18
Ciência Religião Fanatismo
por MINIMUS (A.
Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938
Palestra 3 e/e
Dizer que o Espiritismo cura, ou
melhor, que os Espíritos curam, é repetir o que todo mundo
já sabe, porque não há uma só família onde já não tenha, pelo menos, chegado a
notícia de uma cura, que a ignorância das massas classifica de milagre.
Citar algumas será inútil para vós
que nos ouvis, porquanto as conheceis aos milhares; e inútil
para os nossos antagonistas porque as negariam chamando charlatães aos médicos, seus
colegas, que as confirmaram, ou atribuindo incompetência ao radiologista que
fotografou e ao analista que procedeu aos exames de laboratório.
Mas permiti que ao menos um caso
concreto vos apresentemos, citado pelo homem que durante quarenta anos estudou
o Espiritismo para combatê-lo; pelo sábio que só se confessou vencido alguns
meses antes de transpor a aduana do Além; pelo gênio de cujos argumentos anteriores
à sua conversão ainda se servem para contradizer-nos; por um vulto
internacional da Medicina, da Literatura e da Política dos povos.
Referimo-nos a Charles Richet, ao
seu livro - La Grande Espérance - escrito ao tempo em que o notável professor
da Universidade de Paris e membro do Instituto de França ainda era o nosso
maior e mais respeitável adversário.
Leaimos à pagina 119: "- Os Drs. Saint Martin, Grandjean,
Diehl e Levy, após rigoroso exame numa jovem doente, concluem, sem esperanças
de cura, pelo terrível diagnóstico - Mal
de Pott -, paraplegia provocada por lesões da coluna vertebral, tuberculose
pulmonar peritoneal.
"Três meses depois, essa moça curou-se
radicalmente, casou-se e teve dois filhos, somente com "passes."
Temos pois, relatada por um grande
fisiologista do século, a cura de uma doente com os dois
pulmões tuberculosos e com tuberculose óssea, caso verificado e confirmado por
quatro médicos
de renome, curada tão somente com os passes, de que tanto se riem os nossos contraditores,
e isso em três meses apenas.
Depois de citar vários casos, conclui
o próprio professor Richet: "-Parece que os fenômenos normais da
fisiologia, da terapêutica e da patologia, sob a influência de forças desconhecidas,
são transformados e arrasados."
Este fato, só este, senhores,
deveria fazer pensar aos profissionais da medicina, mas, ao inverso,
este, como milhares de outros, só lhes serve para aguçar o ódio, contra nós que
desejamos ajudá-los, apresentando-lhes meios terapêuticos que ainda
desconhecem.
A quinina, o iodo e quase todos os
grandes meios e medicamentos que hoje usam foram também,
empregados empiricamente durante centenas de anos e tiveram o seu progresso
científico retardado, pelo mesmo motivo de não aceitarem os médicos tudo que
lhes não vem de laboratórios acadêmicos; entretanto, os produtos oficiais
passam, têm apenas a época de seu aparecimento, enquanto os outros ficam e
atravessam as gerações.
Não vos falo dos médicos em geral,
porque um avultado número nos vê com simpatia e muitos
são nossos companheiros de sofrimentos: falo-vos desses materialistas
interesseiros que,
apesar de negarem as curas pelos passes, deificam o meigo Nazareno, constroem
capelas em
sua honra, até na própria Casa do Médico, como aqui na Capital, e depois atacam
os que em
nome d'Ele, em nome de Jesus e por sua recomendação, exercem a dolorosa
profissão, já
no seu tempo perseguida, de aliviar o próximo pela força do Espírito, pela
imposição das mãos e pela prece ao Senhor dos Mundos.
Se endeusaram o Cristo, se lhe
rendem culto e aos seus Apóstolos, se sabem que estes e Aquele
praticaram essa medicina espiritual, porque combatem os seus discípulos de hoje? Nada
responderão, senhores, e nada responderão porque teriam de se confessar dirigidos pela
mola que move todos os iconólatras oficiais.
Os sacerdotes judeus, unidos aos
interessados da época, tal como hoje, julgavam Jesus um
maníaco, mas como só essa acusação lhes não bastasse para d'Ele se livrarem,
processaram-no por crimes imaginários e o levaram ao Gólgota. Muito mais
felizes somos nós outros que o temos a zelar por nossas vidas, enquanto os
judeus da atualidade se estorcem iracundos por não nos poderem condenar à
morte.
Juntam-se todos: materialistas com
batina e sem ela forjam leis, organizam códigos e regulamentos, aliam-se num
bloco com o dinheiro que eles temem perder. Tudo inútil: a época do Espírito
que vivifica, é do Paracleto há dois mil anos prometido.
E não é incoerente essa aliança
porque o catolicismo é a religião dos materialistas interesseiros.
Materializaram Deus, criando o dogma da segunda pessoa; materializaram-no afirmando
que Ele está em carne e sangue na rodela engolida diariamente pelo clero, esse mesmo
clero que, após engoli-la, sai para as casas das comadres ou para atos outros,
indignos de quem se intitula representante e procurador do próprio Deus. Mas,
enquanto a lei pune exploradores que vendem talismãs, eles negociam livremente
saídas do purgatório.
Padres e materialistas avarentos,
visando ambos o que é material, não se firmam em provas, mas em teorias
desconchavadas e explicadas com vocábulos que nada esclarecem. Uns e outros se
incensam e rezam na mesma cartilha de perseguição aos novos cristãos - os
Espíritas.
Ao verem um homem mau e avaro
tornar-se espírita, eles, que só visam o ouro, lobrigando o convertido a
distribuir esmolas às mãos cheias, concluem, com o raciocínio que lhes enche o
cérebro: - são loucos! E têm lógica, porque Jesus, para eles, é um meio de
vida, um meio de dominarem o povo, explorando lhe a ignorância.
Negar as curas espíritas nos dias
que correm é, como ontem, negar as produzidas pelas plantas
ricas de quinino ou as conseguidas com o uso das esponjas torradas que
continham iodo.
O povo, como então, também não se deixará levar por aéreas negatividades, visto
que ele
é o maior beneficiado com essa medicina do século XX, cujo estudo já preocupa a
milhares de clínicos. Negá-las já não é mais possível; elas se observam diariamente
em centenas de lares de todos os credos e posições sociais. São proclamadas
abertamente pela imprensa diária,
onde os nomes dos médicos, que antes desenganaram os doentes, são citados com
os
diagnósticos
que fizeram. Condená-las dos púlpitos não evita que elas se deem, e nem impede que
os católicos recorram, nos momentos agudos das suas aflições, ao Espiritismo,
cuja porta se abre sempre ao bater de quem sofre.
Negá-las com palavras, sem
experiências, sem documentações e sem conhecê-las, é tornarem-se ridículos aos
olhos dos médicos que as confirmam, e suspeitos aos do povo que as conhece e as
proclama.
Tomemos os livros de médicos
brasileiros que contra nós escreveram, três ou quatro, cada qual mais cheio de
incoerências, de contradições vergonhosas e de confusões adrede preparadas para
impressionarem os que não sabem o que seja o Espiritismo.
Citam casos de loucos religiosos,
com verônicas, santos e crucifixos, casos visivelmente de
católicos, mas na capa do livro colocam "Os Loucos do Espiritismo" -
título de que precisam para amedrontar as massas e agradar ao poderoso clero,
seu aliado de todas as épocas.
Quem são esses médicos? Um é
empregado de um sanatório com o nome de N. S. da Aparecida e servido por
freiras. Outro, um vencido da profissão, vivendo de relações com políticos que
distribuem sinecuras. O terceiro, sobrinho de um bispo e irmão de duas ou três freiras;
e o quarto, empregado da polícia e portador do seguinte atestado do Presidente do
Sindicato Médico Brasileiro: - "Velho precoce e psiquiatra de hidroceles".
Não são homens, como vedes: são cérebros sem Deus, corações de pedra e almas de
agiotas.
Para contrapô-los, apresentamos-lhes
dezenas de livros escritos por médicos de verdade, de nomes respeitáveis, por
homens colocados muito acima de médicos esportivos e de psiquiatras de hidroceles.
Felizmente, contamos com avultado
número de médicos simpatizantes da nossa Doutrina, e com numerosa plêiade de
médicos francamente adeptos da Terceira Revelação, os quais
não se refocilam no bem estar de religiões acomodatícias.
E é exatamente esse médico policial,
a quem o Presidente do Sindicato chama psiquiatra de hidroceles, o maior e o
mais terrível inimigo do Espiritismo no Brasil.
Para se conhecer a mira alvejada
pela consciência desse acadêmico, basta que se leia o relatório que apresentou
à Academia de Medicina em 1931, onde propôs que os cirurgiões deveriam
fazer rigoroso inquérito sobre a fortuna dos doentes.
Se o Espiritismo tem apenas oitenta
anos e se a loucura existe desde priscas eras, como responsabilizá-lo
por um mal que não praticou? Como responsabilizá-lo, se é justamente ele que
vem anunciar ao mundo a existência de Espíritos maléficos ao lado das vítimas
da loucura? Como responsabilizá-lo, se é ele que ensina os meios de afastar esses
inimigos ocultos, cooperando, assim, para a cura das doenças mentais que há
séculos zombam da medicina oficial?
Acusam-nos sem procurar
conhecer-nos. Que venham aqui, nesta Casa ou em centenas de
outras espalhadas pelo território pátrio. Veriam a multidão de infelizes que
socorremos com
o nosso trabalho e com o nosso dinheiro. Verificariam que não indagamos de quem
nos bate
à porta se é associado ou não; que não recebemos ordenados, pagamentos e
gratificações pelo bem distribuído; que mantemos consultórios médicos e cirúrgicos,
gabinetes dentários e farmácia, asilos e socorros em dinheiro, tudo isso, sem
nenhum, absolutamente nenhum pagamento, porque o próprio agradecimento por
palavras, nós mandamos dirigir ao Cristo, a quem desejamos servir.
Acusam-nos de exploradores da
credulidade pública, a nós, que não comerciamos dádivas divinas; que não
vendemos preces tarifadas, de tamanhos e aparatos variáveis com o pagamento,
nem fazemos inquéritos sobre a fortuna de doentes. Acusam-nos de todas as indignidades,
perseguem-nos por todas as formas, no desejo de afastar de nós os infelizes, que
eles, não podendo socorrer, procuram aprisionar perpetuamente nos hospitais.
Querem proibir-nos a liberdade de
"expulsar demônios", isto é, de afastar Espíritos maldosos.
Querem impedir que sigamos o exemplo do fundador do Cristianismo, mas toleram e
até protegem os frades que nos conventos do centro da Capital distribuem a água
de frei Rogério,
ou que, acintosamente, publicam a lista dos donativos recebidos por curas
realizadas por
essa ou aquela santa.
E daí, dessa aliança
clerical-materialista, veio a descrença social, o materialismo das Escolas, a
devassidão dos povos e a revolta dos oprimidos, que, inconscientes, aproveitam
a menor
oportunidade para praticar atos de vandalismo, como na revolução francesa e na
atual guerra
que ensanguenta o território espanhol (1).
Do Blog: Guerra civil espanhola que antecedeu a 2ª Guerra Mundial.
Chamam-nos loucos porque vêm a
abnegação dos nossos atos e a coragem com que afrontamos
a cólera do materialismo alvar dos adeptos da papolatria. Loucos, porque
pregamos o amor cristão numa época de corrupção monetária. Loucos, finalmente,
porque tudo damos de graça e, com isso, nos julgamos felizes.
*
Finalizemos, amigos, mas não nos
esqueçamos que em todas as nossas preces devemos implorar
perdão para os nossos algozes, suplicando para eles a Luz Divina de que tanto
necessitam. E, apesar de tudo, como o Cristo, repitamos sempre: Perdoai-lhes,
Pai, eles não sabem
o que fazem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário