d. Simplicidade
por José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador (FEB)
Dezembro 1946
Tudo seria mais simples se o homem
quisesse retornar à simplicidade. Vamos encontrar nesse livro suave e
confortador, que é "Imitação de Cristo", estas palavras edificantes:
"O homem tem duas asas, por meio das
quais ele se eleva acima das coisas da Terra: são a pureza e a simplicidade".
Não é a ambição que perde o homem, quando é honesta e razoável. A desgraça dele
está no egoísmo, que polui a ambição, tornando-a execrável. Dizer-se que a
bondade desviriliza o caráter humano é uma injúria, porquanto o que ela produz
é o fortalecimento moral, o revigoramento do espírito. O homem deve e precisa
ter ambições, para corresponder aos objetivos superiores da vida. Desde, porém,
que essas ambições sejam desvirtuadas pelo egoísmo e passem a constituir meio
de coação e sofrimento para os seus semelhantes, tornam-se nocivas. Ser simples
não é cair no abandono, na indiferença pelas coisas
boas e belas que a vida tem: é justamente lutar pelo embelezamento e
engrandecimento da vida, pelo aproveitamento honesto de tudo quanto ela nos
pode oferecer. Ser simples é integrar-se na harmonia universal, pelo pensamento
e pelos atos. O
homem que não sabe odiar e que olha para os outros homens com o coração brando
e amoroso, é um simples. A felicidade mora dentro de si, tanto que seus
sofrimentos são atenuados pela resignação que a compreensão da vida oferece.
Cantemos, com Exupery, este hino de fraternidade:
"A experiência mostra que amar não é olhar um para o outro, mas olhar
juntos na mesma direção. Cada um se exalta por religiões que lhe prometem essa
plenitude. Todos, sob palavras contraditórias, exprimem os mesmos impulsos.
Dividimo-nos por causa de métodos que são
frutos de nosso raciocínio, e não por causa de fins: estes são os mesmos. De
nada vale discutir ideologias. Se todas se demonstram, todas também se opõem, e
tais discussões fazem desesperar da salvação do homem. Quando o homem em toda
parte, ao redor de nós, expõe as mesmas necessidades, queremos ser libertados.
O que dá uma enxadada no chão quer saber o sentido dessa enxadada. E a enxada
do forçado, que humilha o forçado, não é a mesma enxada do lavrador, que exalta
o lavrador. A prisão não está ali onde se trabalha com a enxada. Não há o
horror material. A prisão está ali, onde o trabalho da enxada não tem sentido,
não liga quem o faz à comunidade dos homens. E nós queremos fugir da prisão".
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