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A esse titulo, não será supérfluo
reproduzirmos textualmente a exposição que do primeiro de tais casos faz o Sr.
de Rochas.
"A Sra. Caro - diz ele - é uma moça de 20 anos
(1910), no gozo da mais perfeita saude. Casou-se aos 17 anos, e seu marido, que
tem predileção pelas ciências psíquicas, um dia me pediu que a adormecesse, a
fim de combater passageiras insônias, de que ela padecia. Obtive ótimo
resultado, logo à primeira aplicação, e restabeleci a normalidade do sono.
"Animados pelo sucesso, continuamos as
experiências e verifiquei que ela manifestava todas as faculdades de um sensitivo
dotado da maior sensibilidade. Sob influência dos passes longitudinais, o corpo
astral se lhe desprende pela cabeça; desloca-o ela à vontade e lhe faz tomar a
forma que eu desejo. Sente-o, quando eu o toco, ao passo que não experimenta
ação alguma exercida sobre o corpo físico. - Acusa a existência de pontos hipnógenos
e histerógenos nos lugares ordinários. É muito sugestionável, mas unicamente se
o quer. Impossível faze-la praticar, mesmo adormecida, uma ação que lhe não
agrade; embirra em tal caso
e repele a sugestão. Posso, entretanto,
atraí-la por simples sugestão mental.
"Teve um parto absolutamente
sem dor, sob a influência da sugestão, c quando tem qualquer pequeno incômodo,
basta-me, para a curar completamente,
exteriorizar seu corpo astral e colocar , por indicação sua, .a mão sobre o
duplo da parte afetada, (que ela vê com uma coloração diferente da do resto do
corpo astral). - É extremamente sensível à musica e dá à fisionomia, de um modo
admirável, a expressão de todas as emoções que lhe faz ela experimentar.
"Quando a adormeço até o grau suficiente,
por meio de passes, vê o interior dos corpos e o fluído que de meus dedos se
desprende. Se, nesse estado, olha para sua filhinha, a vê rodeada de uma
aureola de cerca de 2 centímetros, em todo lugar onde a carne está desnudada,
especialmente na cabeça. Se o marido toca então violino, corno habitualmente o faz
para acalmar a filhinha, quando chora, vê a auréola se dilatar na direção do
instrumento, desde que as notas são agudas, e retrair-se quando graves. Para
lhe permitir contudo essa observação, é necessário que eu lhe tenha feito a
sugestão de não ouvir a musica, sem o que, estando exteriorizado o seu corpo
fluídico, não a pode ela suportar, porque - diz - é como se alguém lhe operasse
nos nervos expostos.
"De várias experiências resulta que ela se reporta
a três vidas anteriores. Na última, que precedera à atual, é um rapazinho João,
nascido numa família miserável, logo depois abandonado e que dormia nos matos,
onde acabou por ser estrangulado, na idade de 15 anos, por uns salteadores.
Nesse momento leva a mão ao pescoço e dá mostras de sufocação. Em relação a
essa vida jamais variou.
"Suas mais antigas recordações, determinadas pela
pressão na fronte, a transportam a uma vida de soldado, a cujo respeito cala
toda particularidade. Foi depois uma senhora, que morava num castelo e
abandonou o marido e o filho, fugindo com um amante. Na velhice e depois da
morte se arrepende e verte lágrimas sinceras.
"Reencarna, sem escolha da sua parte, no corpo de
uma menina, Magdalena, cuja mãe parece ter sido uma mulher galante; durante a
infância não vê seu pai senão algumas vezes, à tarde: ele passa a noite em casa
e torna a sair pela manhã. Mora em Paris, para os lados da praça do Trono . Aos
18 anos, toma um amante, moço , que ama e com quem vive. Alguns anos de
felicidade; depois o amante a abandona e ela vai passando sucessivamente a
outros. Era ao tempo do segundo Império. Acaba por se fazer manteúda de um
velho e morre infeliz aos 50 anos . Aí se insere uma nova personalidade, que
nem sempre se apresenta: é um tal Henrique Charon, proprietário na Côte-d’Or,
que vivia no tempo do presidente Grévy, falecido aos 56 anos e grande
apreciador de mulheres.
"Vem
depois a personalidade João.
"Se a adormeço com os passes
longitudinais, sem interrupção para interrogatório, a fisionomia se lhe
modifica, para representar quer a infância, quer a idade madura, quer a morte e
a reencarnação, com a atitude peculiar do feto. - Despertando-a por meio dos passes
transversais, noto que passa pelas mesmas fases, em sentido inverso, até o
estado normal. Quando se reencarna no ventre de sua mãe, toma a posição do feto.
Reparando nas posições fetais, pode-se determinar exatamente a vida em que se
encontra ela.
"No
intervalo das reencarnações está na semiobscuridade, sem grande sofrimento; vê
em volta espíritos, entre os quais alguns maus se reúnem para fazer mal.
“A existência desventurada de João
lhe fora imposta como punição de seus desregramentos, na personalidade
precedente. - Agora está paga a sua dívida, sendo-lhe assim possível ter uma
vida normal.
"Quando está adormecida até o
grau de perceber o fluido, vê formar-se em torno a si um cilindro luminoso, se
por minha vez lhe ando em volta. - Um dia lhe perguntei se não via então algum
espírito; ao cabo de um instante seu olhar se fixou e adquiriu uma expressão de
medo. Levou a mão ao pescoço. A reiterada pergunta que lhe fiz respondeu que
via o espírito do que a estrangulara, na existência de João.
"O fenômeno de regressão da
memoria em sua vida atual é muito positivo, - Até a idade de 7 anos não há
reflexo de pudor.
Para o futuro muito pouco a impeli.
Ela se vê-entretanto, aos 26 anos em Paris, o que representa provavelmente a
realização de um desejo. Mas assume então um ar triste e recusa
explicar-se."
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