sábado, 2 de julho de 2011

Os espíritas serão conhecidos por muito se amarem!


Espíritos Anônimos

atualização de um  original de  Antônio Túlio
Reformador (FEB)  Agosto  1941
           
            Quando um escritor bem conhecido, como Humberto de Campos, Guerra Junqueiro ou Castro Alves, volta a esse mundo e escreve pela mão de um médium, identificando-se pelas suas idéias e pelo estilo, não faltam literatos que clamem: é um pastiche, imitação! Até quando o mesmo médium recebe obras literárias em prosa e verso de cinqüenta autores diferentes, escritos sempre com rapidez vertiginosa, lá vem ridiculamente a ingênua acusação de pastiche.

            A resposta prévia a essa classe de negadores, porém, já foi dada pelos grandes espíritos que previram, com muita antecedência, a pobre objeção. Os maiores monumentos da literatura mediúnica foram e são escritos por Espíritos anônimos, sem estilo algum a servir de modelo, nem sombra de nome algum de literato a recomendá-los. Quem é o autor de A grande Síntese? De dois mil anos, Cinqüenta anos depois? Paulo e Estevão?, Renúncia? Apenas um pseudônimo lá aparece tornando-se glorioso - Emmanuel. Quem foi Emmanuel como escritor? Ninguém sabe; é absolutamente anônima a sua majestosa obra.          

            O Nosso Lar. Quem é o autor? Anos antes, também era assim. Quem escreveu o discutidíssimo livro em quatro volumes 'Os Quatro Evangelhos'? Nenhum literato lá aparece para lhe identificar o estilo.

            Há dois mil anos, também, já era assim: quem ditou o 'Apocalipse', a João, na Ilha de Patmos?

            Há três mil anos, também, já era assim. Quem ditou os livros a Moisés? Quem ditou os livros dos profetas? Nenhum nome literário; sempre espíritos anônimos.

            Toda a literatura sagrada é baseada em comunicações de seres invisíveis, é o que modernamente chamamos literatura mediúnica. Portanto, tudo que a Humanidade possui de mais sublime em pensamentos e sentimentos, vem da literatura mediúnica. Toda a nossa civilização, no Oriente como no Ocidente, tem suas raízes em livros sagrados recebidos mediunicamente.

            Como os antigos profetas excediam de muito o nível moral e intelectual de seus contemporâneos, eram perseguidos, apedrejados, crucificados e só muito mais tarde compreendidos, venerados, adorados.

            Os grandes médiuns, em nossos dias, igualmente, excedem de muito em espiritualidade o geral dos homens; são incompreendidos pelos nossos contemporâneos e acusados de fraude, pastiche, mistificação, etc. Só o futuro lhes fará justiça à memória, porque só o futuro os compreenderá.

            Não há pois, até agora, senão uma Escola única de Espiritismo, que é a de Kardec. A multiplicidade infinita de fenômenos estudados pelos ingleses e americanos, pelos Bozzano, Geley, Osty, Richet, etc.., incorpora-se automaticamente à parte científica do Espiritismo de Kardec, quer queiram, ou não os seus autores. As grandes e avançadíssimas obras de religião, como a ‘Revelação da Revelação’, de Roustaing; os livros de Emmanuel e tantos outros, ampliam, sem abalar, a parte religiosa do Espiritismo traçada pelo Mestre. Tudo o que os filósofos daquém e dalém túmulo tem escrito em todos esses anos, igualmente, pertence-nos pela herança de Kardec na parte filosófica ou geral do Espiritismo. As correntes africanas e indianas, de povos primitivos e analfabetos - ou, como se costuma dizer, o ‘Espiritismo de caboclos e africanos’, ainda não tem uma codificação escrita, por isso mesmo que seus mestres não conhecem a arte da escrita, mas toda a sua tendência é para aceitarem a doutrina de Kardec, como já aceitaram o nome criado por Kardec de ‘Espiritismo’. Muitos dos seus partidários, que sabem ler, estudam as obras de Kardec, de sorte que essas correntes, a pouco e pouco, se elevam para a codificação de Kardec.

            Conclusão: Não tem fundamento a campanha que os inimigos do Espiritismo fazem de que estamos divididos em seitas e nos enfraquecemos pelas divergências. Quer feita por ignorância e boa fé, quer de má fé e por ódio, tanto partindo de inimigos confessos e honestos do Espiritismo, quanto de hipócritas que se dizem amigos para combater de dentro a doutrina, essa campanha é falsa e sua falsidade fica demonstrada pela linguagem inatacável dos fatos.

            Nada pois, temos a temer dessa injuriosa campanha que tenta dividir a família espírita, entre adeptos de Kardec e anglo saxões, entre adeptos de Kardec e adeptos de Roustaing, porque só existe uma única escola que atrai a si todo o movimento. E essa escola única é dirigida pelos Espíritos superiores, que possuem a necessária visão para produzir a unidade nas aparentes diversidades humanas.

            A codificação de Kardec firma-se e confirma-se cada vez melhor, porque possui a sábia elasticidade para tudo incorporar a si numa evolução eterna.

            Trabalhemos, pois, serenamente, sem nos desviarmos do nosso caminho, pela grita dos que ficam à margem. A obra não é nossa, é dos nossos Maiores; e eles saberão guiar-nos sempre a bom termo, como o fizeram até agora.



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