rodeia”.
Não odeio, não castigo, não fulmino,
não mato, não condeno, nem lanço os meus filhos nos braseiros do inferno, que
existe tão somente nas suas próprias consciências, quando as sombras do remorso
cavam ali fundo e insondável abismo.”
“Tudo quanto afirmaste, Bernardo,
sobre a sabedoria e bondade do teu Pai, é injusto e falso, absurdo e
incoerente, mas nem por isso te abandonarei. Não costumo desprezar os meus
filhos, ainda mesmo os mais pérfidos e criminosos; não repudio nem esqueço os
meus filhos, por maiores que sejam as suas imperfeições e os seus erros e
crimes: o meu amor atinge a todos, na minha misericórdia há lugar para todos os
meus filhos, desde o mais criminoso e perverso ao mais santo e puro; a todos consolo,
a todos ilumino, a todos perdoo, a todos amo infinitamente”.
“Tudo quanto disseste aos teus irmãos
sobre esta vida em que te achas agora não tem fundamento; por isso, um dia, tu
mesmo irás dizer-lhes o contrário; tu mesmo, com a tua boca, proclamarás esta
verdade que hoje brilha e resplandece diante de ti. Serás tu mesmo o
instrumento de que me servirei para ensinar aos homens, divulgar as verdade
eternas que eles precisam conhecer na Terra.
Serás portador da minha palavra aos
meus filhos, o escolhido para transportar à Terra os ensinamentos que mandarei
espalhar, na hora suprema em que o planeta onde habitaste chegar ao termo da
sua fase material, quando estiver prestes a entrar na ordem dos mundos de
provações superiores”.
“Eu te perdoo, Bernardo, eu te abençoo, meu filho; toma lá esta réstia
de luz e vai-te e espera; chamar-te-ei quando precisar de ti”.
“Vai e leva a minha estima e a minha
confiança”.
-continua-
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