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Fenômenos
de Materialização
por Manoel Quintão
Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
1942
Ora,
contra o asserto do ilustre neurologista contemporâneo há, no Evangelho dito de
"Roustaing" - obra de ensinamentos profundos, que nos não cansamos de
recomendar -. esta afirmativa categórica: tudo
é magnetismo no universo! Que será, pois o magnetismo?
Para
Pitágoras, era o princípio mesmo da vida em toda a escala ontológica (do conhecimento do ser).
Para
os estoicos e conformados à teogonia de Zoroastro, era um fluído sutil,
animando a natureza inteira, seja: a grande alma do mundo.
Agripa,
médico célebre do século XV, considerava-o elemento de cur, um espírito vital que
penetra todos os seres e os faz viver e subsistir. E arrazoa ser esse o motivo
pelo qual os Hebrus não o consideravam entre os elementos da natureza, porém
como agente e vepiculo de união entre os diferentes seres.
Paracelso,
outro médico ilustre e astrólogo, admitia, como tal, a influência dos astros e
dizia que toda criatura possui o bálsamo astral.
Estas
coisas assim ditas, hoje, num círculo de céticos dissecadores de cadáveres,
causariam mofa. O mínimo que concederiam de conceito, a quem as dissesse, seria
o diagnóstico de uma psicose
Entretanto,
toda essa gente sabe da influência da Lua sobre a s marés, sobre as plantas,
sobre a marcha das enfermidades...
E
sabe da influência ainda maior do sol, de que fizeram até um sistema
terapêutico – a Helioterapia.
Mas,
prossigamos...
Van Helmont admitia o eficiente, a força seminal, o princípio superior, imaterial e
oculto e, como Basílio Valentino e Paracelso, o denominou arqueu ou arquiteto.
Maxwell
o tem como princípio vital, que liga a alma ao corpo. Finalmente, Mesmer,
considerado o fundador do Magnetismo, estabelece a existência de um fluido
sutil, que penetra todos os corpos e enche o Universo!
Partindo
do princípio newtoniano da atração universal, Mesmer estendeu a doutrina aos
corpos animados.
Sustentando
que a atração dos corpos celestes produz o fluxo das marés, afirmava que,
mediante certos processos, poderíamos produzir marés artificiais em nós mesmos.
E
foi por analogia com efeitos observados no imã (magnes?), que ele deu a essa
propriedade de nosso corpo a denominação de magnetismo animal.
Proclamando
o Magnetismo panaceia universal, remédio eficiente à cura de todas as
enfermidades, ele apenas tocava os doentes, sem lhes ministrar drogas
quaisquer, mas tcava-os por uma teoria racional, fundada na polaridade do corpo
humano, havendo verificado que os contatos dos polos similares é excitante e o
dos contrários calmante Em sua comunicação à Faculdade de Paris, condensada
em 27 proposições, destacamos uma, a 10ª, que, do ponto de vista espírita tem
alta significação filosófica, a saber:
“A
ação e a virtude do Magnetismo animal, assim caracterizadas, podem ser
comunicadas a outros corpos, animados ou inanimados, pois todos são disso mais
ou menos suscetíveis.”
E
aí temos a razão da psicometria com todo o seu cortejo de fenômenos
estupefacientes; aí temos os estigmas e o envultamento da Cabala. Todos estes
precipitados pioneiros do Magnetismo foram homens de ciência do seu tempo e, por
conseguinte, a seu tempo detentores da mesma autoridade e ‘infalibilidade’ que
se arrogam e estadeiam os nossos acadêmicos contemporâneos.
Depois
deles outros sábios ilustres perfilharam, defenderam e praticaram o Magnetismo,
entre os quais o Dr. Charpignon, que experimentou a influência das cores e dos
metais (metaloterapia) sobre os organismos, bem como o efeito dos medicamentos
à distância; Pététin, presidente perpétuo da Sociedade de Medicina de Lyon
(este trocou o nome de Magnetismo pelo de eletricidade animal) Reichenbach e,
por fim o Cel. de Rochas, que escreveu a magnífica obra "As fronteiras
da Ciência", repositório de experiências da mais alta ousadia, que lhe
valeram, seja dito, agressões e não poucos dissabores.
Mas,
Senhores, que vale citar nomes para esses doutos convencidos de que no mundo,
no universo, no infinito só pode haver o que eles sabem ou presumem saber?
Encafuados
na sua toca, são bem aquele coelho de que aqui nos falou, em sua recente e esplêndida conferência, o distinto escritor Viriato
Correia.
Pois
não vimos, ainda há pouco, um outro polígrafo (e só polígrafo) dizer que Ollver
Lodge, com o afirmar a sobrevivência da alma, provou que se pode ser grande sábio
quanto mau filósofo?
Como
se não pudéssemos, de rebatida, proclamar que também se pode ser excelente estilista
e mau sábio, e péssimo filósofo!..
Ah!
Senhores, razão tinha o Dr. Paulo Gibier quando afirmava a existência daquela
"zona lúcida" de cada individuo, fora da qual os problemas mais fáceis,
as equações mais simples lhes escapam como sombras impalpáveis.
Eu
bem me lembro que, de uma feita, afirmando a alguém que muitas coisas existiam
além da orbita dos nossos sentidos comuns, disse-lhe: o Sr. aqui está, firme,
ereto, vertical e solene como um coqueiro: supõe-se atarraxado aos pés, fixo
neste lugar e, no entanto, a verdade verdadeira é que o Sr., eu, esta casa,
aqueles morros, estamos rodando com a Terra em torno de si mesma e ela, a
Terra, por sua vez, em torno do Sol, que também se desloca no espaço, etc...
O
pobre homem fitou-me compungido, desconfiado, e guardo ainda a expressão
daquele olhar que parecia dizer - está louco! E... foi-se.
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