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“Amor
à Verdade”
por
Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927
O
doutrinador
Fala um nosso Instrutor espiritual:
“A luz e o amor à verdade sejam contigo.
“Venho trazer-te alguns conselhos
mais. Nunca deixes, em teus trabalhos, de aplicar todos os meios possíveis para
esclarecer o Espírito em doutrinação.
E quando pareça nada teres
alcançado, não desanimes; antes pelo contrário, enche-te de coragem; a demora,
muitas vezes, depende de certos acontecimentos que agora já podes compreender.
“Os Espíritos ora trabalhados, são
inimigos da doutrina, obsessores inveterados, que dispõem de numerosas falanges
e contam muitas relações no seu meio de ação. Necessário se faz o
esclarecimento desta classe de Espíritos. Pelo exposto, deves concluir que, enquanto
um se comunica, os outros, em número regular, diligenciam defendê-lo, quer
impedindo a formação dos quadros, quer atacando o doutrinador e pessoas
circunstantes.
“Poder-se-ia, desde o início, tolher
a liberdade ao infeliz ligado ao médium, e obrigá-Io a ouvir a doutrinação;
porém, como já alcançaste, as conversões por incorporação, são diminutas em
face das realizadas por meio dos fluidos que fornecem os médiuns de efeitos físicos.
“«Assim, o chefe da falange, enquanto
afaga a esperança de vencer, envia emissários a busca de reforços, valendo, por
esta forma, de atração de Infelizes que aqui vamos diretamente instruindo e
convertendo. Deste modo, podemos fazer, com uma só comunicação, tanto ou mais
serviço do que com três ou quatro.
“E como nos grupos que se esforçam
para o bem geral, os Espíritos que se manifestam devem converter-se, não se
permite deixarem eles o médium, senão quando esclarecidos e dispostos a seguir
novo caminho.
“Os trabalhos nestas condições são
mais proveitosos, sobretudo mais rápidos, porque se tornam contínuos e por
maior espaço de tempo. De fato, a precipitação com que os Infelizes se lançam
contra o doutrinador, que, sendo bem amparado e protegido, nada sofre, faz com
que tenham grandes decepções, o que muito influi em seu pensamento levando-os
a investigar a razão de tal resistência.
“Já temos tido ensejo de produzir,
assim, e em pouco tempo, conversões de hordas que, talvez, em vários dias, não
pudessem, de outro jeito, ser doutrinadas.
“Em todos os centros espiritas onde
haja boa vontade, humildade e fé, poderemos assim proceder; e quanto mais se
elevar o doutrinador, tanto mais nos aproximaremos para protegê-lo contra os
ataques.
“Embora não possas julgar pela
observação numérica, podes, entretanto, pela sensibilidade, apreciar as
alternativas do ambiente psiquico.
“Nem sempre podemos ajudar certos
grupos, embora os seus dirigentes revelem boa vontade, por lhes faltar, além
das indispensáveis noções da doutrina, o espirito de observação, meticulosidade
e discernimento, com que se deve receber toda comunicação. Ora, isso - não era
preciso dizer - facilita extremamente as mistificações.
“As faculdades anímicas nem sempre
são convenientemente exercitadas. Entre os médiuns de toda categoria,
encontram-se a vulto os sensoriais. Semelhante qualidade, porém, só a pouco e
pouco se há de desenvolver. É isto sobretudo porque todo mortal traz ao lado a
sua escolta, constituída por vítimas de outrora, que precisam ser auxiliadas
hoje. Ao
compasso da libertação de cada um é que pode ser educada a sensação espiritual.
“Os doutrinadores muito
contribuiriam para a causa da regeneração, se fizessem jus à desopressão e
subsequente desenvolvimento de faculdades preciosas que, estacionarias, se
tornam inúteis, em vez de servir-lhes até para a fiscalização dos trabalhos,
recebendo diretamente instruções e evitando o hábito corrente e muito perigoso
de se fazer comunicar pelo médium um Espirito para dele receber as instruções.
“De todas as práticas refutáveis do
espiritismo, esta ocupa lugar salientíssimo.
“As sessões espiritas convergem
verdadeiras vagas de almas retardatárias, os mais variados representantes do
mundo supraterrestre. É para um fim providencial - a conversão. Ora, ninguém
que estude a doutrina, ignora o antagonismo entre os fluidos de Infelizes e os
do Protetor. A aproximação de uns determina o afastamento de outros. Assim, em
tais sessões, antes que se tenha dado a conversão dos espíritos aí reunidos,
dificil se torna a manifestação dos superiores, que muito sofreriam para
suportarem o meio, sem repelir os que aí foram para ser doutrinados.
“Algumas vezes, é exato, fazem-no
abnegadamente, quando reconhecem que o seu sacrifício é compensado; porém, na
maioria das vezes, para protegerem o doutrinado r e o orientarem, do alto enviam
as suas inspirações acompanhadas de eflúvios. Isso, entretanto, raramente surte
o efeito desejado, porque o doutrinador, não tendo suas faculdades apuradas,
não sabe distinguir os fluidos e tanto dos Maus como dos Bons recolhe as
intuições.
“Em todo o caso, é respeitado o
livre arbítrio; e se as manobras do Infeliz são aceitas, fatal será seu domínio
sobre o diretor, impedindo lhe chegue a luz para esclarece-lo.
“Assim, vemos frequentemente cair
grupos espíritas, embora bem intencionados, sem que, de certo modo, lhes possam
valer seus amigos e reais protetores. Retiram-se estes em cata de outro núcleo
de trabalho, permanecendo estacionário o grupo assim submetido.
“Portanto, meus filhos, orai e vigiai.
Porque, a vossa beira, enquanto na carne estiverdes, tereis sempre ocultos
vingadores que vos veem pedir contas do passado. De vossa conduta depende a sua
conversão. Assim tereis saldado uma dívida, dando lugar a outra vítima, que
também tem o direito de ser auxiliada.
“Vive, pois, o encarnado em
permanente trabalho, sem que dele, muitas vezes, tenha o menor conhecimento.
Jamais deixará de assim ser, porque é esta uma das razões da vida planetária.
“Adeus, meu filho; Deus te ajude,
Maria te abençoe; e a luz e o amor à verdade fiquem contigo. José.”
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