quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Dono do Esqueleto



O Dono do Esqueleto


            O Professor Ernesto Bozzano apreciou, com a sua habitual proficiência, na revista italiana Luce e Ombra, o caso de identificação espírita trazido a público pela revista inglesa Light, em seu número de 26 de julho de 1930.

            Eis o caso em seus pormenores de mais relevo: O Dr. Mackenzie, de Chicago, foi conduzido, por circunstâncias fortuitas, a tomar parte numa sessão espírita, na qual uma entidade que se manifestou disse-lhe que tinha em sua casa um esqueleto, o que o doutor confirmou.

            - Pois bem, disse a entidade, venho dizer-lhe que esse esqueleto é o meu...

            E pôs-se a lastimar as brincadeiras que fazia um amigo do Dr. Mackenzie com aquela carcaça, a que faltavam cinco ou seis dentes.

            O Dr. Mackenzie prometeu não fazer mais uso científico do esqueleto e o Espírito, satisfeito, retirou-se.

            No curso de uma outra sessão, o doutor procurou identificar o dono do esqueleto, tendo obtido os seguintes informes: Disse o defunto haver-se chamado Chauncey A. Sprague; nascera na Geórgia, fora soldado do Exército Confederado, Legião Cobb, no começo da guerra, e depois servira no exército regular dos Estados Unidos. Em seguida a um acidente de estrada de ferro, seu cadáver foi transportado para o necrotério e aí recebeu o número 63.

            Estas informações coincidiam com as recordações do Dr. Mackenzie, de que, em 1910, obtivera no necrotério de Chicago o cadáver número 63, por 80 dólares para o dissecar com três estudantes.

            Escreveu então para o Quartel General dos Veteranos, em Nashville (Tennessee), à comissão das inscrições dos soldados da Geórgia, em Atlanta; ao Ministério da Guerra, em Washington,  e conseguiu a prova de que todas as asserções da entidade eram inteiramente exatas, pelos testemunhos da administração militar, absolutamente incontestáveis.

          "Este caso, conclui o Sr. Feeman, na Light, e o Prof. Bozzano em Luce e Ombra, é tanto mais maravilhoso, quanto ninguém, antes das duas sessões, ouvira falar da Legião Cobb, em Chauncey A. Sprague, etc.; a falha de dentes era desconhecida dos experimentadores; o Dr. Mackenzie estava muito longe de pensar neste detalhe; o número 63, do cadáver, ele o esquecera, coisa natural, depois de passados 18 anos, o que mais tarde verificou pelo seu caderno de estudante; a autoridade militar atestou o tempo de serviço militar do Espírito (1861-1865), servindo-se especialmente de uma carta de 22 de junho de 1928, do General Major Lutz Wahl.

            Ernesto Bozzano pergunta em seu artigo se tal fato pode ser explicado pela "oniscência do subconsciente", de que se servem aqueles que continuam a crer que o pensamento é produzido pelo cérebro.

Reformador (FEB) Out 1945


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