03 Estudar e... Estudar
por J D Innocêncio
“Reformador” (FEB) - Maio de 1981
"Fé inabalável é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade." Allan Kardec
Os estudos a respeito dos "agêneres", partindo de "O Livro dos Médiuns" (2ª parte, capítulo VII), passando pelo "O Evangelho segundo o Espiritismo" (capítulos XXV, § 59 e XXVII, § 89), alcançando a "Revista Espírita" (fevereiro de 1859), levam o aprendiz sincero ao exame da coleção da citada Revista, no período de responsabilidade do missionário Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita (janeiro de 1858 a abril de 1869).
Para se avaliar bem o valor da citada coleção, basta que se leia, com atenção, o que a respeito escreveu o próprio Codificador, em diversas oportunidades, entre as quais destacamos duas. A primeira na introdução da obra "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas" (1858) e a segunda no penúltimo parágrafo, do capítulo primeiro do livro "O que é o Espiritismo" (1859). Dessa leitura ressalta que ele, o autor, considerava a coleção enfocada como parte integrante de sua obra e, por assim pensar, não repete, por exemplo, em "O Livro dos Médiuns", os ensinamentos relativos aos "agêneres", preferindo encaminhar os leitores à "Revista Espírita", fevereiro de 1859 (vide "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, cap. VII).
Allan Kardec transcreve, na Revista de junho de 1861 (pp. 179/184), a carta que recebera de Roustaing, precedendo-a do seguinte comentário:
“Os princípios que ai são altamente expressos por um homem de sua posição, posto entre os mais esclarecidos (o grifo é nosso), talvez levem a refletir àqueles que, julgando-se com o privilégio exclusivo da razão, colocam sem cerimônia todos os adeptos do Espiritismo entre os imbecis."
Das considerações aduzidas após a transcrição destacamos :
"Como nós, todos apreciarão a justeza dos pensamentos expressos nesta carta. Vê-se que, embora iniciado recentemente, o Sr. Roustaing passou a mestre em assunto de apreciação. É que estudou séria e profundament8e o que lhe permitiu apanhar com rapidez todas as consequências dessa grave questão do Espiritismo e, ao contrário de muita gente, não parou na superfície."
Em 1865, número de setembro (pp. 277/278), encontra-se o seguinte registro da lavra do Codificador:
"Palestras familiares sobre o Espiritismo, pela Sra. Emilie Collignon. (De Bordeaux.) Temos a satisfação e o dever de chamar a atenção dos nossos leitores para esta brochura, que apenas anunciamos no último número, e que inscrevemos com prazer entre os livros recomendados (o grifo é nosso). É uma exposição completa, posto que sumária, dos princípios verdadeiros da Doutrina, em linguagem familiar, ao alcance de todos, e sob uma forma atraente. Fazer a análise desta produção seria fazer a de "O Livro dos Espíritos" e de "O Livro dos Médiuns" (o grifo é nosso). Não é, pois, como contendo ideias novas, que recomendamos esse opúsculo, mas como meio de propagar a Doutrina."
Na "Revista Espírita", de junho de" 1866 (pp. 188/190), Allan Kardec comenta o aparecimento da obra "Os Quatro Evangelhos". É pertinente relembrar que "O Evangelho segundo o Espiritismo" fora publicado em 1864, contendo mensagens recebidas entre 1859 e 1863 e que a obra "Os Quatro Evangelhos", que apareceu em 1866, fora recebida entre 1861 e 1865, sendo, portanto, trabalhos simultâneos da Espiritualidade Superior, através de dois missionários da mesma Seara.
Passamos à transcrição de alguns tópicos dessa publicação:
"Esta obra compreende a explicação e a interpretação dos Evangelhos, artigo por artigo, com a ajuda de comunicações ditadas pelos Espíritos. É um trabalho considerável e que tem, para os espíritas, o mérito de não estar, em nenhum ponto, em contradição com a Doutrina ensinada pelo "O Livro dos Espíritos" e o "dos Médiuns". As partes correspondentes às que tratamos em "O Evangelho segundo o Espiritismo" o são em sentido análogo. (O grifo é nosso.) Aliás, como nos limitamos às máximas morais que, com raras exceções, são claras, estas não poderiam ser interpretadas de diversas maneiras,. assim, jamais foram assunto para controvérsias religiosas. Por esta razão é que por aí começamos, a fim de ser aceito sem contestação, esperando, quanto ao resto, que a opinião geral estivesse mais familiarizada com a ideia espírita."
E mais à frente, se pronunciando quanto à afirmativa constante da obra enfocada de que o corpo de JESUS era um "agênere":
"Nisso nada há de materialmente impossível para quem quer que conheça as propriedades do envoltório perispiritual."
Se nas duas primeiras publicações (junho de 1861 e setembro de 1865) encontramos, através da pena do Codificador, a apreciação criteriosa quanto à honradez e à dignidade do Sr. Roustaing e da Sra. Collignon, na terceira publicação (junho de 1866), temos a critica da obra de responsabilidade do Sr. Roustaing e mediunidade da Sra. Collignon em termos sensatos e, surpreendentemente, proféticos, quando registra:
"Esperamos, pois, os numerosos comentários que ela não deixará de provocar da parte dos
Espíritos, e que contribuirão para elucidar a questão:"
Cumprida está a profecia. Muitos Espíritos, e entre eles o próprio Codificador depois de desencarnar, vieram confirmar o acerto do ensino constante da obra "Os Quatro Evangelhos" e demonstrar que não há controvérsia entre os ensinamentos constantes da citada obra e os de "O Evangelho segundo o Espiritismo".
Em "Elos Doutrinários", Ismael Gomes Braga destaca três obras mediúnicas que confirmam o ensino focalizado: "Diário dos Invisíveis", pela médium Zilda Gama; "Funerais da Santa Sé", pela médium América Delgado e "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", pelo médium Francisco Cândido Xavier.
continua
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