segunda-feira, 15 de agosto de 2011

'A Nova Lei comparada à antiga... '


A Nova Lei 
Comparada
a Antiga

5,17 Não penseis que Eu tenha vindo  abolir a lei ou os profetas. Não as vim para abolir mas sim cumpri-las.
5,18  Pois, em verdade vos digo, passará o céu e a Terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei.
5,19 Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no reino dos céus. Mas, aquele que os guardar e os ensinar, será declarado grande no reino dos céus.
5,20 Digo-vos, pois, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
5,21 Ouviste o que foi dito aos antigos: Não Matarás! Mas, quem matar será castigado pelo tribunal.
5,22 Mas, Eu vos digo: Todo aquele que se irar contra seu irmão, será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão - “Raca!”, será castigado pelo grande conselho. Aquele que lhe disser: Louco!, será condenado.
5,23 Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
5,24 deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta.
5,25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz e o juiz te entregue ao ministro e sejas posto em prisão. 
5,26 Em verdade te digo, dali não sairás antes de teres pago o último centavo.
        
            Sobre   Mt (5,17-18),    destacamos  as seguintes instruções de Alan Kardec, contidas  em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
           
            ...“Há duas partes na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por Moisés; uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes do povo, se modifica com o tempo.”

            “A lei de Deus está formulada nos  Dez  Mandamentos. Esta lei é de todos os tempos e de todos os países  e, tem, por isso mesmo, um caráter divino. Todas as outras, são leis estabelecidas por Moisés.”
            
Prossegue Kardec,

            “Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus; Ele veio cumpri-la, quer dizer, desenvolvê-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido.”

            “Quanto à lei de Moisés propriamente dita, ao contrário, ele a modificou profundamente, seja no fundo, seja na forma; combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações.”

            “Por estas palavras : “ -O céu e a Terra não passarão antes que tudo seja cumprido até um único jota”, Jesus quis dizer que seria preciso que a Lei de Deus recebesse seu cumprimento, quer dizer, fosse praticada sobre toda a Terra, em toda sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas consequências.”

            “A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés; a do Novo Testamento está personificada no Cristo.”

            “O Espiritismo não ensina nada de contrário ao que Cristo ensinou, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todo o mundo, o que não foi dito senão de forma alegórica.”
           
            Ainda Kardec, citando mensagem recebida de um espírito israelita, que se apresentou como Mulhouse, que afirma:

             “O Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime: a moral evangélica cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo...
           
Para  Mt  (5,17) - Eu não vim destruir a lei - leiamos “Livro da Esperança” de Emmanuel por Chico Xavier:

Culto Espírita

            O culto espírita, expressando veneração aos princípios evangélicos que ele mesmo restaura, apela para o íntimo de cada um, a fim de patentear-se.

            Ninguém precisa inquirir o modo de nobilitá-lo com mais grandeza, porque reverenciá-lo é conferir-lhe força e substância na própria vida.

            Mãe, aceitarás os encargos e os sacrifícios do lar, amando e auxiliando a Humanidade, no esposo e nos filhos que a Sabedoria Divina te confiou.

            Dirigente, honrarás os dirigidos. Legislador, não farás da autoridade instrumento de opressão.

            Administrador, respeitarás a posse e o dinheiro, empregando-lhes os recursos no bem de todos, com o devido discernimento. Mestre, ensinarás construindo. Pensador, não torcerás as convicções que te enobrecem. Cientista, descortinarás caminhos novos, sem degradar a inteligência. Médico, viverás na dignidade da profissão sem negociar com as dores dos semelhantes. Magistrado, sustentarás a justiça. Advogado, preservarás o direito. Escritor, não molharás a pena no lodo da viciação, nem no veneno da injúria. Poeta, converterás a inspiração em fonte de luz.

            Orador, cultivarás a verdade. Artista, exaltarás o gênio e a sensibilidade sem corrompê-los. Chefe, serás humano e generoso, sem fugir à imparcialidade e à razão. Operário, não furtarás o tempo, envilecendo a tarefa. Comerciante, não incentivarás a fome ou o desconforto, a pretexto de lucro. Exator, aplicarás os regulamentos com equidade. Médium, serás sincero e leal aos compromissos que abraças, evitando perverter os talentos do plano espiritual no profissionalismo religioso.

            O Culto Espírita possui um templo vivo em cada consciência na esfera de todos aqueles que lhe esposam as instruções, de conformidade com o ensino de Jesus:  “O reino de Deus está dentro de vós.” e toda a sua teologia se resume na definição do Evangelho: “a cada um segundo as suas obras”.

            À vista disso, prescindindo de convenção e pragmática, temos nele o caminho libertador da alma, educando-nos raciocínio e sentimento, para que possamos servir na construção do mundo melhor.”

            Para  Mt  (5,20) - Se a vossa justiça não exceder  a  dos escribas...-    leiamos “Palavras de Vida Eterna”, de Emmanuel por Chico Xavier:

            Escribas e fariseus assumiam atitudes na pauta da Lei Antiga. Olho por olho, dente por dente. Atacados, devolviam insulto. Perseguidos, revidavam, cruéis.

            Com Jesus, porém, a justiça fez-se a virtude de conferir a cada qual o que lhe compete, segundo a melhor consciência. Ele mesmo começou a aplicá-la a si próprio. Enredado nas trevas pela imprudência de Judas, não endossa condenação ou desforço. Abençoa-o e segue adiante, na certeza de que o amigo inconstante já carregava, consigo mesmo, infortúnio suficiente para chorar.

            Ainda assim, porque o Mestre nos haja ensinado o amor sem limites, isso não significa que os discípulos do Evangelho devam caminhar sem justiça, na esfera das próprias lutas.

            Apenas é forçoso considerar que, no padrão de Jesus, a justiça não agrava os problemas do devedor, reconhecendo-lhe, ao invés disso, as necessidades que o recomendam à compaixão, sem furtar-lhe as possibilidades de reajuste.

            Se ofensas, pois, caírem-te na alma, compadece-te do agressor e prossegue à frente, dando ao mundo e à vida o melhor que possas.

            Aos que tombam na estrada, basta o ferimento da queda; e aos que fazem o mal, chega o fogo do remorso a comburir-lhes o coração.”

            Para Mt (5,23-24), leiamos “O Evangelho...”, de Alan Kardec, em seu Cap. X:
           
            “...Quando Jesus disse: “Ide vos reconciliar com vosso irmão antes de apresentar vossa oferenda ao altar”, ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o do próprio ressentimento; que antes de se apresentar a Ele para ser perdoado, é preciso ter perdoado, e que, se cometeu injustiça contra um de seus irmãos, é preciso tê-la reparado; só então a oferenda será agradável, porque virá de um coração puro de todo mal pensamento.”

             Para  Mt (5,25) - Reconcilia-te com o teu adversário...- leiamos  “Palavras  de  Vida  Eterna”, de Emmanuel por Chico Xavier:

            Diante dos inimigos, perseveremos a própria serenidade.

            Reconciliar-se alguém com os adversários, nos preceitos do Cristo, é reconhecer-lhes, acima de tudo, o direito de opinião.

            Exigir a estima ou o entendimento dos outros e preocuparmo-nos em demasia com os apontamentos depreciativos que se façam em torno de nós, será perder tempo valioso, quando nos constitui sadio dever garantir a nós próprios tranquilidade de consciência.

            Harmonizar-nos com todos aqueles que nos perseguem ou caluniam será, pois, anotar-lhes as qualidades nobres e desejar sinceramente que triunfem nas tarefas em cuja execução nos reprovam, aprendendo a aproveitar-lhes as advertências e as críticas naquilo que mostrem de útil e construtivo, prosseguindo ativamente no caminho e no trabalho em que a vida nos situou.

            Renunciemos, assim, à presunção de viver sem adversários que, em verdade, funcionam sempre por fiscais e examinadores de nossos atos, mas saibamos continuar em serviço, aproveitando-lhes o concurso sob a paz em nós mesmos.

            Nem o próprio Cristo escapou de semelhantes percalços.

            Ninguém conseguiu furtar a paz do Mestre, em momento algum; entretanto, ele, que nos exortou a amar os inimigos, nasceu, cresceu, lutou, serviu e partiu da terra, com eles e junto deles.”

        Para Mt (5,25-26), reproduzimos trechos de “O Evangelho...”, de Alan Kardec, em seu Cap. X:
           
            “...Há, na prática do perdão e na prática do bem, em geral, mais que um efeito moral, há também um efeito material. Sabe-se que a morte não nos livra de nossos inimigos; os espíritos vingativos prosseguem, frequentemente, com seu ódio, além do túmulo, contra  àqueles aos quais conservaram rancor; por isso o provérbio diz: “Morto o animal, morto o veneno.”, é falso quando aplicado ao homem. O espírito mal espera que aquele a quem quer mal esteja preso ao corpo e menos livre, para o atormentar mais facilmente, atingi-lo em seus interesses ou em suas mais caras afeições.”

            “...Quando Jesus recomenda reconciliar-se o mais depressa com o adversário, não é somente com vistas a apaziguar as discórdias durante a existência atual, mas evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, disse Ele, enquanto não houverdes pago até o último centil, quer dizer, satisfeito completamente a justiça de Deus.”

A Nova Lei Comparada à Antiga

5,27 “Ouviste o que foi dito aos antigos: Não Cometerás adultério. 5,28 Eu, porém, vos digo:  Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração.
5,29 Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque é preferível a ti perder um só de seus membros a que o teu corpo todo seja lançado na geena
5,30 E, se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque é preferível perder-se um só dos seus membros  a que teu corpo inteiro seja lançado à geena.
5,31 Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
5,32 Eu, porém, vos digo: Todo aquele que rejeita sua mulher a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e, todo aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete adultério. 
5,33 Ouviste,ainda,o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. 
5,34 Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 
5,35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei; 
5,36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro. 5,37 Dizei somente: Sim, se é Sim. Não,se é Não. Tudo o que passa além disso, vem do maligno.”        

        Para  Mt  (5,37) - Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; Não, não... - leiamos  “Bênção de Paz” de Emmanuel por Chico Xavier:

            Todo frase, no mundo da alma, é semelhante a engenho de projeção suscitando imagens na câmara oculta do pensamento.

            Temos, assim, frases e frases: duras como aço; violentas como fogo; suaves como brisa; reconfortantes como sol; mordentes quais lâminas; providenciais como bálsamos.

            À vista disso, todos nós carregamos, no estoque verbalístico, palavras e palavras:

            palavras - bênçãos;  palavras - armadilhas; palavras - charcos; palavras - luzes; palavras - esperanças; palavras - alegrias; palavras - promessas; palavras - realizações; palavras - trevas; palavras - consolos; palavras - aflições; palavras - problemas.

            Sabendo nós que o Criador, ao criar a criatura, criou nessa mesma criatura o poder de criar, é forçoso reconhecer que toda frase cria imagens e toda imagem pode criar alguma coisa.

            Saibamos, assim, compor as nossas frases com as nossas melhores palavras, nascidas de nossos melhores sentimentos, porque toda peça verbal rende luz ou sombra, felicidade ou sofrimento, bem ou mal para aquele que lhe faz o lançamento na Criação.” 

            Ainda para  Mt (5,37) - Seja o vosso falar: Sim, sim;  Não , não  -  retornemos  ao
 “Livro de Esperança”, de Emmanuel:

            Falando, construímos.

            Não admitas em tua palavra o corrosivo da malícia ou ao azinhavre da queixa.

            Fala na bondade de Deus, na sabedoria do tempo, na beleza das estações, nas reminiscências alegres, nas induções ao reconforto. Nos lances difíceis, procura destacar os ângulos capazes de inspirar encorajamento e esperança.

             Não te refiras a sucessos calamitosos, senão quando estritamente necessário e ora em silêncio por todos aqueles que lhes sofreram o impacto doloroso. Tanta vez acompanhas com reverente apreço os que tombam em desastre na rua!... Homenageia igualmente com a tua compaixão respeitosa os que resvalam em queda moral, acordando em escabroso infortúnio do coração!...

            Se motivos surgem para admoestações, cumpre o dever que te assiste, mas lembra que o estopim é suscetível de ser apagado antes da explosão e reprime os ímpetos da fúria, antes que estourem na cólera. Em várias circunstâncias, a indignação justa é chamada à reposição do equilíbrio, mas deve ser dosada como o fogo, quando trazido ao refúgio doméstico para a execução da limpeza, sem que, por isso, tenhamos necessidade de consumir a casa em labaredas de incêndio.

            Larga à sombra de ontem os calhaus que te feriram... A noite já passou na estrada que percorreste e o sol do novo dia nos chama à incessante transformação.

            Conversa em trabalho renovador e louva a amizade santificante. Não te detenhas em demasia sobre mágoas, doenças, pesadelos, profecias temerárias e impressões infelizes; dá-lhes apenas breve espaço mental ou verbal, semelhante àquele de que nos utilizamos para afastar um espírito ou remover uma pedra.

            Não comentes o mal, senão para exaltar o bem, quando seja possível extrair essa ou aquela lição que ampare a quem lê ou a quem ouve, enobrecendo a vida.

            Junto do desespero, providencia o consolo, sem a pretensão de ensinar, e renteando com a penúria, menciona as riquezas que a Bondade Divina espalha a mancheias, em benefício de todas as criaturas, sem desconsiderar a dor dos que choram.

            Ilumina a palavra. Deixa que ela te mostre a compreensão e o amor onde passes, sem olvidar o esclarecimento e sem prejudicar a harmonia. O Cristo edificou o Evangelho, por luz inapagável, nas sombras do mundo, não somente agindo, mas conversando também.”
                   
A Nova Lei Comparada à Antiga

5,38 Tendes ouvido o que foi dito:Olho por olho, dente por dente. 5,39 Eu, porém, vos digo: Não resistais ao mal. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra;
5,40 Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa.
5,41 Se alguém obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. 5,42 Dá a quem pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado.
5,43 Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo.
5,44 Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem.
5,45 Deste modo sereis os filhos de vosso pai do céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons; e faz chover sobre os justos e também sobre os injustos.
5,46 Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
5,47 Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem isto também os pagãos? 5,48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.       

         No Cap. XII de  “O Evangelho...”, temos  as  explicações  para  Mt (5,38 - 42):
             
             “...os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar o ponto de honra, dão essa suscetibilidade sombria nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir injúria por injúria, insulto por insulto, o que parece a justiça para aquele cujo senso moral não se eleva acima das paixões terrestres; por isso, a lei mosaica dizia: olho por olho, dente por dente, lei em harmonia com o tempo em que vivia Moisés.

             Cristo veio e disse: Retribuí o mal com o bem. E disse mais, “Não resistais ao mal que se vos queiram fazer; se alguém vos bater sobre uma face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso, esta máxima parece uma covardia, porque não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que se vingar, e isso, sempre por essa causa que faz com que sua visão não se transporte além do presente.  Entretanto, é preciso tomar essa máxima ao pé da letra? Não mais que aquela que diz para arrancar o olho, se ele for motivo de escândalo; acentuada em todas as suas consequências; seria condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar o campo livre aos maus, lhes dissipando todo o medo; se não se opusesse um freio às suas agressões, logo todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei natural, diz que não é preciso estender benevolentemente o pescoço ao assassino. Por essas palavras, portanto, Jesus não interditou a defesa, mas condenou a vingança.”

            ... Dirigi vossos olhares para a frente; quanto mais vos eleveis pelo pensamento acima da vida material, menos sereis magoados pelas coisas da Terra.”

            Para Mt (5,38-42) - Abnegação, caridade moral e material - leiamos a  Sayão em “Elucidações Evangélicas”:

            “Claro se torna o sentido destas palavras de Jesus, desde que procuremos compreendê-las, como devem ser compreendidas, segundo o Espírito, que não segundo a letra. Considere-se igualmente o fim superior que tinha a sua missão, toda de abnegação, devotamento, caridade e amor, fim que era lançar, como lançou, pelos seus ensinos e exemplos, sementes de verdade, destinadas a germinar desde logo e a frutificar cada vez mais pelos séculos em fora.”
           
            No Cap. XVII de  “ O Evangelho...”, temos as explicações para Mt (5,44 - 48):
             
             “Uma vez que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”, tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de se atingir a perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela tornar-se-lhe-ia igual, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa nuança; ele se limitou a lhes apresentar um modelo e lhe disse para se esforçarem por alcançá-lo.

            É preciso, pois, entender, por essas palavras, a perfeição relativa, aquela da qual a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição?  Jesus o disse: “amar os inimigos, fazer o bem aqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem.”

            Ele mostra, assim, que a essência da perfeição é a caridade em sua mais larga acepção, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.

            Com efeito, observando-se os resultados de todos os vícios, e mesmo dos simples defeitos, se reconhecerá que não há nenhum que não altere, mais ou menos, o sentimento da caridade, pois todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que são sua negação; porque tudo o que superexcita o sentimento da personalidade, destrói, ou pelo menos enfraquece, os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento.

            O amor ao próximo, levado até ao amor dos inimigos, não podendo se aliar com nenhum defeito contrário à caridade é, por isso mesmo, sempre o indício de maior ou menor superioridade moral; de onde resulta que o grau de perfeição está na razão direta da extensão desse amor; por isso Jesus, depois de ter dado aos seus discípulos as regras da caridade naquilo que ela tem de mais sublime, lhes disse: “Sede, pois, perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito.

            Para  Mt  (5,44)  - Amai os vossos inimigos - tomemos “Bênção de Paz” de Emmanuel por Chico Xavier:

            Os inimigos, queiramos ou não, são filhos de Deus com nós e, consequentemente, nossos irmãos, para quem Deus providenciará recursos e caminhos dentro da mesma bondade com que age em nosso favor.

            Temos muito a dever aos amigos pelos estímulos com que nos asseguram êxito na vida, mas não podemos esquecer que devemos bastante aos nossos inimigos pelas oportunidades que nos proporcionam no sentido de retificarmos os próprios erros.

            O adversário é mais propriamente aquele que sulca a nossa alma, à feição do lavrador que cava na terra, a fim de que produzamos na seara do bem.

            O amor pelos inimigos dar-nos-á excelentes recursos contra o desajuste circulatório, a neurose, a loucura ou a úlcera gástrica, sempre que estejamos em tarefa no corpo físico.

            Orando em benefício dos que nos ferem evitamos maiores perturbações em torno de nós mesmos.

            Uma atitude respeitosa para com os adversários nunca nos rouba tempo ao serviço.

            Amando os inimigos e entregando-nos sinceramente ao juízo de Deus, eliminamos noventa por cento dos motivos de aflição e aborrecimento.

            Abençoando em silêncio os que nos criticam ou golpeiam, protegemos com mais segurança os interesses do trabalho que a Providência Divina nos concedeu.

            A serenidade e o apreço para com os inimigos são os melhores antídotos para que as preocupações com eles não nos destruam.

            O amor pelos inimigos não nos rouba a paz da consciência, na hipótese de serem malfeitores confessos, porque, quando Jesus nos diz ide e reconciliai-vos com o adversário, nos ensina a fazer paz em nossas relações, como não é justo privar de tranquilidade uma criança ou um doente. Mas em trecho algum do Evangelho, Jesus nos recomenda cooperar com eles.”

            Para  Mt  (5,46), -Não fazem os publicanos  também o mesmo? - tomemos “Fonte Viva” de Emmanuel por Chico Xavier:

            Trabalhar no horário comum irrepreensivelmente, cuidar dos deveres domésticos, satisfazer exigências legais e exercitar a correção de proceder, fazendo o bastante na esfera das obrigações inadiáveis, são tarefas peculiares a crentes e descrentes na senda diária.  Jesus, contudo, espera algo mais do discípulo.

            Correspondes aos impositivos do trabalho diurno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti? Sabes improvisar o bem, onde outras pessoas se mostraram infrutíferas? Aproveitas, com êxito, o material que outrem desprezou por imprestável? Aguardas, com paciência, onde outros desesperaram? Na posição de crente, conservas o espírito de serviço, onde o descrente congelou o espírito de ação? Partilhas a alegria de teus amigos, sem inveja e sem ciúme, e participas do sofrimento de teus adversários, sem falsa superioridade e sem alarde?  Que  dás  de  ti  mesmo  no  ministério da caridade?

            Garantir o continuismo da espécie, revelar utilidade geral e adaptar-se aos movimentos da vida são característicos dos próprios irracionais.

            O homem vulgar, de muitos milênios para cá, vem comendo e bebendo, dormindo e agindo sem diferenças fundamentais, na ordem coletiva. De vinte séculos a esta parte, todavia, abençoada luz resplandece na Terra com os ensinamentos do Cristo, convidando-nos a escalar os cimos da espiritualidade superior. Nem todos a percebem, ainda, não obstante envolver a todos. Mas, para quantos se felicitam em suas bênçãos extraordinárias, surge o desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo.”

             Para Mt (5,47),- Que fazeis de especial? - busquemos André Luiz em  “Conduta Espírita”:

Conduta Espírita perante a própria doutrina...

            - Apagar discussões diárias estéreis, esquivando-se à criação de embaraços que prejudiquem o desenvolvimento sadio da obra doutrinária. O espírito da verdadeira fraternidade funde todas as divergências.

            - Não restringir a prática doutrinária exclusivamente ao lar, buscando contribuir, de igual modo, na seara espírita de expressão social, auxiliando ainda a criação e a manutenção de núcleos doutrinários no ambiente rural. Todos estamos juntos nos débitos coletivos.

            - Orar por aqueles que não souberem ou não puderem respeitar a santidade dos postulados espíritas, furtando-se de apreciar-lhes a conduta menos feliz, para não favorecer a incursão da sombra. O comentário em torno do mal, ainda e sempre, é o mal a multiplicar-se.
            - Desapegar-se da crença cega, exercitando o raciocínio nos princípios doutrinários, para não estagnar-se nas trevas do fanatismo. Discernimento não é simples adorno.

            - Antes de criticar as instituições espíritas que julgue deficientes, contribuir, em pessoa, para que se ergam a nível mais elevado. Quem ajuda, aprecia com mais segurança.

            - Auxiliar as organizações espiritualistas ou as correntes filosóficas que ainda não recebem orientação genuinamente espírita, compreendendo, porém, que a sua tarefa pessoal já está definida nas edificações da Doutrina que abraça. O fruto não amadurece antes do tempo.  Recordar a realidade de que o Espiritismo não tem chefes humanos e de que nenhum dos seareiros do seu campo de multiformes atividades é imprescindível no cenário de suas realizações. Cristo, nosso Divino Orientador, não vive ausente.”                
                                                              
            No Cap. XII de  “O Evangelho...” temos os esclarecimentos sobre Mt (5,43-47):
           
            “Amar os inimigos é um absurdo para o incrédulo;  aquele para quem a vida presente é tudo, não vê no inimigo senão um ser nocivo perturbando sua tranqüilidade, e do qual crê que só a morte pode livrá-lo; daí o desejo de vingança; não tem nenhum interesse em perdoar se isso não é para satisfazer seu orgulho aos olhos do mundo; perdoar mesmo, em certos casos, lhe parece uma fraqueza indigna de si; se não se vinga, não lhe conserva menos rancor e um secreto desejo do mal.

            Para o crente, mas para o espírita sobretudo, a maneira de ver é diferente, porque ele considera o passado e o futuro, entre os quais a vida presente não é senão um ponto; sabe que, pela sua própria destinação na Terra, deve prever encontrar nela homens maus e perversos; que as maldades das quais é alvo fazem parte das provas que deve suportar; e o ponto de vista elevado em que se coloca, lhe torna as vicissitudes menos amargas, venham elas dos homens ou das coisas; se ele não se queixa das provas, não deve murmurar contra aqueles que delas são os instrumentos; se, em lugar de se lamentar, agradece a Deus por experimentá-lo deve agradecer a mão que lhe fornece a ocasião de provar sua paciência e sua resignação.” 




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