Palavras de Jesus
Vale-se muita gente do Evangelho para usar as expressões literais
do Senhor, sem qualquer consideração para com o sentido profundo que as ditou, simplesmente
para exaltar conveniência e egoísmo.
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Exortou o Divino Mestre: "Não
vos inquieteis pelo dia de amanhã." Encontramos aqueles que se baseiam
nestas palavras, destinadas a situar-nos na eficiência tranquila, para
abraçarem deserção e preguiça, olvidando que o próprio Jesus nos advertiu:
"Andai enquanto tendes luz."
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Asseverou o Eterno Amigo: "Nem
só de pão vive o homem."
Há companheiros que se estribam em
semelhante conceito, dedicado a preservar-nos contra a volúpia da posse, para
assumirem atitudes de relaxamento e desprezo, à frente do serviço de organização
e previdência da vida material, sem se lembrarem de que Jesus multiplicou pães
no monte, socorrendo a multidão cansada e faminta.
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Afirmou o Excelso Benfeitor: "Realmente
há muita dificuldade para que um rico entre nos Céus."
Em todos os
círculos do ensinamento cristão, aparecem os que se aproveitam da afirmativa,
dedicada a imunizar-nos contra as calamidades da avareza, para lançarem
diatribes contra o dinheiro e sarcasmos contra os irmãos chamados a manejá-lo,
na sustentação do trabalho e da beneficência, da educação e do progresso,
incapazes de recordar que Jesus honrou a finança dignamente empregada, até
mesmo nos dois vinténs com que a viúva pobre testemunhou
a própria fé.
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Disse o Cristo: "Não julgueis.
"
Em toda a parte, surpreendemos os que se prevalecem do aviso que nos
acautela contra os desastres da intolerância, para acobertarem viciação e má-fé, sem
se prevenirem de que Jesus nos recomendou igualmente: "Orai e vigiai, a
fim de não cairdes em tentação."
*
Admoestou o Mestre dos mestres:
"Ao que vos pedir a túnica, cedei também a capa."
Não poucos mobilizam o asserto,
consagrado a impelir-nos ao culto do desprendimento e da gentileza, para
estabelecerem regimes de irresponsabilidade e negligência, quando o Cristo nos
preceituou a obrigação de entregar a cada um aquilo que lhe pertence, até mesmo
nas questões mínimas do imposto exigido pelos poderes públicos, ao solicitar-nos:
"Dai a César o que é de César."
*
Não podemos esquecer que as palavras
do Cristo, no curso dos séculos, receberam interpretações adequadas aos
interesses de grupos, circunstâncias, administrações e pessoas. A Doutrina
Espírita brilha hoje, porém, diante do Evangelho, não apenas para aliviar e
consolar, mas também para instruir e esclarecer.
Emmanuel
por Chico Xavier
in
“Reformador” (FEB) Março 1964
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