Platão
Um Mundo Melhor
A criança, ensinada pela sua mãe, diz
que a chuva cai do céu, mandada por Deus, para molhar
a terra e fazer crescer as plantas.
O sábio ri-se da ingenuidade
infantil, e explica: "Chuva é a água que cai da atmosfera por
efeito da condensação dos vapores. Do solo úmido, dos mares, rios, lagos, etc.,
sobem continuamente vapores d’água, elevando-se a alturas consideráveis. Ora,
como o ar não tem a sua temperatura constante, resfria-se numa certa região sob
a influência de qualquer causa, pode o resfriamento ser tal que o vapor d’água
existente nessa zona tome o estado de saturação e passe em seguida ao estado
líquido, condensando-se em gotículas de tão fraca densidade que ficam em
suspensão na atmosfera como pó tenuíssimo. Formam assim as nuvens que tornam o
ar mais ou menos opaco nessa região e se
resolvem em chuva."
Inclino-me à explicação da criança
por ser mais simples. A simplicidade é o caminho que conduz
à verdade.
A criança, dizendo que a chuva é
enviada por Deus, não errou, repetiu o ensinamento do único Mestre, assim
expresso no Sermão do Monte: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: Amarás o
teu próximo e aborrecerás o teu inimigo? Eu, porém, vos digo: Amai os vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e perseguem, para que assim vos torneis filhos do vosso
Pai que está nos céus, pois Ele faz que o seu sol se levante sobre os bons e os
maus, e desça a chuva sobre os justos e os injustos ."
As lições evangélicas, como a acima
transcrita, menosprezadas pela ciência vaidosa do e século,
vêm recebendo, através dos tempos - para os que têm olhos de ver - a
confirmação positiva
dos fatos e o testemunho inconteste de certos acontecimentos e manifestações
insólitas que as escolas terrenas não sabem explicar.
Demais, definir um fenômeno com termos
técnicos nem sempre importa em esclarecê-lo e explicá-lo tal como realmente é.
Por vezes, é um meio hábil de disfarçar e esconder a ignorância humana.
A Ciência define a eletricidade como
sendo "um suposto fluido imponderável e incoercível a que se atribui os
fenômenos elétricos". Ficamos, acaso, sabendo o que seja a eletricidade?
Sobre a luz, assim se pronuncia:
"É o agente ou a suposta causa que determina a visão nos
seres que têm a propriedade de ver". Estaremos inteirados e instruídos a cerca
do que é
a luz?
Quanto ao som, diz o seguinte:
"É o movimento vibratório imprimido a um corpo elástico e comunicado em
seguida por este ao fluido que o rodeia, e, finalmente, transmitido por esse fluido
ao órgão do ouvido que lhe recebe a impressão".
Entendemos o que vem a ser o som?
E os fluidos? "Fluido é a
matéria imponderável a cuja ação são atribuídos os fenômenos do
calor, da luz, da eletricidade e do magnetismo".
Em conclusão, perguntamos: sabe a
Ciência o que seja a matéria? Nada obstante, nega a existência do Espírito.
Em realidade, forçoso é reconhecer
que o homem nada sabe da essência íntima de todas as coisas, tanto das
ponderáveis como das imponderáveis.
Admiremos e louvemos a Ciência em
tudo que ela tem produzido de bom e de útil à Humanidade, sem conceder-lhe,
porém, foros de onipotência e de infalibilidade; e admiremos e reverenciemos
mais ainda as mães que propinam aos filhos, com o leite materno, as luzes espirituais
que formam o caráter e aprimoram o sentimento.
A ciência que procede do cérebro não
atende a todas as necessidades e problemas da vida. É preciso completá-la com a
ciência do coração que é a sabedoria do amor; essa mesma sabedoria que manda
querer a todos - bons e maus - de vez que será tão somente nos interessando pelos
maus que os tornaremos bons e justos, resolvendo, desse modo, o problema da
confraternização humana, ao qual os sábios materialistas ainda não lograram dar
a desejada solução.
É desta ciência e daquelas mães que
poderemos esperar UM MUNDO MELHOR.
por Vinícius (Pedro de Camargo)
in ‘Reformador’ (FEB) Agosto 1945
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