23a
“Amor
à Verdade”
por
Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927
Representando papel importantíssimo
nos fenômenos espiritas, figura sine qua em toda manifestação, deve
o médium constituir, na maioria das vezes, alvo predileto dos inimigos da
doutrina, sejam encarnados, ou do espaço. Em todos os graus de elevação moral,
em todas as posições sociais encontram-se médiuns, os quais nem sempre avançam,
como cumpria, por negligenciarem seus deveres.
Sem embargo da modéstia aparente,
boa, percentagem deles, após servirem algum tempo, estragam-se com a estulta ideia
de que são indispensáveis à realização de trabalhos que a divina misericórdia
permite para a felicidade das gentes e levantamento das gerações.
Assim, alegam ocupações, fadiga e
tantos outros fúteis motivos, chegando sempre depois da hora prefixa para as
sessões e fazendo-se não raro rogados.
O que tudo é, para o observador
meticuloso, matéria de real interesse e não pequeno ensinamento.
O médium é alvo predileto dos
inimigos da doutrina - dissemo-lo há pouco; a observação nos autoriza a
reafirmá-lo. Porque, supondo os nossos hostilizadores que destruir o médium
importa a destruição da doutrina, de rijo o atacam e acoçam.
A verdade, porém, é que, destarte,
servem como instrumento de provas, destinadas ao aperfeiçoamento dos encarnados
e sempre permitidas pelo Criador, que paga generosamente aos obreiros do bem.
A fraqueza e atraso do médium
impedem-lhe, até certo ponto, a compreensão de seus deveres. Deixa-se então
arrastar a quedas sucessivas, a qual mais triste, não lhe valendo nem os
conselhos dos experimentados, nem as inspirações do alto. E porque? Porque não
sabe reagir; não sabe, ou não quer.
Não compreende e menos ainda se
esforça para ajudar os que se lhe atravessam no caminho, como obstáculo necessário
também à sua evolução e felicidade.
Infeliz do médium que, tendo um
raiozinho de luz presume de privilegiado e já isento de trabalhar.
Vem a lanço (é oportuno) transcrever aqui
algo de umas instruções ainda não há muito recebidas:
“Os trabalhos de doutrinação dos Espíritos
fazem-se perfeitamente sem o concurso dos chamados médiuns falantes ou de incorporação.
Estes, como todos, precisam crescer; e, por isso mesmo, são submetidos a provas
de varia natureza, maiores ou menores.
“Quando algum recebe conselhos, é
provado, e esquece os seus compromissos, é porque, segundo a suprema Justiça,
não está em condições de colaborar na grande obra da regeneração.
“Para esta só poderão contribuir os
que forem pelo menos esforçados no cumprimento de seus múltiplos deveres:
deveres profissionais, deveres para com os homens, deveres para com a doutrina,
deveres para com Deus.
“Fraco e fraquíssimo auxiliar o que
não faz consistir na pontualidade e no trabalho a sua prece capital.
“O indolente não ora, mal serve à
causa e entrega-se ao capricho das próprias vítimas.
“Ao contrário, não há força que
arraste um homem cumpridor das suas obrigações, amigo de trabalhar, confiante
em Deus e certo do seu destino. Basta um pouco de resistência para que de cima
baixe o amparo, a proteção.
“A lei não é cair, mas ascender!”
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