42
SESSÃO DE 20 DE MARÇO DE 1940
Manifestação sonambúlica
Médium: J. CELANI
Terminou pondo de joelhos o médium, por ser esta a atitude em que ele, manifestante, costumava orar na Terra, e proferindo comovida prece de agradecimento a Deus e a Jesus Cristo, pela misericórdia que acabara de receber, a da iluminação de sua alma, para a compreensão do Evangelho em espírito e verdade.
Nesta sua segunda manifestação, também sonambúlica, depois de falar da transformação que se operara em seu ser; de referir o que se lhe deparara no infinito após a sua primeira visita ao ‘’Ismael’’;
de incentivar os componentes deste a prosseguirem em obra a que se acham votados, pede-lhes que exprimam sua gratidão ao instrumento de que se utilizara da outra vez, dando assim nova prova de sua identidade. Eis como falou:
Espírito. – É estupenda a metamorfose que se operou no meu Espirito, desde a visita que vos fiz. Extraordinário fenômeno, capaz de confundir a inteligência mais atilada e a criatura melhor provida de conhecimentos teológicos e profanos.
Estupenda, grandiosa, diria mesmo fenomenal é a obra em que colaborais vós outros homens terrenos, malquistos pela sociedade perversa dos vossos dias.
Medito e considero: eu, servidor da Igreja, elevado à mais alta dignidade eclesiástica na Terra de Santa Cruz, venho entre vós, criaturas simples, na maioria sem grande preparo intelectual, beber da água viva que o ensino da igreja romana nunca pode proporcionar ao meu espírito sedento.
Quando daqui regressei, meus irmãos, o Infinito como se havia transmudado e novo cenário se me deparou. A coorte dos que me acompanhavam, cabisbaixa e encolhida num recanto, demonstrava a sua contrariedade pelos efeitos que a minha visita produzira em meu espírito.
Noutro recanto, os levitas de alva túnica e fisionomias jubilosas, me abriam os braços, felizes pelos efeitos que aos outros contristavam.
E tudo isso nada mais era do que obra do amor de N. S. Jesus Cristo para com aquele que, embora por errados caminhos, procurara servi-lo com sinceridade.
Vim dizer-nos estas palavras como estímulo a prosseguirdes na vossa obra e quero as transmitais àquele obreiro humilde, de alma cândida, que me serviu de instrumento, quando da minha primeira visita.
Dizei-lhe da minha gratidão, dos efeitos da sua caridade, efeitos cuja extensão sua alma boa e simples não pode alcançar.
E a esse servidor do Evangelho, invisível para vós e incansável na sua tarefa, intermediário, no infinito, para que a minha vinda se realizasse, o meu abraço sincero de irmão seu em Jesus Cristo. Deus vos guarde, amigos e irmãos. – Joaquim.
Comunicação final, sonambúlica
Compreensão que o gênero humano já devera ter do que foi a ‘’Paixão’’ do Cordeiro Imaculado. – O que, com essa ‘’Paixão’’, exemplificou o Cristo–Espirito. – Felicidade de que se sentia possuído o amigo e guia que se manifestava. - Razão de ser dessa felicidade. – O que representa para ele o Grupo ‘’Ismael’’. - Referência ao Espirito que acabara de manifestar–se e às condições em que se encontrava. – A obra do Grupo. – Necessidade da família espírita compreender que a obra da humildade é mais produtiva, do que a que se realiza espalhafatosamente. – O trabalho cristão tem que ser sereno e calmo. – Últimas palavras. – Expressão de contentamento.
Médium: J. CELENI
Meus companheiros, paz em nome do Mestre e Senhor, Jesus Cristo.
De trevas chamam os homens(1) à efeméride que comemoram no dia de hoje, porque seus olhos de carne não podem devassar o infinito, onde tudo é luminoso, cheio das claridades mais radiosas, pela grandiosidade do acontecimento.
Ainda não foram suficientes os tempos decorridos, para que o gênero humano compreendesse que a paixão e a morte aparente do Cordeiro imaculado constituem simbolismos para efeitos terrenos nas humanidades,segundo o grau de evolução de cada Espirito.
O Cristo Espirito, o Cristo imáculo exemplificou aos homens aquilo que eles teriam de sofrer, fazendo a jornada da expiação do passado tenebroso, e ensinou a maneira deles colherem frutos proveitosos desses sofrimentos.
Vós outros, comensais do Evangelho, envelhecidos nestas sabatinas por misericórdia de Deus, já compreendeis o suficiente para sentirdes a verdadeira epopeia que a Terra comemora.
(1) Era uma quarta-feira 'de trevas', segundo a linguagem do catolicismo.
Meus companheiros, como me sinto feliz entre vós, demonstrando de maneira mais ostensiva a minha presença, a minha assistência, o meu amor a este Grupo, porque foi aqui que o meu espírito se preparou, na carne, para a tarefa que hoje desempenha no infinito.
Foi aqui que aprendi a distinguir o que é caridade e o que é filantropia. Foi aqui que aprendi com maior elevação a obra do Cristianismo do Cristo.
Foi aqui, em contato com as misérias do corpo e do espírito, que aprendi que a caridade tanto está na côdea de pão, como na objurgatória.
Foi aqui que o meu espirito aprendeu que o amor do Cristo jamais abandona os pequeninos que caminham confiantes no Pai amantíssimo.
Este que aqui esteve é um triste, porque contempla o vazio da sua obra na Terra. Não foi um mau, nem um endurecido no erro. É um filho de Deus que quer progredir e que só precisava do banho que lhe foi dado pelos servos da seara de N. S. Jesus Cristo.
Vedes, pois, que a nossa obra, que a vossa obra, como colaboradores de Ismael, se realiza nos dois planos: aí, pelos efeitos que aprendeis; no invisível, pelas manifestações que vos são dadas e que se patenteiam, para vos edificar na compreensão de que ela é obra de sacrifício e de renúncia.
Oxalá toda a família espirita, todos o que sabem controlar os seus impulsos humanos, compreendam que a obra da humildade é mais produtiva, porque penetra os corações, e possam renunciar ao espalhafato e mostrar que o trabalho cristão é sereno e calmo, como o foi na Palestina.
Eis o que tenho para dizer-vos hoje, encerrando o vosso estudo. E digo-o com abundância da alma, com um contentamento extraordinário, por sentir que os vossos corações procuram irmanar-se em torno do Evangelho.
Deus vos guarde. Que a Mãe das mães, essência da pureza, do alto da sua glória, lance sobre os pequeninos obreiros da Vinha Santa, o seu olhar e as suas bênçãos. Que estas se estendam aos vossos lares, aos vossos companheiros, aos que vos procuram para receber uma esmola de conforto e de paz nas horas de aflição.
Que a Mãe das mães lhes toque os corações, para sentirem a grandeza da obra de seu Filho, nosso Pastor e Mestre.
Deus vos abençoe, assim como ao Chico e ao Pedro, o meu Pedro.
Não consistia a Virgem que a treva, explorando-lhe o orgulho, o leve a perder-se.
Paz seja convosco. – Pedro Richard.
Nenhum comentário:
Postar um comentário