Mensagem de
João Batista
11,2
Tendo João, em sua prisão, ouvido falar das obras de Cristo, mandou-lhe dizer
pelos seus discípulos:
11.3 Sois Vós aquele que deve vir ou devemos
esperar por outro?
11,4 Respondeu-lhes
Jesus: Ide e contai a João
o que ouviste e o que vistes:
11,5 Os cegos veem, os coxos andam, os
leprosos são limpos,
os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, a boa nova é
anunciada aos pobres...
11,6 Bem aventurado aquele para quem Eu não for
ocasião de queda!
11,7 Tendo ele partido, disse Jesus a respeito
de João: “ -Que fostes ver no deserto?
Um caniço agitado pelo vento?
11,8 Que fostes ver então? Um homem vestido de
roupas luxuosas? Mas, os que estão revestidos de tais roupas vivem nos palácios
dos reis.
11,9 Mas, então, por que fostes para lá? Para
ver um profeta? Sim, Digo-vos Eu, mais
que um profeta.
11,10 É
dele que está escrito: “ -Eis que envio Meu mensageiro diante de ti para te
preparar o caminho.”(Mal 3,1)
11,11 Em verdade vos digo, entre os filhos das
mulheres, não surgiu outro maior que
João Batista. No entanto, o menor no reino dos céus é maior do que ele.
11,12
Desde a época de João Batista até agora, o reino dos céus é dito ser arrebatado
a força e que são os violentos que o
conquistam.
11,13 Porque
os profetas e a lei tiveram a palavra até João.
11,14 E,
se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar.
Para Mt (11,12-14), encontramos a palavra de Kardec, no Cap. IV
de “O Evangelho...”:
“Esta passagem de
Mateus é inequívoca; é ELE MESMO o Elias que deve vir; não há, aí, nem figura,
nem alegoria: é uma afirmação positiva.
“Desde os tempos de João Batista até o presente, o reino dos céus
é tomado pela violência.” Que significam essas palavras, uma vez que João Batista vivia naquele momento? Jesus as explica dizendo: “Se quereis
compreender o que vos disse,
é ele mesmo o Elias que deve vir.”
Ora, João não sendo outro senão
Elias, Jesus faz alusão ao tempo em
que João vivia sob o nome de Elias. “Até o presente, o reino dos céus é
tomado pela violência” é uma outra alusão à violência da lei mosaica que
ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a terra prometida, paraíso dos
Hebreus, enquanto que, segundo a nova lei, o céu se ganha pela caridade e pela
doçura.”
Para Mt (11,11) - Maior ou menor no reino dos Céus
- leiamos ao Cap. III de “O Céu e o Inferno”, de Kardec, uma das cinco obras em que se
codifica o Espiritismo:
O
Céu
“Em geral a
palavra céu designa o espaço indefinido que circunda Terra, e mais
particularmente a parte que está acima do nosso horizonte. Vem do latim coelum, formada do grego coilos, côncavo, porque o céu parece
uma imensa concavidade. Os antigos
acreditavam na existência de muitos céus superpostos, de matéria sólida e
transparente, formando esferas concêntricas e tendo a Terra por Centro. Girando
essas esferas em torno da Terra, arrastavam consigo os astros que se achavam em
seu circuito. Essa ideia, provinda da deficiência de conhecimentos
astronômicos, foi a de todas as teogonias, que fizeram dos céus, assim
escalados, os diversos degraus da bem-aventurança: o último deles era abrigo da
suprema felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete céus e daí a
expressão - estar no sétimo céu -
para exprimir perfeita felicidade...”
“A ciência, com a
lógica inexorável da observação e dos fatos, levou o seu archote às profundezas
do Espaço e mostrou a nulidade de todas essas teorias. A Terra não é mais o
eixo do Universo, porém um dos menores astros que rolam na imensidade; o
próprio Sol mais não é do que o centro de um turbilhão planetário...”
“Revelando-nos a
Ciência mundos semelhantes ao nosso, Deus não podia tê-los criado sem intuito,
antes deve tê-los povoado de seres capazes de os governar.”
“O homem compõe-se de corpo e Espírito: O
Espírito é o ser principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro
material que reveste o Espírito temporariamente, para preenchimento de sua
missão na Terra e execução do trabalho necessário ao seu adiantamento...”
“Existem, pois,
dois mundos: o corporal, composto de Espíritos encarnados; e o espiritual,
formado dos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo à
materialidade do seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer globo; o mundo espiritual ostenta-se por toda
parte, em redor de nós como no espaço, sem limite algum designado...”
“Pelo progresso,
os Espíritos adquirem a felicidade, de sorte que, de dois Espíritos, um pode
não ser tão feliz quanto outro, unicamente por não possuir o mesmo adiantamento
intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual, em lugar
distinto....”
“Sendo a
felicidade dos Espíritos inerente às suas qualidades, haurem-se eles em toda
parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados,
ou no Espaço.”
“O mundo espiritual tem esplendores por toda parte,
harmonias e sensações que os Espíritos inferiores, submetidos à influência da
matéria, não entreveem sequer, e que somente são acessíveis aos Espíritos
purificados...”
“A suprema
felicidade só é compartilhada pelos Espíritos perfeitos, ou, por outra, pelos
puros Espíritos, que não a conseguem senão depois de haverem progredido em
inteligência e moralidade...”
“A encarnação é
necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso
intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela
necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das
boas ou más qualidades...”
“Uma só existência corporal é manifestamente
insuficiente para o Espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal
que lhe sobra...”
“Mas Deus, que é
soberanamente bom e justo, concede ao Espírito tantas encarnações quantas as
necessárias para atingir seu objetivo - a perfeição...”
“No intervalo das existências corporais o
Espírito torna a entrar no mundo espiritual, onde é feliz ou desgraçado segundo
o bem ou o mal que fez...”
“A reencarnação
pode dar-se na Terra ou em outros mundos...”
“A suprema
felicidade consiste no gozo de todos os esplendores da criação, que nenhuma
linguagem humana jamais poderia descrever, que a imaginação mais fecunda não
poderia conceber.
Consiste também na penetração de
todas as coisas, na ausência de sofrimentos físicos e morais, numa satisfação
íntima, numa serenidade dalma imperturbável, no amor que envolve todos os
seres, por causa da ausência de atrito pelo contato dos maus, e, acima de tudo,
na contemplação de Deus e na compreensão dos seus mistérios revelados aos mais
dignos.
A felicidade também existe nas tarefas cujo
encargo nos faz felizes.
Os puros
Espíritos são os Messias ou mensageiros de Deus pela transmissão e execução das
suas vontades. Preenchem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à
harmonia geral do Universo, tarefa gloriosa a que se não chega senão pela
perfeição. Os da ordem mais elevada são os únicos a possuírem os segredos de
Deus, inspirando-se no seu pensamento, de que são diretos representantes.”
“Nessa imensidade ilimitada, onde está o
Céu? Em toda parte. Nenhum contorno lhe traça limites. Os mundos adiantados são
as últimas estações do seu caminho, que as virtudes franqueiam e os vícios
interditam.”
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