Em
defesa
do
Espiritismo
por Christiano Agarido Ismael
Gomes Braga
in ‘Reformador’ (FEB) Dezembro 1945
O célebre fisiologista francês prof.
Charles Richet, foi também o defensor brilhante e destemido do Espiritismo e do
Esperanto quando esses movimentos encontravam a risota do pessimismo acadêmico
em todo o mundo.
No livro de J. Malgras, "Les
pionniers du Spiritisme en France", encontramos belas páginas do professor
Richet, das quais vamos traduzir algumas linhas para os nossos leitores.
Eis a palavra do grande médico:
"Quando atacam a priori o Espiritismo, não há nisso outra razão, no
fundo, senão ser ele coisa nova; porque
nos fatos do Espiritismo nada se pode encontrar em contradição formal com os
dados estabelecidos pela Ciência.
"Escolhamos, entre os
inumeráveis fatos relatados pelos espíritas, o mais extraordinário; por exemplo, uma
aparição, materialização de um ser. O exemplo clássico será o de Katie King observado por Sir
William Crookes. Decerto é um fenômeno estranho, prodigioso, inverossímil. Por mais que
procuremos epítetos, não encontraremos um bastante forte para expressar o nosso espanto ao
nomear esse fenômeno que consiste na aparição de um fantasma, um ser que tem peso,
circulação, inteligência, vontade; enquanto o médium ali se acha ao lado dessa
nova entidade; e conservou, também ele, seu peso próprio, a circulação, a
inteligência, a vontade. Por mais extraordinária que seja a existência de um
fantasma, não é uma contradição com a ciência estabelecida. Onde se encontraria
uma experiência que prove que uma forma humana não pode aparecer?
Do
mesmo modo os raps ou golpes batidos, inteligentes, em objetos inertes. Do
mesmo modo a transmissão do pensamento, ou a lucidez. Do mesmo modo o movimento
dos objetos a distância. A Ciência não tem dados para negar esses fatos, não
poderá ter tais dados. Recuso admitir o argumento simplista ; "é
impossível, porque o bom senso me diz que é impossível". Porque
impossível? Quem traçou o limite do que é possível ou não? Reflita-se bem;
todas as conquistas da Ciência e da Indústria, outrora, foram consideradas
impossíveis. Assim, nenhuma contradição há entre a ciência clássica e o mais
extraordinário fenômeno do Espiritismo.
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Tanto tem a Ciência de inatacável
quando estabelece fatos, quanto de miseravelmente sujeita a erros quando
pretende estabelecer negações.
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Empreender aqui uma bibliografia
mesmo abreviada, de tudo quanto se tem escrito sobre os fenômenos espíritas,
seria trabalho considerável. A propósito desses fenômenos publicam-se
anualmente cem a duzentas obras sérias: tanto na França, como na Inglaterra,
nos Estados Unidos, na Alemanha, na Itália, e sem revoltante injustiça não,
temos direito de tratar tais obras com desprezo e silêncio. Pois não! Há tantos
escritores que, depois de haverem feito experimentação, refletido, estudado,
sentiram o dever de confiar ao público o resultado de sua reflexão e seus
estudos, e teriam trabalhado somente com fraudes!
Homens
como Crookes, Russell Wallace, Zoellner, Lombroso, Stainton Moses, Aksakof, Oliver
Lodge, de Rochas, Gibier, teriam empregado seu infecundo trabalho em
irrealidades absolutas?
Sábios de todos os países ter-se-iam perdido em afirmações de fatos errôneos,
deixando-se mistificar e enganar por impostores! ...
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Como explicar pela fraude de um
lado, pela credulidade de outro, essas ilusões de tantas pessoas honradas e
instruídas que teriam passado horas e horas a se iludir com enganos? E isso em
todas as cidades do mundo, em todas as classes sociais, por indivíduos de todas
as idades e todas as categorias.
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Sob pretexto de que essas pessoas
experimentavam mal e que não eram cientistas, não se dar ao trabalho de indagar
dos seus métodos e dos resultados obtidos, na minha opinião, é muita
inabilidade.
É inabilidade, mas é também
injustiça. Porque muitos desses espíritas são pessoas honradas e de talento que
não merecem tal desdém... e o injustificável silêncio em que os físicos, os
fisiologistas, os filósofos procuraram sufocar os fatos e teorias do
Espiritismo.
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Nossos antepassados não eram mais
tolos do que nós, no entanto, quantas coisas lhes escaparam! Quantos fatos
evidentes, berrantes, eles não perceberam! ...
Na verdade, seria uma fatuidade
infantil crer que pudéssemos dizer: "Nossos pais, nossos avós, nossos
bisavós desconheceram a verdade, defenderam teorias falsas, mas nós estamos ao abrigo
de semelhantes erros: o que dizemos é intangível. Nada se porá abaixo do que
estabelecemos, não se estabelecerão ciências novas".
Sei muito bem que ninguém entre os
sábios ousaria admitir esse raciocínio, nesta forma tão ridícula. Mas, no
fundo, é raciocinar desse modo quando dizem: "A teoria espírita é absurda.
Não é possível que os mortos voltem; não
podemos compreender forças inteligentes, misturadas em nossa existência e nas forças
inertes que governam a matéria. Não é possível ver através do espaço...
etc.".
Quando essas verdades forem melhor
conhecidas, elas modificarão profundamente as fracas noções que possuímos hoje
sobre o homem e o Universo" .
(De
‘Annales des Sciences Psychques’,
janeiro de 1905, transcrito em
"Les pionniers du Spiritisme en France").
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