domingo, 16 de setembro de 2012

23a. "Amor à Verdade"




23a
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


            Representando papel importantíssimo nos fenômenos espiritas, figura sine qua em toda manifestação, deve o médium constituir, na maioria das vezes, alvo predileto dos inimigos da doutrina, sejam encarnados, ou do espaço. Em todos os graus de elevação moral, em todas as posições sociais encontram-se médiuns, os quais nem sempre avançam, como cumpria, por negligenciarem seus deveres.

            Sem embargo da modéstia aparente, boa, percentagem deles, após servirem algum tempo, estragam-se com a estulta ideia de que são indispensáveis à realização de trabalhos que a divina misericórdia permite para a felicidade das gentes e levantamento das gerações.

            Assim, alegam ocupações, fadiga e tantos outros fúteis motivos, chegando sempre depois da hora prefixa para as sessões e fazendo-se não raro rogados.

            O que tudo é, para o observador meticuloso, matéria de real interesse e não pequeno ensinamento.

            O médium é alvo predileto dos inimigos da doutrina - dissemo-lo há pouco; a observação nos autoriza a reafirmá-lo. Porque, supondo os nossos hostilizadores que destruir o médium importa a destruição da doutrina, de rijo o atacam e acoçam.

            A verdade, porém, é que, destarte, servem como instrumento de provas, destinadas ao aperfeiçoamento dos encarnados e sempre permitidas pelo Criador, que paga generosamente aos obreiros do bem.

            A fraqueza e atraso do médium impedem-lhe, até certo ponto, a compreensão de seus deveres. Deixa-se então arrastar a quedas sucessivas, a qual mais triste, não lhe valendo nem os conselhos dos experimentados, nem as inspirações do alto. E porque? Porque não sabe reagir; não sabe, ou não quer.

            Não compreende e menos ainda se esforça para ajudar os que se lhe atravessam no caminho, como obstáculo necessário também à sua evolução e felicidade.

            Infeliz do médium que, tendo um raiozinho de luz presume de privilegiado e já isento de trabalhar.
           
            Vem a lanço (é oportuno) transcrever aqui algo de umas instruções ainda não há muito recebidas:

            “Os trabalhos de doutrinação dos Espíritos fazem-se perfeitamente sem o concurso dos chamados médiuns falantes ou de incorporação. Estes, como todos, precisam crescer; e, por isso mesmo, são submetidos a provas de varia natureza, maiores ou menores.

            “Quando algum recebe conselhos, é provado, e esquece os seus compromissos, é porque, segundo a suprema Justiça, não está em condições de colaborar na grande obra da regeneração.

            “Para esta só poderão contribuir os que forem pelo menos esforçados no cumprimento de seus múltiplos deveres: deveres profissionais, deveres para com os homens, deveres para com a doutrina, deveres para com Deus.

            “Fraco e fraquíssimo auxiliar o que não faz consistir na pontualidade e no trabalho a sua prece capital.

            “O indolente não ora, mal serve à causa e entrega-se ao capricho das próprias vítimas.

            “Ao contrário, não há força que arraste um homem cumpridor das suas obrigações, amigo de trabalhar, confiante em Deus e certo do seu destino. Basta um pouco de resistência para que de cima baixe o amparo, a proteção.

            “A lei não é cair, mas ascender!”

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