Quaresma em plena Páscoa
No mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia de nome Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Vinham conversando um com o outro sobre tudo o que acabava de suceder. Enquanto assim falavam e conferenciavam entre si, aproximou-se deles o próprio Jesus e foi com eles. Eles, porém, estavam com os olhos tolhidos, de maneira que não o reconheceram. Perguntou-lhes ele: “Que conversas são estas que entretendes um com o outro pelo caminho?”
Calaram-se eles, tristes. Um deles, de nome Cléofas, respondeu: “és Tu o único forasteiro em Jerusalém e ignoras o que aí se passou nestes dias?”
“Que foi?” – inquiriu ele.
“Aquilo que Jesus, o Nazareno – responderam-lhe. – Era um profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Mas os sumos sacerdotes e os nossos magistrados entregaram-no à pena de morte e crucificaram-no. Nós, porém, esperávamos que fosse ele o salvador de Israel. De mais a mais, já é agora o terceiro dia que se deu tudo aquilo. Verdade é que algumas das nossas mulheres nos aterraram; tinham ido ao sepulcro, mui de madrugada; mas não acharam o corpo. E voltaram com a notícia de lhes terem aparecido anjos que declararam que ele estava vivo. Ao que alguns dos nossos foram ao sepulcro, e encontraram confirmado o que as mulheres tinham dito; a ele mesmo, porém, não o viram.” Lucas 24, 13ss
Que dissestes, solitários viandantes?... Esperáveis que fosse o Nazareno o Redentor?... E agora vos desiludistes?... por que?... por que sofreu e morreu?
Que é da vossa filosofia, insensatos pessimistas?...
Redentor seria o Nazareno se a si mesmo se redimisse do sofrimento e da morte?
Redentor, se expulsasse para além das fronteiras o invasor estrangeiro?
Redentor, se reestabelecesse a independência política de Israel e o esplendor do reino davídico?
Quando compreendereis o absurdo desta vossa filosofia?
Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista dos Tribunais, SP – 1941
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