domingo, 12 de junho de 2011

42 Trabalhos do Grupo Ismael



42


SESSÃO DE 20 DE MARÇO DE 1940


Manifestação sonambúlica


Médium: J. CELANI



             O Espirito, cujas palavras se vão ler,manifestara–se inesperadamente, uns dois meses antes, por incorporação no médium Francisco Cândido Xavier que, estando por essa ocasião no Rio, assista, aquela noite, à sessão do Grupo. Foi longa essa manifestação e durante ela teve o comunicante ensejo não só de dizer como, quando encarnado, procurara, justamente com outros dignitários da sua igreja, meios de conseguir que cessassem as atividades da Federação na propaganda do Espiritismo,  pelo considerar falsa e errônea essa doutrina e prejudicial ao catolicismo, mas também de provar a sua identidade.
            Terminou pondo de joelhos o médium, por ser esta a atitude em que ele, manifestante, costumava orar na Terra, e proferindo comovida prece de agradecimento a Deus e a Jesus Cristo, pela misericórdia que acabara de receber, a da iluminação de sua alma, para a compreensão do Evangelho em espírito e verdade.
            Nesta sua segunda manifestação, também sonambúlica, depois de falar da transformação que se operara em seu ser; de referir o que se lhe deparara no infinito após a sua primeira visita ao ‘’Ismael’’;
de incentivar os componentes deste a prosseguirem em obra a que se acham votados, pede-lhes que exprimam sua gratidão ao instrumento de que se utilizara da outra vez, dando assim nova prova de sua identidade. Eis como falou:

            Espírito. – É estupenda a metamorfose que se operou no meu Espirito, desde a visita que vos fiz. Extraordinário fenômeno, capaz de confundir a inteligência mais atilada e a criatura melhor provida de conhecimentos teológicos e profanos.
            Estupenda, grandiosa, diria mesmo fenomenal é a obra em que colaborais vós outros homens terrenos, malquistos pela sociedade perversa dos vossos dias.
            Medito e considero: eu, servidor da Igreja, elevado à mais alta dignidade eclesiástica na Terra de Santa Cruz, venho entre vós, criaturas simples, na maioria sem grande preparo intelectual, beber da água viva que o ensino da igreja romana nunca pode proporcionar ao meu espírito sedento.
            Quando daqui regressei, meus irmãos, o Infinito como se havia transmudado e novo cenário se me deparou. A coorte dos que me acompanhavam, cabisbaixa e encolhida num recanto, demonstrava a sua contrariedade pelos efeitos que a minha visita produzira em meu espírito.
            Noutro recanto, os levitas de alva túnica e fisionomias jubilosas, me abriam os braços, felizes pelos efeitos que aos outros contristavam.
            E tudo isso nada mais era do que obra do amor de N. S. Jesus Cristo para com aquele que, embora por errados caminhos, procurara servi-lo com sinceridade.
            Vim dizer-nos estas palavras como estímulo a prosseguirdes na vossa obra e quero as transmitais àquele obreiro humilde, de alma cândida, que me serviu de instrumento, quando da minha primeira visita.
            Dizei-lhe da minha gratidão, dos efeitos da sua caridade, efeitos cuja extensão sua alma boa e simples não pode alcançar.
            E a esse servidor do Evangelho, invisível para vós e incansável na sua tarefa, intermediário, no infinito, para que a minha vinda se realizasse, o meu abraço sincero de irmão seu em Jesus Cristo. Deus vos guarde, amigos e irmãos. – Joaquim.



Comunicação final,  sonambúlica


                Compreensão que o gênero humano  já devera ter do que foi a ‘’Paixão’’ do Cordeiro Imaculado. – O que, com essa ‘’Paixão’’, exemplificou o Cristo–Espirito. – Felicidade de que se sentia possuído o amigo e guia que se manifestava. - Razão de ser dessa felicidade. – O que representa para ele o Grupo ‘’Ismael’’. - Referência ao Espirito que acabara de manifestar–se e às condições em que se encontrava. – A obra do Grupo. – Necessidade da família espírita compreender  que a obra da humildade é mais produtiva, do que a que se realiza espalhafatosamente.  – O trabalho cristão tem que ser sereno e calmo. – Últimas palavras.  – Expressão de contentamento.


Médium:  J. CELENI


            Meus companheiros, paz em nome do Mestre e Senhor, Jesus Cristo.
            De trevas chamam os homens(1) à efeméride que comemoram no dia de hoje, porque seus olhos de carne não podem devassar o infinito, onde tudo é luminoso, cheio das claridades mais radiosas, pela grandiosidade do acontecimento.
            Ainda não foram suficientes os tempos decorridos, para que o gênero humano compreendesse que a paixão e a morte aparente do Cordeiro imaculado constituem simbolismos para efeitos terrenos nas humanidades,segundo o grau de evolução de cada Espirito.
            O Cristo Espirito, o Cristo imáculo exemplificou aos homens aquilo que eles teriam de sofrer, fazendo a jornada da expiação do passado tenebroso, e ensinou a maneira deles colherem frutos proveitosos desses sofrimentos.
            Vós outros, comensais do Evangelho, envelhecidos nestas sabatinas por misericórdia de Deus, já compreendeis o suficiente para sentirdes a verdadeira epopeia que a Terra comemora.

(1) Era uma quarta-feira 'de trevas', segundo a linguagem do catolicismo.

            Meus companheiros, como me sinto feliz entre vós, demonstrando de maneira mais ostensiva a minha presença, a minha assistência, o meu amor a este Grupo, porque foi aqui que o meu espírito se preparou, na carne, para a tarefa que hoje desempenha no infinito.
            Foi aqui que aprendi a distinguir o que é caridade e o que é filantropia. Foi aqui que aprendi com maior elevação a obra do Cristianismo do Cristo.
            Foi aqui, em contato com as misérias do corpo e do espírito, que aprendi que a caridade tanto está na côdea de pão, como na objurgatória.
            Foi aqui que o meu espirito aprendeu que o amor do Cristo jamais abandona os pequeninos que caminham confiantes no Pai amantíssimo.
            Este que aqui esteve é um triste, porque contempla o vazio da sua obra na Terra. Não foi um mau, nem um endurecido no erro. É um filho de Deus que quer progredir e que só precisava do banho que lhe foi dado pelos servos da seara de N. S. Jesus Cristo.
            Vedes, pois, que a nossa obra, que a vossa obra, como colaboradores de Ismael, se realiza nos dois planos: aí, pelos efeitos que aprendeis; no invisível, pelas manifestações que vos são dadas  e que se patenteiam, para vos edificar na compreensão de que ela é obra de sacrifício e de renúncia.
            Oxalá toda a família espirita, todos o que sabem controlar os seus impulsos humanos, compreendam que a obra da humildade é mais produtiva, porque penetra os corações, e possam renunciar ao espalhafato e mostrar que o trabalho cristão é sereno e calmo, como o foi na Palestina.
            Eis o que tenho para dizer-vos hoje, encerrando o vosso estudo. E digo-o com abundância da alma, com um contentamento extraordinário, por sentir que os vossos corações procuram irmanar-se em torno do Evangelho.
            Deus vos guarde. Que a Mãe das mães, essência da pureza, do alto da sua glória, lance sobre os pequeninos obreiros da Vinha Santa, o seu olhar e as suas bênçãos. Que estas se estendam aos vossos lares, aos vossos companheiros, aos que vos procuram para receber uma esmola de conforto e de paz nas horas de aflição.
            Que a Mãe das mães lhes toque os corações, para sentirem a grandeza da obra de seu Filho, nosso Pastor e Mestre.
            Deus vos abençoe, assim como ao Chico e ao Pedro, o meu Pedro.
            Não consistia a Virgem que a treva, explorando-lhe o orgulho, o leve a perder-se.
            Paz seja convosco. – Pedro Richard.






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