“A Paz
do Último Dia...
“Já pensastes na paz do último dia na Terra?
Há, na alma prestes a regressar à sua eterna pátria, um mundo de sensações desconhecidas.
Nesses olhos nublados de pranto, num corpo lavado pelo copioso suor da agonia, gangrenado e semi-apodrecido, onde os órgãos rebeldes, em conflito, são centros das mais violentas e rudes dores, existe todo um amontoado de mistérios indecifráveis para aqueles que ficam.
Nesses rápidos minutos, um turbilhão de pensamentos represa-se nesse cérebro esgotado pelos sofrimentos... O Espírito, no limiar do túmulo, sente angústia e receio; e nos estertores de sua impotência, vê, numa continuidade assombrosa de imagens movimentadas, toda a inutilidade das ilusões da vida material.
Todas as vaidades e enganos tombam furiosamente, como se um ciclone impiedoso os arrancasse do seu íntimo, e os que somente para esses enganos viveram sentem-se, na profundeza de suas consciências, como se atravessassem um deserto árido e extenso; todos os erros do passado gritam nos seus corações, todos os deslizes se lhes apresentam, e nessa quietude aparente de uns lábios que se cerram no doloroso ricto da morte, existem brados de blasfêmia e desesperação, que não escutais, em vosso próprio benefício.
Para esses Espíritos, não existe a paz do último dia. Amargurados e desditosos, lançam ao passado o olhar e reflexionam...
-Ah! Se eu pudesse voltar aos tempos idos!..”
Emmanuel in 'Emmanuel' (Ed. FEB) por Chico Xavier
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