sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Paz do Último Dia...


A Paz 
do Último Dia...
          
                “Já pensastes na paz do último dia na Terra?

        Há, na alma prestes a regressar à sua eterna pátria, um mundo de sensações desconhecidas.

        Nesses olhos nublados de pranto, num corpo lavado pelo copioso suor da agonia, gangrenado e semi-apodrecido, onde os órgãos rebeldes, em conflito, são centros das mais violentas e rudes dores, existe todo um amontoado de mistérios indecifráveis para aqueles que ficam.

        Nesses rápidos minutos, um turbilhão de pensamentos represa-se nesse cérebro esgotado pelos sofrimentos... O Espírito, no limiar do túmulo, sente angústia e receio; e nos estertores de sua impotência, vê, numa continuidade assombrosa de imagens movimentadas, toda a inutilidade das ilusões da vida material.

        Todas as vaidades e enganos tombam furiosamente, como se um ciclone impiedoso os arrancasse do seu íntimo, e os que somente para esses enganos viveram sentem-se, na profundeza de suas consciências, como se atravessassem um deserto árido e extenso; todos os erros do passado gritam nos seus corações, todos os deslizes se lhes apresentam, e nessa quietude aparente de uns lábios que se cerram no doloroso ricto da morte, existem brados de blasfêmia e desesperação, que não escutais, em vosso próprio benefício.

        Para esses Espíritos, não existe a paz do último dia. Amargurados e desditosos, lançam ao passado o olhar e reflexionam...

        -Ah! Se eu pudesse voltar aos tempos idos!..

Emmanuel in  'Emmanuel' (Ed. FEB)  por Chico Xavier

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