Cura
de um paralítico
9,1 Jesus tomou de novo a barca e passou o lago
e veio para a sua cidade.
9,2 Eis que lhe apresentaram um paralítico
estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico:
“-Meu filho, Coragem! Teus pecados te são redimidos!”
9,3 Ouvindo isto, alguns escribas murmuraram
entre si: - Este homem blasfema!
9,4 Jesus, penetrando-lhes os pensamentos,
perguntou-lhes: “-Por que pensais mal em vossos corações?
9,5 Que é mais fácil dizer; Teus pecados te são
redimidos ou levanta-te e anda?
9,6 Ora, para que saibas que o Filho tem na terra o poder de perdoar os pecados:
“-Levanta-te!”- Disse Ele ao paralítico – “ -Toma tua maca e volta para tua casa”.”
9,7 Levantou-se aquele homem e foi para sua
casa.
9,8 Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e
glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens.
Para Mt (9,2-6)
-Cura de um Paralítico -, busquemos no Cap. XV de
“A Gênese”, de A. Kardec, os
esclarecimentos:
“Sem nada
prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro
desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de
reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes,
muitíssimo acima da humanidade terrestre.
Pelos imensos
resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter
sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros mais diretos
confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o
próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos
homens, seria mais que um profeta, porquanto seria um Messias divino.
Como homem, tinha
a organização dos seres carnais, porém, como Espírito puro, desprendido da
matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de
cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens
não derivava das qualidades particulares do corpo, mas das do seu Espírito, que
dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte
mais quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos
laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto
lhe dava dupla vista, não só
permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de
ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação
a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A
qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo
incessante desejo de fazer o bem.
Agiria como médium nas curas que operava?
Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário,
um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não
precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder
pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas
forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos
e encarregá-lo de os transmitir? Se
algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo
definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.”
A. Kardec retorna
a esse trecho do Evangelho, ainda em seu Cap. XV, para adicionar:
“Que
significariam aquelas palavras: “Teus
pecados te são redimidos” e em que podiam elas influir para a cura? O Espiritismo lhes dá a explicação, como a
uma infinidade de outras palavras incompreendidas até hoje. Por meio da
pluralidade das existências, ele ensina que os males e aflições da vida são
muitas vezes expiações do passado, bem como que sofremos na vida presente as
consequências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que
tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são
solidárias umas as outras.
Se, portanto, a
enfermidade daquele homem era uma expiação do mal que ele praticara, o
dizer-lhe Jesus: “Teus pecados te são redimidos ” equivalia a dizer-lhe: “Pagaste
a tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa da tua enfermidade;
conseguintemente, mereces ficar livre dela..”
Daí o haver dito
aos escribas:
“Tão
fácil é dizer: Teus pecados te são perdoados, como: Levanta-te e anda.”
Cessada a causa o
efeito tem de cessar. É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara:
“Teu crime está expiado e perdoado” o que
eqüivale a se lhe dizer:
“Podes sair da
prisão”.”
Mlefiteo-soJackson Amanda Robinson link
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