04 Estudar e... Estudar
por J D Innocêncio
“Reformador” (FEB) - Junho de 1981
"Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade."
Allan Kardec
Evidenciado o valor da "Revista Espírita", partindo dos conceitos do próprio Codificador da Doutrina Espírita, alguns dos quais focalizados em artigos anteriores, continuamos trazendo subsídios a pessoas que se estejam aproximando do Espiritismo e que não tenham tido oportunidade de ler o muito que já foi escrito quanto ao entrelaçamento das obras dos missionários Kardec e Roustaing.
Em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de Humberto de Campos, psícografado por Francisco Cândido Xavier, capítulo XXII, pág. 176 (3ª ed., FEB, 1979), encontramos este trecho:
"Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário (Allan Kardec), no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de Jean-Baptiste Roustaing, que organizaria o trabalho da fé (o grifo é nosso); de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na Codificação Kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos." (O grifo é nosso.)
Na "Revista Espírita" de junho de 1866, págs. 188/190, Allan Kardec afirma a respeito da obra "Os Quatro Evangelhos":
"É um trabalho considerável e que tem, para os espíritos, o mérito de não estar, em nenhum ponto (o grifo é nosso), em contradição com a doutrina ensinada pelo ((O Livro dos Espíritos" e o "dos Médiuns". As partes correspondentes às que tratamos em "O Evangelho segundo o Espiritismo" o são em sentido análogo."
Uma vez que o próprio Codificador afirmou que não há contradição entre os ensinamentos constantes de "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing, e os de "O Livro dos Espíritos" e "dos Médiuns", quem poderá - em sã consciência - oontradizê-lo?
Quanto ao ensinamento, constante de "Os Quatro Evangelhos", de que o corpo do Senhor Jesus era um "agênere", também não se encontra repúdio no citado artigo da "Revista Espírita", de junho de 1866. Leiamos o que o Codificador escreveu:
"Nisso nada há de materialmente impossível para quem quer que conheça as propriedades do envoltório perispiritual."
E, colocando-se na posição de quem aguarda melhores esclarecimentos para, posteriormente, definir-se com segurança:
"Esperamos, pois, os numerosos comentários que ela não deixará de provocar da parte dos Espíritos, e que contribuirão para elucidar a questão."
Ora, se o Codificador não arguiu contradição, nem repudiou o esclarecimento, preferindo aguardar os pronunciamentos da EspiritualIdade e esta se tem pronunciado, repetidamente, confirmando o ensino enfocado, quem poderá - em sã consciência - dizer o contrário?
Guerra Junqueiro, através da psicografia de América Delgado, na obra "Os Funerais da Santa Sé" (4ª ed., FEB, 1974), aborda o assunto na poesia intitulada "O corpo de Jesus", págs. 89/93, e dela extraímos algumas rimas:
"De fluidos é formado? . É feito de
[matéria? ..
Matéria sublimada, ou simplesmente argila? ..
Um corpo como os mais, sujeito a vil
[miséria? ..
Fluido que nenhum mal polui ou aniquila? ..
- Onde se encerra a vida, na Alma? no
[Envoltório ?
Quem vibra, quem palpita - o Corpo ou o
[Clarão?
O martírio real é o que retalha a Alma,
A ponta de um aleive o fel da ingratidão!
Se o Cristo foi humano, que é da virgindade
daquela que recebe, ainda imaculada,
o Verbo que ilumina toda a Humanidade,
fazendo-a palmilhar a verdadeira estrada?!
Jesus não foi jamais involucrado em lama!
(Grifo do original.)
Para completar o presente artigo transcrevemos um trecho da obra "Roma e o Evangelho" (5ª ed., FEB, 1950, pág. 159):
"O aperfeiçoamento do corpo segue paralelo ao
do Espírito; porque ambos obedecem à mesma
lei - e o Espírito edifica o seu teto conforme
as suas necessidades e na altura de suas aspirações.
À medida que o Espírito se emancipa das suas
impurezas, o corpo se desprende também das
suas, pela comunicação que existe entre o Espírito
e o corpo, e em virtude da influência que
o primeiro exerce sobre o segundo.
O homem tem dois corpos. Pelo primeiro, que
o toma da substância etérea fluídica, comunica
o Espírito sua atividade e perfeição ao segundo.
O primeiro é tanto mais etéreo e celestial,
quanto maior é a elevação do Espírito do segundo,
e menos carnal, conforme a purificação
do primeiro.
O limite superior do corpo carnal é o corpo
espiritual; o limite do corpo espiritual é o
Espírito - e o limite do Espírito é Deus.
Não o duvideis, embora não o compreendais.
O corpo terreno se purifica gradualmente e se
O corpo terreno se purifica gradualmente e se
eleva até ao corpo espiritual - o corpo espiritual
até ao Espírito - e o Espírito até Deus.
Esta é a lei. Não a conheceis hoje; - esperai,
que a conhecereis amanhã."
O autor espiritual do trecho transcrito é João Evangelista ("Círculo Cristiano Espiritista de Lérida", Espanha, em 1874), um dos colaboradores da preparação de "Os Quatro Evangelhos" (Paris, 1866).
A ideia exposta - lei, segundo o próprio autor - simplifica o entendimento de muitas passagens evangélicas, entre as quais escolhemos:
“Tu pois agora, Pai, glorifica-me a mim em ti mesmo, com aquela glória que eu tive em ti, antes que houvesse mundo." João, 17:5 (o destaque é nosso).
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