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“O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...”
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris
Comecemos,
pois, pelo principio e estudemos a obra de Moisés, para melhor
compreendermos, em seguida, a de Jesus Cristo.
Cerca
de três mil anos antes deste, é que o Deus das Potestades Celestes, El
Schaiddai, como lhe chama a Bíblia, ordena a Abraão que abandone a Caldeia,
para salvaguardar, da tirania e da idolatria reinantes, uma tribo de homens
livres e verdadeiros crentes. Havendo, por toda a Terra, Oriente e Ocidente, Índia
ou Babilônia, a ambição sacerdotal suprimido os iniciados e os inspirados, a
superstição vulgar afogara o primitivo monoteísmo num politeísmo absurdo e
grosseiro.
"Sai
do teu pais, do teu povo, da casa de teu pai diz Deus a Abraão - e emigra para
a terra que eu te mostrarei" (1). De fato,
Abraão, "o Pai dos crentes", como, ainda hoje, o cognominam Judeus,
Muçulmanos e Cristãos, se põe a caminho e errante se conserva com os seus
fiéis, expulso pela fome do país mesmo onde, mais tarde, seus filhos
regorgitariam de riquezas.
(1)
Gênese, XII, l.
Só
mil e quinhentos anos depois desse primeiro êxodo, o povo hebreu - Hebreu
significa Emigrado - efetua, deixando o Egito, o seu êxodo definitivo,
conduzido por Moisés, e esmaga os Cananeus, para não se meterem com eles. Depois,
sob a chefia de Josué, constitui um povo diferente em absoluto dos outros -
falo de há três mil anos - pelo exterior, pela maneira de se vestir e
alimentar, como pela maneira de orar, de pensar e de agir.
E
porque atribui a Bíblia ao próprio Deus a escolha da terra de Canaã? É que esse
pequeno pais, insignificante na aparência, estava situado "no centro da
Terra", como diziam os Anciãos, isto é, nos confins das três partes do
mundo, então conhecidas: à entrada da Ásia, muito perto da África e da Europa, pelo
mar Mediterrâneo. Ao demais, ensina-o a Bíblia, Deus o escolhera, porque a
situação central e a exiguidade da Palestina concorrentemente obrigavam os
Judeus, raça prolífica e comerciante, a espalhar-se para além de suas
fronteiras, a fim de desempenhar através do mundo o papel que lhes tocara, de
profetas do Monoteísmo e do Messianismo.
-
Mas, esse papel - objetar-me-eis - não é uma atribuição arbitrária, imaginada
muito mais tarde, pelos especulativos da História Humana?
-
Não - é primitiva a atribuição, está indicada desde as primeiras páginas da Bíblia:
"Quero fazer que saia de ti, diz EI Schaiddai a Abraão, uma semente que
levará a minha bênção à universalidade dos povos" - Et benedicentur in semine tua omnes gentes terrae (2) "Sereis para mim, diz Deus por Moisés aos descendentes de
Abraão, uma raça sacerdotal, uma nação de profetas, encarregada de levar o meu
nome e de glorificar a minha lei através de todas as nações, porquanto sois o
rebanho de que eu sou o pastor, e toda a terra me pertence!" (3)
(2) Gênese, XXII, 18; XXVI, 4.
(4) Êxodo XIII, 14
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