terça-feira, 3 de julho de 2012

Materialização e Desmaterialização



Materialização e Desmaterialização
            O problema da materialização e da desmaterialização revela muitas dificuldades para ser colocado em termos técnicos.

            Assim me pronuncio, com respeito ao assunto, porque em nossa esfera de ação os enigmas científicos não são reduzidos.

            Adianto-lhes, porém, que se a vida deve ser considerada um todo ascendente, dentro de seus característicos de aprimoramento e eternidade, o Universo, englobando o Infinito dos Mundos, deve ser interpretado por organismo vivo, sem solução de continuidade, isto é, sem vácuos, em suas manifestações diversas nos ângulos mais remotos da Criação.

            Matéria e espírito constituem para nós, ainda no plano em que evolucionamos, duas realidades, das quais até agora não conseguimos descortinar o ponto de interação.

            Em "nosso lado”, o avanço das Inteligências de minha condição não vai muito além das linhas em que o progresso intelectual da Terra está situado. Somos constrangidos a reconhecer, portanto, que a eletricidade e o magnetismo estão, por enquanto, apenas levemente vislumbrados no campo em que nos exteriorizamos. A matéria que nos serve de base ao esforço de ascensão ainda é a grande desconhecida.

            Leis vibratórias presidem à integração e à desintegração dos átomos em todos os ângulos da vida e, em nos reportando ao assunto, estimaria poder transmitir-lhes certos apontamentos que vamos estudando aqui, com relação aos poderes mentais. Tais poderes são tão grandes e de tamanha importância sobre a organização da matéria nos mais variados reinos da natureza visível e invisível que não nos é dado formular algumas de nossas experiências, em terminologia terrestre, porquanto não somente nos faltam recursos analógicos para o cometimento, como também porque as Ordenações Superiores acreditam que esse gênero de revelação perturbaria o clima do progresso humano, por prematuro e suscetível de favorecer a ignorância e a maldade.

            Convençam-se, contudo, de que os "fenômenos de conversão”, como denominamos as trocas entre os dois planos, se verificam constantemente. Pelo crivo da química orgânica, milhões de existências surgem aqui, por morrerem aí, e vice-versa.

            O movimento é incessante.

            Não há paradas na ação, tanto quanto não há hiatos no Espaço.   
       
            A vontade é vigoroso fator de prosperidade e decadência. Através do pensamento próprio, cada espírito cria, destrói e recompõe no presente e no futuro.           

            Nossas ideias são ímãs; nossos ideais, turbilhões de força atrativa.

            Em torno de cada criatura, jazem os materiais invisíveis que ela mesma deseja e que torna visíveis e palpáveis, na esfera humana, por intermédio da assimilação mental, perispirítica e fisiológica.

            A alma, onde quer que se encontre, permanece "querendo algo” e, em razão disso, vive criando em processos de cooperação espontânea com o Sumo Poder que rege a Vida Eterna.

            Diariamente, materializamos e desmaterializamos coisas diversas.

            Semelhantes faculdades são exercidas por nós; com tanta naturalidade, quanto o ato de respirar.

            Daí nasce o impositivo de nossa renovação individual para o bem.

            Nesse sentido, o aprendiz do Evangelho nada mais realiza, quando sincero e operoso, que o dever de adaptar-se aos padrões vivos do Divino Mestre, conduzindo a Ele os materiais de que dispõe, dentro de si próprio, reestruturando-os, gradativamente, até que possa sintonizar-se com o Senhor, de maneira integral.

            Baste-nos, pois, por enquanto, a confortadora certeza de que cada espírito é pai e, ao mesmo tempo, filho das próprias obras e que, sendo livre para fazer, é constrangido a suportar os efeitos da ação ou obrigado a recolher os frutos de suas realizações felizes ou infelizes, compreendendo-se, assim, que todos somos independentes na sementeira e escravos na colheita.

            Esta é a grande lição do caminho que, por agora, devemos aprender.


Néio Lúcio
por Chico Xavier
Mensagem recebida em Pedro Leopoldo, MG em  23/11/1949


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