Excertos do livro...
‘Contribuições para o Espiritismo’
Eu não Creio...
O analfabeto, ouvindo dizer que a terra é
redonda e que os nossos antípodas andam de cabeça para baixo, sorri desconfiado
e declara: Eu não Creio!'
O cego de nascença, se lhe falam das
maravilhas da televisão, retrai-se indiferente e murmura: Eu não creio!
O surdo-mudo, que nunca pode
aprender a distinguir um som de um ruído, ao afirmar se lhe que o aparelho de rádio
ouve um cochicho à distância de centenas de léguas, dá uma gargalhada e
sentencia: Eu não creio!
"Eu não creio" é expressão
ingênua e defensável na boca do ignorante, do surdo e do cego para os fenômenos
que só podem estar ao alcance da inteligência e dos órgãos dos sentidos
perfeitos.
Ilustres sabichões - o Espiritismo
possui uma ciência que está desafiando a vossa curiosidade. Estudai lhe os
fenômenos, pois, enquanto não o fizerdes, se continuais a dizer simplesmente
"- eu não creio!", a vossa
negação tem para nós outros o mesmo valor do sorriso do analfabeto, da indiferença
do cego, da gargalhada do surdo-mudo.
Meditações...
Enquanto não tive conhecimento da
alma despreocupava-me do destino a que os impulsos de minha índole me
conduzissem. Agora, porém, que o Espiritismo me revelou a sua existência e, o
que é mais, a sua sobrevivência, apavora-me a visão do futuro, quando me sinto
ainda incapaz de refrear inteiramente esses mesmos impulsos.
*
Mais de uma vez me tem falado algum
amigo ateísta:
- Como deve você se sentir feliz no
Espiritismo. Crente de que os seus mortos continuam a viver, e contando também
você com a sua própria ressurreição em outro mundo, isso lhe há de assegurar um
conforto e uma tranquilidade invejáveis.
Não deixo nunca, porém, de
contraditar essas razões, replicando:
- Ao contrário, agora, com a certeza
da sobrevivência e da reencarnação, inquieto-me muito mais do que ao tempo em
que era eu também ateísta. Então, estava eu convicto de que, num dia não muito
remoto, ainda que esse dia marcasse a idade do octogenário, tudo estaria
acabado. E esse "tudo" é bem a vida de desenganos e desilusões que
conhecemos. Mas, sabendo, como sei, sem a menor sombra de dúvida, que um
milênio nada mais é do que um segundo na trajetória eterna do espírito, quanto
me preocupa o andamento dos ponteiros desse relógio!
Morrer-viver, viver-morrer,
morrer-viver". Eis o ’tic tac’ que não me sai dos ouvidos.
por
Alexandre Dias
in ‘O Mistério das Sombras’ ( Ed. FEB - 1942)
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