domingo, 3 de julho de 2011

'Lágrimas, União e Caridade'



Lágrimas,
União e Caridade

Reformador (FEB) 1928

            Com o coração cheio de lágrimas, que muitas vezes não aparecem nos nossos olhos, caminhais pela estrada pedregosa da vida, cobrindo os pés de feridas e rasgando as vestes nas agrestias do trajeto. Felizes que sois, vós que chorais, porque essas lágrimas são vistas pelo Senhor, implorando a caridade e a misericórdia da Virgem.
            Quando todos os vossos irmãos da vida planetária desviassem de vós os olhos, com receio de se sentirem molestados pelas vossas penas e pelas vossas dores, Ela, a Mãe carinhosa, teria o seu regaço pronto a receber as vossas cabeças doloridas.
            Não vos importais, amigos e companheiros de tantas jornadas, com as dores e desilusões, dissabores e ingratidões que encontrais por esse mundo. Ele é uma das mais moradas da Casa de nosso Pai. Outros mundos, plenos de encantos e de amor, vos esperam, quando tiverdes pago as vossas dívidas e cumprido as vossas missões terrenas.
            Coração à larga e passo firme, quaisquer que sejam os obstáculos que topeis. Os vossos Guias e, especialmente, aquele que dirige os trabalhos da Assistência, o que mais exigem de vós é a união. Sem ela, não dareis conta do vosso recado. Procurai ser unidos, é o que se vos diz a cada instante. Vede bem que essa recomendação sempre repetida, guarda algo de misterioso, que ainda não podeis descobrir, e muito de verdadeiro, do que por certo não duvidareis.
            Outro ponto: praticai sempre a caridade do coração, do sentimento, que se traduz não só pelas boas ações mas, também, pelas boas palavras, pelos bons modos, pela delicadeza, pelos bons sentimentos...
            Quanto ao mais, podeis chorar. Chorai a vontade, que as vossas lágrimas sinceras, nascidas do arrependimento, mas sem revolta, caem aqui, no mundo que habitamos, como pérolas de beleza incomparável. Elas aqui ficam guardadas no escrínio do Pai e, quando para cá vierdes, lhes vereis o brilho e não vos arrependereis de as ter chorado.
            Eu ainda choro. Todos choram. Mas, enquanto há lágrimas de desespero, há outras de saudade, de tristeza, de afeto e até de amor. Há as lágrimas dos que choram com pena dos sofrimentos alheios. Estas são as de maior brilho. Eram as lágrimas de Maria, ao ver o filho na cruz; eram as lágrimas de Jesus, pelos erros da humanidade.
            Chorai, irmãos, e recebei em vossos corações as que ainda derramamos por todos vós, companheiros seculares, para os quais peço as bênçãos do Pai.
            O vosso amiguinho,                            Ornellas

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