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Ciência Religião Fanatismo
por Mínimus
(Antônio Wantuil
de Freitas)
Ed. FEB
c.1938
Quanto ao Espírito, é natural que
encontremos certa dificuldade na compreensão de sua
estrutura, e nem a isso tentaremos chegar- as formigas só compreendem o que lhes
é possível.
Se a matéria ainda está tão mal
analisada, como pretendermos compreender a formação do Espírito?
Sabemos, no entanto, existir o
Espírito, não só por no-lo terem ensinado, como por não podermos
admitir que a matéria pense. Ele só pode ser a causa da inteligência, e este o
seu efeito.
Os relógios elétricos, diz Kardec, dão uma vaga ideia dessa causa, Desligada a
corrente elétrica, que também não vemos, o relógio para.
Não podemos explicar cientificamente
como são formados os Espíritos; não podemos compreender
a sua constituição, nem porque são imortais; mas explicamos melhor que todas as
filosofias, religiosas ou não, donde partimos e aonde nos encaminhamos, para
que existimos e por que sofremos, e isso, sem recorrermos a jogo de palavras, a
hipálages (figura
de retórica, com que parece atribuir-se às palavras de uma frase o que pertence
a outras palavras da mesma frase) e a metalepses (Figura de retórica,
em que se toma o antecedente pelo consequente, e vice-versa).
Desconhecem os nossos antagonistas o
que eles próprios são, não sabem onde reside a consciência, ignoram onde se
localiza a virtude e a maldade, não explicam os segredos da fecundação e os da
morte; vivem às apalpadelas, desnorteados, destruindo hoje as teorias que ontem
criaram; entretanto, creem-se gênios, quando não passam de vermes presunçosos.
E, como lhes não podemos apresentar a composição química do espírito e a
compreensão exata do infinito, obras do Gênio Máximo - julgam-nos vencidos.
Isso importava querer exigir a um
analfabeto a compreensão exata, qual a tem o homem culto, da numeração
infinita. Pois é justamente o que nos querem pedir a nós sob-calor de que tudo
devêssemos explicar, até mesmo o que só é dado ao Espírito Supremo.
Pode-se ser humilde, afirmando
ignorar, ou orgulhoso, negando a verdade.
A crença na existência do Espírito,
e mesmo na reencarnação, faz parte dos ensinamentos de todas as religiões
antigas, inclusive o Bramanismo.
E mais recentemente, alguns anos
antes do nascimento do Cristo, Vergílio, no Livro XI da Eneida, fala-nos que os
seres que habitam no inferno são imagens aéreas que voejam sob incorpóreas
formas, e mais adiante, no mesmo capítulo, diz-nos pela boca de Anquises:
"As almas destinadas a habitar
outros corpos bebem, nas águas do Letes, a tranquilidade e o longo
esquecimento. Elas tornarão à face da Terra, voltando a novos corpos".
Como vemos, essa crença não é nova;
mas, só o Espiritismo, com a apresentação dos fenômenos, conseguiu demonstrar
essas verdades e pode amplificar os conhecimentos anteriores, afirmando aos
saduceus de hoje que os Espíritos atravessam a matéria, transportam-se com a
velocidade do pensamento e irradiam, de acordo com o seu grau espiritual,
mensagens para diversas direções, como o fazem a luz e a eletricidade.
Flammarion foi um dos que mais
defenderam a existência de forças superiores dirigindo a
natureza. Em seu "Tratado de Astronomia", afirmava que há na natureza
alguma coisa além da matéria cega, que existe uma lei intelectual de progresso
governando a criação e que a morte universal não reinará jamais.
Vede, senhores, que ele assegurava
que a morte universal não existe, e hoje, decorridos tantos
anos, podemos, com os próprios conhecimentos adquiridos ultimamente pela ciência, ampliar
a Lei de Lavoisier, asseverando: - Nada se perde, nada se cria e nada morre na natureza:
tudo se transforma. E dizemos - nada morre - porque está provado que tudo tem
movimento. A matéria, que julgavam morta, contém elétrons que giram sempre,
porque esta matéria está integrada com a energia que a não deixa perecer e
antes a transforma pela influência direta do Fluido Universal ou sob sua ação
catalisadora.
Paracelso, o fundador da Iatroquímica
(Doutrina
médica que surgiu durante o século XVI, a qual atribuía a causas químicas tudo
o que se passava no organismo, são ou enfermo) no século XVI, enunciava que o
homem é um composto químico e que as moléstias têm por causa uma qualquer
alteração deste composto. Ele falava com os conhecimentos da época, pois inda
não se havia descoberto a ação do magnetismo e nem se sonhava com a do FIuido
Universal, que, há oitenta anos, os espíritas, vimos anunciando.
O Espiritismo apresenta-nos teoria
mais desenvolvida que a de Paracelso: vai além da matéria
visível, atingindo a energia instável.
Bebemos água e ingerimos bicarbonato
de soda. Junte-se a cada molécula de água um átomo de hidrogênio, ou tire-se o
hidrogênio do bicarbonato, e ambos ficarão intoleráveis e com suas propriedades
terapêuticas modificadas, porque não é, pois, possível que inteligências, que
nos são mui superiores, possam produzir pelo conhecimento que têm do Fluido
Universal, modificações ou alterações no nosso organismo, quando sabemos ser esse
fluido o elemento básico de todos os corpos denominados simples.
Daí concluirmos que a água
fluidificada sofre a ação da força magnética ou fluídica, adquirindo
propriedades terapêuticas capazes de modificar, alterar, substituir ou
fortalecer esse
mesmo fluido componente da matéria do corpo humano.
Daí inferirmos e assegurarmos que há
criaturas aptas a servir de transmissoras do fluido vital, modificando, com os
"passes", os fluidos de quem os recebe, suprindo deficiências e até
mesmo evitando que a vida se extinga.
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